sábado, 5 de julho de 2008

Jussara Silveira

Foto: Maria Sampaio (GRANDE!!!!)

Como eu não conseguiria escrever tão lindamente sobre meus sentimentos em relação a Jussara, transcrevo essa delicada e deliciosa homenagem. Raridade no jornalismo baiano.

"Alumbramento. Muitos já disseram que a beleza não pode ser traduzida por adjetivos, ela simplesmente é. No dia 09 de março de 2008, às 11 horas da manhã, na sala principal do nosso Teatro Castro Alves, lotada, com ingressos que custaram um real o valor da inteira, a platéia assistiu comovida a um show memorável da cantora brasileira Jussara Silveira, acompanhada do violão irretocável de Luiz Brasil, num casamento musical que naquele dia beirou a perfeição.

O show “Gangorra de Dois” registrou a força que o talento possui, prescindindo de máscaras, floreios, ajustes, efeitos especiais, orquestrações. A voz e o violão em sintonia absoluta. O canto afinadíssimo da mulher leve como água, milimétrica, tranqüila, altiva, linda em todos os possíveis adjetivos que negam a assertiva acima, que para a beleza estes não existem. Jussara foi e é pura transgressão. Intensa intérprete do cancioneiro não só brasileiro, ela já cantou canções italianas, espanholas, portuguesas, angolanas, dentro de um repertório que a entrona como uma das mais cuidadosas artistas do canto feminino no nosso País.

O Teatro Castro Alves naquele domingo se iluminou da mágica que a música popular brasileira produz, tendo dois altíssimos representantes, desfiando pérolas de um canto e de sonoridades extraídas de um violão. Aliás, um violão humanizado pela sensível maestria de Luiz que sabe como ninguém emoldurar as preciosas voz e presença de Jussara no palco. Uma manhã inesquecível, radiante pela possibilidade de nós baianos prestigiarmos esta dupla artística, a preço popularíssimo, quase de graça, e recebermos o contentamento que a arte nos oferece da maneira mais intensa, mais correta, mais tocante.

Jussara está entre as dez maiores cantoras brasileiras da atualidade. Possui uma afinação que lembra a diva Gal Costa em seus tempos áureos, a sua cenologia diagnosticada por muitos como monótona, acompanha a tônica da sua personalidade serena, segura, intimista como um João Gilberto, partindo para um canto inspirado nas águas do oceano da Bahia. Uma marca artística construída por dedicação e experiência, que ao longo de mais de quinze anos de carreira, a fez gravar tão somente cinco CD”s.

Uma artesã do seu próprio canto. Proprietária inconteste de canções como “Dama do Cassino”, “Ludo Real”, “Argila”, “Juliana”, “Braço de Mar”, “Só Vou Gostar de Quem Gosta de mim”, entre muitas outras. O seu último CD “Entre o amor e o mar” intensifica o lado cool da cantora e nos transporta para sensações vividas por nós com referências aos nossos sentimentos amorosos e a nossa experiência com este ente chamado: mar.

Como me diz o seu canto: “Meu coração não quer saber o que sabe/ Meu coração da escuridão/ Quer milagres”. Milagre já é você, Jussara Silveira. Alumbramento."

Marlon Marcos é jornalista (DRT-BA 2235) e mestre em Estudos Étnicos e Africanos pelo Ceao/Ufba.

[Crônica publicada no Jornal A TARDE em 16 de março de 2008]

2 comentários:

Anônimo disse...

Ê Edu... agora pode botar o credito da foto... autoria desta amiga que vos fala! Sua tia, menino! Maria

miro paternostro disse...

irei assistir Jussara e Zé Miguel Wisnik dia 17 na Polônia. excitadíssimo já. quanto a Berlin, como sempre você sabe que a casa a é sua e você manda.
beijos
m