Lembro que tudo começou para 30
pessoas, em comemoração aos meus 30 anos. Passaram-se 7 anos desde então e a
força que a lagarta Judite tomou me surpreende. Sempre falei dos temas difíceis
e sofridos da vida dessa lagartinha, mas ontem numa entrevista me dei conta de
que o mais importante nessa história é o SONHO.
Bem lá no início que desembocou em
tudo isso, está o sonho de partir, enfrentar (assim como Dom Quixote) outros
moinhos de vento e o medo travou as asas e daí nasceu Judite. Bem verdade que
ali estava se construindo o casulo para que eu pudesse voar mais alto do que
havia imaginado e graças a ela (que é feita de todas as experiências que eu
vivi e vivo) cheguei a lugares inimagináveis, tanto geograficamente quanto
dentro de mim.
foto de Nei Lima, Edu autografando os livros
Judite toma força e me empurra e me
joga longe com seus vôos... eu sempre penso nela lagarta, mas todos nós sabemos
que já se transformou em borboleta há muito tempo. É borboleta quando recebo as
palavras e os abraços de cumplicidade de quem a compreende e a tem dentro de si.
É borboleta quando nos faz conhecer os meninos do IBCM onde iniciamos o projeto
Despertando Judites (curso de Dança Contemporânea para crianças) que foi uma
das experiências mais transformadoras que já vivi. É borboleta quando Gilles
Pastor a assiste e a partir disso cria um projeto para trabalhar comigo e daí
tive minha primeira experiência em teatro profissional e de cara já fui logo
fazendo um Shakespeare e essa experiência se reverbera agora em São Cosme e
Damião, trabalho que estrearemos dia 27/10. É borboleta no livro que produzimos
em 2010 com ilustrações de amigos que assistiram ao espetáculo e nos
presentearam com seus desenhos, massinhas, fotografias, arte digital, botões...
E a borboletagem toda quando viaja pelo mundo, pelo interior, por outros estados?
E alcança espaços infinitos quando inspira a poesia, a música, a dança, a
contação de história de Ana Luiza, os desenhos, os olhares que recebemos de
presente em todos os lugares que chegamos.
Voa mais alto em mim quando
conseguimos realizar esse audiolivro que se transformou também em livro falado
que é um projeto específico para cegos e será lançado brevemente. E pelo mais
novo sonho que estamos construindo com cuidado e bem devagar para que seja
duradouro e dê mais frutos que é o Casulo Juditi, uma ONG que estamos em fase
de organização onde queremos que seja um espaço de arte, de troca, de criação e
acessibilidade.
Judite é crisálida de asas grandes
que acolhe e suporta carregar um mundaréu (amo essa palavra)... um mundaréu de
amigos que vão se chegando e ficando. Que nos acompanham desde o seu nascimento
até agora. De uma equipe que só agrega pessoas apaixonadas por ela, desde
crianças até adultos.
foto de Nei Lima do audiotório do Museu lotado
Eu gostaria de agradecer a todas
essas pessoas que são pipas acompanhando e fazendo Judite voar, mas como
poderia sofrer com o esquecimento do nome de alguém, hoje, farei um
agradecimento especial apenas a quem colocou o audiolivro nas nuvens e está
contribuindo com este lançamento: Clarice Cajueiro, Cassio Nobre,
Samuel de Assis, Malu Mader, André Mantelli, Joana Reseck, tia Mabel, Cintia
Santos, Alê Nohvais, Ana Clara Oliveira, Nucleo Vagapara, Sergio Rivero,
Fernanda Pinheiro, Paulo Lins, Alfa Bottons, Taty Haynne, Nyala Cardoso, aos apoiadores do Catarse porque sem
esses 129 amigos não seria mesmo possível, apesar do Prêmio Arte e Inclusão que
recebemos em 2011 pelo MINC, Flavia Motta, Valter Ornellas, Paloma Giolli
Fafá Daltro, Clea Maria, Aída e Catarina Gramacho (Ampla
Produções e evento), a Bárbara (Diretora do Museu Carlos Costa Pinto) e toda sua equipe, em especial a Nairzinha que nos presenteou com seu projeto Cirandando Brasil.
E porque sem eles, nada faria sentido, agradecer eternamente a minha mãe Dinorah, minha irmã Paloma,
meu amor Nei, Junior e ao meu pequeno-grande Rudá.
foto de Nei Lima, com Edu, Nairzinha e Cintia Santos
fazendo tradução em LIBRAS das palestras.
Lembrando que os livros, em Salvador, ficarão à
venda na loja do Museu Carlos Costa Pinto (Corredor da Vitória) e também no Sebo Porto dos Livros (Porto da Barra).