quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Gestão e Produção Cultural na Bahia - Edu O.



O projeto "Gestão e Produção Cultural na Bahia", desenvolvido por alunos do Curso de Produção Cultural da UFBA sob orientação da professora Gisele Nussbaumer, prevê a realização de entrevistas e a gravação de depoimentos em vídeo com artistas, gestores, produtores e pesquisadores baianos. A proposta é inspirada no projeto "Produção Cultural no Brasil" (http://www.producaocultural.org.br/), da Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura/MinC.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O brilho das estrelas

Vejo beleza na decadência. Acabo de ver a imagem de um prédio velho em São Paulo e me remeto a tantas coisas, tanta vida, tantas histórias minhas embora o que vejo não seja eu e é. Escrever cartas virou obsoleto e  me veio um desejo enorme de escrevê-las. É decadente um papel amassado na gaveta com palavras velhas e sentimentos sem renovação? Caneta borrada, partes rasuradas, envelope perdido e a falta de assinatura. É decadente também os corpos, os dentes, os ossos? O céu não. Não sei porque mas não vejo isso no céu. Talvez seja a luz forte do sol e a lua se renovando a cada ciclo, mesmo que minguante. Nós não somos luas, muito menos sóis. O que vemos é a decadência das estrelas, não é?

A quem eu poderia endereçar caso este texto sem importância fosse uma carta? Passei pelo centro da cidade e gostei do que vi: as bocas banguelas, os muros pichados, as paredes descascadas do mosteiro. Adoro cores rotas.......

Minha barba amanhece mais branca a cada dia e me sinto mais belo.

Feliz Aniversário, Malu



Capacete de brigadeiro
Salto alto de Fafá
Gal cantando Baby
Arthur e seus elepês
Chocolate escorrendo na testa
Chão deslizando na dança
Gente saboreando delícias de Edilene
Uma carruagem transportando amor
Eu aqui ela lá
Arthur-Gal-Malu

O que uma coisa tem a ver............

Vejo aproximações, relações, afetos. Linhas que nos unem. Mesmo sentimento.

Feliz aniversário, Malu!!!! Todos os dias são teus.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

ACESSIBILIDADE NO TEATRO DO MOVIMENTO DA ESCOLA DE DANÇA /UFBA


No último dia 18 de fevereiro, no Teatro do Movimento - Escola de Dança/ Universidade Federal da Bahia, assistimos à dissertação da mestranda Ana Clara Oliveira, intitulada Por uma poética da audiodescrição de dança: uma proposta para a cena da obra Pequetitas Coisas Entre Nós Mesmos, sob orientação da Professora Doutora Fátima Daltro. Nesta ocasião foram inaugurados os equipamentos de tradução adquiridos a partir do subprojeto Audiodescrição para composição de infraestrutura multiusuária do programa de Pós-Graduação em Dançaa fim de possibilitar, através da audiodescrição de imagens, o acesso das pessoas com deficiência visual aos trabalhos artísticos apresentados neste teatro. Como salientaram as professoras Lúcia Matos e Lenira Rengel, aquele dia se tornava um marco para a Escola de Dança e para o Teatro do Movimento que, a partir desta data, é o único teatro de Salvador equipado para dar acesso das pessoas com deficiência visual. Ana Clara Oliveira recebeu o título de mestre em dança com aprovação das Professoras Doutoras Fátima Daltro, Lenira Rengel - Escola de Dança e Eliana Franco - Instituto de Letras da UFBA.
 
Vale considerar que os trabalhos junto ao Grupo de Pesquisa Poética da Diferença liderado pela professora Fátima Daltro, e vinculados à Escola de Dança tem franqueado discussões em torno das relações corpo, deficiência e a dança em suas múltiplas possibilidades de atuação. Além dos estudos de mestrado (2004), doutorado(2007) e pós-doutoramento(2011) da professora supracitada, em destaque o projeto pioneiro em audiodescriçao de imagens de dança do espetáculo  " Os Três Audíveis Ana, Judite e Priscila" para a pessoa com deficiência visual iniciada em 2008, com o Grupo X de Improvisação em Dança e o Grupo de Pesquisa TRAMADAN (que uniu a Escola de Letras e Escola de Dança  UFBA), hoje intensificado através da dissertação de Ana Clara Oliveira.  A atividade Curricular em Comunidade-ACCDANA59 - Acessibilidade em Trânsito Poético, vinculado á PROEXT/UFBA, com ações que buscam aproximar a pessoa com deficiência da dança, além de diminuir as distâncias vigentes tem ampliando progressivamente o acesso ao conhecimento. O impacto dessas ações se veem representadas quando se cria espaço de cidadania no lugar onde atua, desenvolvendo mecanismos e diálogos que possam mudar o tecido social, criando nesses setores geralmente invisíveis ou marginalizados, a oportunidade de resolver problemas do cotidiano.  Acreditamos que o acesso á informação ancorados em práxis educativas em dança apresentam situações que são fontes constantes de problematização, e nos levam a questionar certos comportamentos equivocados que circulam no mundo atual e que se mostram resistente em relação a esse grupo social.      

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A Fernanda

Fernanda Brandão você me salvou hoje! Muito obrigado. Por favor, me dê teu email para eu agradecer pela mensagem que me escreveu. O meu email é eduimpro@gmail.com

E não se preocupe, para mim qualquer reação, de qualquer plateia e não somente a dos teus colegas, é fonte de estímulo, me faz perceber que de alguma forma o espetáculo toca. Obrigado!!!!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Esse monstro

Há muito tempo tenho um monstro que vive comigo. O problema dele é quando saímos à rua, basta chegar na porta de casa para ele mostrar os dentes em postura de defesa. Ele comeu meu sorriso, minha alegria, minha paz, minha fome. Ele destruiu meu carnaval. Ele joga água nos meus olhos e não consigo conter o choro e perco o sono. Ele, agora, está bem no meio da minha caixa dos peitos, latejando, maltratando, amassando papel rascunho inútil. A primeira vez que eu tive contato com ele foi quando eu fazia terapia e um turbilhão de coisas me tiravam do sério. A terapeuta então me perguntou o que eu faria com aquilo e eu não soube responder. Saí do tratamento e até hoje não sei a resposta, mas percebo que ele tomou outra dimensão. Está mais raivoso, mais agressivo. Às vezes tenho ânsia de morte. Dias de fúria, sabe? E deve ser meu anjo que impede, mas meus dentes travam, minhas mãos se fecham e eu me agrido, me bato. Uma vez bati forte a cabeça contra a parede, contra o chão, contra o vaso sanitário. Eu estou tendo insônia, pesadelos e acordo me perguntando o que eu vou fazer com isso. Meu sobrinho me disse que é só atravessar a rua.... Penso que esta rua tem muitos quilômetros  de largura e é difícil atravessar, mas eu deveria fazer isso. Ter coragem para atravessar. Nenhum lugar é perfeito, eu sei. Meu monstro se acalma em outras pastagens. E se eu me largar no sofá como almofada? Como fazer com que as coisas não me afetem? O mundo me enche de perguntas e eu nunca sei responder.

Esta semana poderia ter acontecido uma tragédia. Talvez aí meu grito fosse ouvido.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Era só atravessar a rua

"Oh Dudu, por que você está brigando com tudo e com você? Era só atravessar a rua. A gente te ajudava"

O pequeno talvez não saiba, mas não é tão simples atravessar uma rua. Atravessar ruas é perigoso, encontramos todo tipo de gente, de monstros, principalmente os nossos próprios e gigantescos monstros. Nos deparamos com a violência que exala fortemente dos nossos poros, com a angústia que destroça nosso peito em mãos estendidas nas calçadas com pernas feridas e estômago vazio. E com as quedas em buracos-úlceras que azedam nossos dias. Ainda inalamos os maus cheiros de lixo e urina e não só, o mau cheiro da falta de educação, da falta de estrutura de uma cidade doente. Meu pequeno queria me proteger porque percebe que adoeço a cada saída, reclamando de tudo, reclamando de mim. Naquele momento eu entendi tanta coisa e ele tem apenas 4 anos. Ele entende mais do que eu.

Atravessar a rua, para ele, é simples. Quem sabe? É só pedir por favor e os carros param, respeitam o sinal, o pedestre, não há perigo de atropelamento, assalto, não há buracos. Atravessando a rua encontramos nossos pares gentis, cuidadosos, sorridentes com dentes na boca.

Agora, a minha boca amarga e minha garganta trava, como vejo travado na porta de casa o trânsito nessa véspera de carnaval, onde tentarei atravessar as ruas sem me lembrar de nada, onde tentarei esquecer, por instantes, de tanta coisa que me prende em casa.