domingo, 24 de fevereiro de 2013

O brilho das estrelas

Vejo beleza na decadência. Acabo de ver a imagem de um prédio velho em São Paulo e me remeto a tantas coisas, tanta vida, tantas histórias minhas embora o que vejo não seja eu e é. Escrever cartas virou obsoleto e  me veio um desejo enorme de escrevê-las. É decadente um papel amassado na gaveta com palavras velhas e sentimentos sem renovação? Caneta borrada, partes rasuradas, envelope perdido e a falta de assinatura. É decadente também os corpos, os dentes, os ossos? O céu não. Não sei porque mas não vejo isso no céu. Talvez seja a luz forte do sol e a lua se renovando a cada ciclo, mesmo que minguante. Nós não somos luas, muito menos sóis. O que vemos é a decadência das estrelas, não é?

A quem eu poderia endereçar caso este texto sem importância fosse uma carta? Passei pelo centro da cidade e gostei do que vi: as bocas banguelas, os muros pichados, as paredes descascadas do mosteiro. Adoro cores rotas.......

Minha barba amanhece mais branca a cada dia e me sinto mais belo.

Um comentário:

Scovino disse...

Sinto a mesma coisa, Edu, por essas coisas que são cheias de vida. As que são tão cheias que "decaem" revelando a beleza pelo avesso. Avesso não como o oposto de beleza, mas como aquela face da lua quando não é contemplada pelo sol. Suas palavras na madrugada me tocam assim. São intensas como o céu, mesmo em dias de lua minguante, e tão belas quanto as estrelas pesadas de tanta vida...