terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Um novo lindo hóspede

desenho que Iara fez para Judite
Este deve ser o último post de 2008. Que ano bom!!!!! Reli uma carta que escrevi para Judite, na despedida de 2007, dizendo que eu gostaria que o ano que chegava fosse, no mínimo, igual a ele, pois tinha sido um ano de muitas conquistas belas, de solidificação de uma trajetória que teimava em me criar dúvidas, de amores, amizades e muita coisa boa. Não é que 2008 superou?

No âmbito coletivo sei que tivemos problemas seríssimos e que a violência, mais do que antes, nos invadiu o sofá e nos congelou, tive perdas pessoais que me entristeceram muito e pequenos aborrecimentos cotidianos, mas no que diz respeito a vitórias e trabalho, no que diz respeito ao sorriso..... ahhhhhhhhhhhhhhhh muito obrigado 2008!!!!

Tenho encarado as mudanças no calendário como um jogo virtual (na verdade não deixa de ser, né?), é um artifício que usamos para renovar as esperanças, criar projetos novos, manter os que foram bem sucedidos, confraternizar com os queridos. Por isso, trato os anos como amigos.

2007 foi um companheirão mas, como em toda relação, uma hora precisamos nos despedir e manter as sensações desejando que o próximo amigo venha com esta energia tão boa. Chegou 2008 e não quis ficar por baixo. Agora tenho certeza que 2009 não ficará humilhado e vem de arrombar!!!!

Amanhã verei pela última vez um amigo-irmão. Espero que ele tenha uma boa lembrança de mim e que quando, nos álbuns de fotografia, nos olharmos, um sorriso brote da saudade e a certeza no coração de que ele passou um lindo bastão para o companheiro seguinte.

Venha com tudo de melhor que você tiver, 2009! Para mim e para os meus.
A casa, também, é sua!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Um quase Godot

Foto de Maíra Soares. Espetáculo Joy Lab Research do coreógrafo Alito Alessi (SP-2007).
Letícia Sekito, Edu O. e Estela Lapponi
A -Quem disse que não dá? É tudo difícil, eu sei, mas dá.
B -Sozinho, não dá. É mais fácil com alguém. E a fé?
C -Assim, não dá!
B - Mas é para onde? Segura na mão...
C - E vai!
A - Vai!
C - Não vai dar.
A - Como assim? Não vai dar?
B - Dá, tenho certeza que dá!
C - Dá uma canseira! Vamos parar. Vamos desistir.
A - Nunca. Desistir, não dá.
B - É... desistir, não. Nunca!
C - Então tá. Vamos.
A - Para onde?
B - Ficar juntos. Juntinho dá.
A - Ah, é mesmo! Eu tinha esquecido que assim dá.
C - Se vocês dizem, eu acredito.
B - Confiam?
A e C - Lógico!
Todos - Vamos logo!
A - Aproveita a onda!
C - A gente não vai se afogar?
B - E se a gente se separar?
C - Assim, não dá!
A - Jamais.
B - É, eu esqueci que não dá. Somos um, não é?
A - É.
C - Nunca duvide.
B - Já esqueci o que pensei. Agora vamos de verdade...
A - Segura firme.
C - Confia em mim.
B - Confia em nós!
A - Olha lá.
Todos - Agora dá.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Sorriso!!!

Foto no momento do nascimento da pessoa mais importante em minha vida feita por seu pai.

Sempre fui uma pessoa que viveu a brincadeira. Viver para mim é brincar, sem nenhum resquício de irresponsabilidade, como podem pensar os "grandes".

Imaginar situações fictícias, pessoas, lugares, amores, dramas...

O presente sempre esteve relacionado com as ilusões que criei e me tornei o que sou contrariando as ordens da normalidade, da razão.

Que presente desejo para mim? Estou precisando calças, casa própria, livros, cds... Ah sei lá, pensemos depois! Meu presente é meu sorriso no rosto e no meu passado também.

Sempre fui descarado. Por que sorrir? Por que viver assim? Para ter a alegria de ouvir palavras tão lindas como ontem, sobre uma responsabilidade que tenho sem saber, por reverberar uma vida que apenas se vive.

Feliz natal é piegas, mas para os amigos, amados, amores, o que desejar se não a felicidade? Embora forcem lágrimas, nosso sorriso é mais!

Feliz Natal!!! Nascimento de muita esperança e alegria.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Um impulso


Para lembrar que todo vôo precisa de impulso
*Não lembro o nome do(a) fotógrafo(a), mas é na França, no espetáculo "Euphorico - Poetic Inclusive Dance" do Grupo X com a Cia Artmacadam

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Noite BACAna

Hoje assisti, junto à minha mãe, ao show "Canto Geral - Um concerto para América Latina", promovido pelo Governo do Estado da Bahia/SECULT, no TCA. Um dos melhores shows que assisti nos últimos tempos aqui nesta terra de tanta gente boa e tão musical. Essa minha cidade d'Oxum, às vezes, me emociona, porque possibilita uma noite tão bela como esta.

No palco Mercedes Sosa, Cecília Todd, Susana Baca (LINDA!!!), Carlinhos Brown, Ramiro Mussoto e Orchestra Sudaka e a Orquestra Sinfônica Juvenil 2 de Julho, coordenada pelo maestro Ricardo Castro. Tivemos ainda a linda presença do ator Ângelo Flávio, e músicos como o maravilhoso Mario Ulloa, Juan Cotito, Sergio Bensa e Mikael Mutti.

Era lindo ver a atenção do público, sem aquela euforia desatada de fãs desesperados em show de ídolos, sem o desespero das câmeras digitais... Nada! A noite era da música e ela brilhou encantadoramente.

Mercedes (Argentina), eu já falei sobre a minha admiração aqui no blog, encantadora!!!
Susana (Peru), que simpatia, voz, energia, que alma transbordante! Fiquei com vergonha da minha ignorância com a arte latinoamericana. Eu não poderia não conhecer esta mulher.
Cecilia Todd (Venezuela), tocando seu "el cuatro" nos apresentou músicas lindas, com uma suavidade, delicadeza!
Brown arrasou! Adoro!
Ramiro Musotto e Orchestra Sudaka eu adoro desde quando conheci com amigos em comum. Faz composições incríveis com berimbau e é um argentino que veio beber dessa fonte e se transformou num grande manancial. Foi absorvido e é um dos nossos.
Orquestra Sinfônica Juvenil 2 de Julho, sob a batuta de Ricardo Castro, mostrando no presente a grandiosidade já existente de grandes músicos jovens que continuarão maiores ainda num futuro belo.

Enfim, para quem contaminou o sangue com o veneno da raiva e desgosto, hoje limpou a alma com os deuses da música entrando pelos ouvidos e fazendo acreditar que "todo cambia", como já havia me dito dona Mercedes, no outro show.

*clicando no título do post ouve-se Susana Baca cantando Samba Malató.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Todo encanto

"todo encanto se alimenta, precisa de teto, telefone, internet, colchão macio, saldo positivo no banco, remédio e respeito"
Vladimir
"mas é necessário saber fazer-se propôr-se sem estar a deitar com estas instituições. o dinheiro não é o deles, é o dos impostos, por conseguinte o nosso… mas vale melhor rir, guardar as lágrimas para as pessoas que merece-as, e não cólera mas reflexão"
W
"O protesto é excelente! É justo! Mas seja bem amoroso e gentil com vc mesmo, não deixem que firam tua criança sagrada, tá bom?!"
S
"Compartilho o sentimento, a revolta e a indignação. Infelizmente pra quem tem nome tudo é muito fácil, uma vez que o nome e o dinheiro sempre andam muito próximos, até deixar de cumprimr sérios compromissos"
L
"O que sei é que jamais farei algum trabalho que não seja digno dos anseios da minha alma. E aí, ganhar dinheiro fica em suspenso... suspenso...suspenso"
A
"Tomara que eles leiam esse e-mail de alguma forma, tomara que chegue aos ouvidos deles"
C
"temos que mudar isso desde nosso lugar, nois os artistas somos os encarregados de decir, de informar, de educar, de criticar, de fazer refletir a nosso publico!!! nossa obra tem que ser um espelho da realidade!!! Mas da realidade mesma, não a realidade disenhada pelos medios de comunicação!!!não nos conformemos com ser só um mero instrumento de divertimento (o sistema quer isso!!) lutemos com nossa arte, eduquemos, critiquemos, modifiquemos, que cada pessoa que nos assista sinta que é atravessada por nois!!!"
D
*Só coloquei o nome de Vlad porque ele me autorizou. Pensei em copiar trechos de alguns emails que recebi a respeito do post anterior que já deu "babado", como esses amigos escreveram por email e não aqui no blog, não achei educado expô-los aqui, já que não foi escolha deles e eu não pedi a autorização, na pressa de blogueiro querendo falar. Se algum me autorizar, venho e modifico.
Agradeço a todos que se manisfetaram e me incentivam a continuar trabalhando e brigando mesmo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Rir para não chorar

É engraçado como tem coisas absurdas nesse mundo de meu Deus!

Minha crise constante em ser artista, hoje percebo claramente que não é o SER. Adoro o que faço, não me iumagino outra coisa, nunca tive intimidade com a matemática, nunca fui amante de química, sempre me interessei pelas pessoas, pelo humano, mas SER artista é difícil. Esta dificuldade se dá por causa do olhar do outro em relação a você. Muitas vezes esse olhar te diminui e isso dói.

Escrevemos projetos, orçamos as despesas, trabalhamos duro para realizar o evento e chegam os gestores cortando verbas e no final, depois do trabalho concluído, não sabem dizer quando vão pagar, que a burocracia é grande e falta documentos, sendo que já foram assinados inúmeros documentos solicitados à prestação. Vamos supor que eu esteja falando da FUNCEB, vamos supor que eu estou falando mais precisamente da Diretoria de Teatro e vamos supor mais, que eu esteja falando também da PETROBRAS. Digamos que sejam exemplos fictícios, já que ninguém acreditaria em mim, nem eu, que instituições desse porte sejam capazes de coisas assim. Uma é a Fundação Cultural de um estado e a outra estatal com tantos serviços de bem estar e contribuição social. Muita consciência!!! Nem sei porque dei esses exemplos, foram os primeiros que me vieram em mente.

Não vejo ninguém não pagar consulta médica (esses podem envenenar) ou advogados (esses colocam na cadeia) ou dentistas (deixam banguelas), os engenheiros deixam a casa cair, mas ao artista só lhe resta chorar e se indignar, esperando as migalhas de um cachê mísero para empresas ou instituições tão ricas e grandes.

Costumo trabalhar de graça, mas para quem eu quero, para projetos e pessoas que eu sei que não poderiam me recompensar financeiramente, mas compensam de formas muito mais belas. Quando eu quero doar meu trabalho para alguma causa e acertamos desde o início as condições, eu faço sem problemas, mas quando o acerto é remuneração, acredito que é, no mínimo, digno se cumprir contratos, respeitar o trabalho do outro e se pagar sem fazer o outro de palhaço. Nenhum preconceito ou valor diminutivo, eu também sou palhaço, mas é que o artista de cara pintada recebe ainda menos respeito do que os de cara limpa e conta suas piadas sem um vintém no bolso.

Hoje eu queria fazer rir, para não chorar!

domingo, 14 de dezembro de 2008

Super Dina

Esta péssima montagem foi feita por mim mesmo,
com uma foto de minha mãe sobre desenho da Super Mãe de Ziraldo

Aos 13 anos eu realizava meu maior sonho de menino: conhecer o Rio de Janeiro. Eu era tão fascinado por este lugar que tinha agenda com inúmeras fotos e poesias e letras de músicas inspiradas na cidade maravilhosa. Assistia, emocionado, aos programas de televisão e me imaginava lá passeando por Copacabana, Ipanema, contemplando o mar no Arpoador, querendo ser um pouco Cazuza, talvez, ou então, artista de novela das oito.

Lembro que nesta viagem íamos conhecer inúmeros lugares: São Paulo, Curitiba, Foz do Iguaçu, Belo Horizonte, Porto Alegre... Tudo para mim seria passagem para chegar ao Rio.

Chegando lá vivi o que seria meu primeiro vôo. Minha mãe, comigo nos braços, subiu os 222 degraus do Cristo Redentor, realizando o grande sonho de seu menino. Eu não tinha ainda cadeira de rodas e andava carregado, de mão em mão, mas ali não. Havia homens no grupo da viagem, mas ela, a Super Dina, não permitiu que ninguém a ajudasse, como quem pagasse promessa subiu um por um suportando meu peso. Chorei, rezei, refleti...

No alto percebi que era aquilo o que mais queria, estar no alto o mais que pudesse. Precisei estar ali para entender que o grande sonho era o impossível: VOAR.

E eu voei nos braços de um super herói! A heroína foi recebida com palmas e prantos na volta demorada ao ônibus da excursão. Os outros viajantes esperaram, a descida, pacientemente como quem espera um milagre.

*Para muitos amigos minha mãe é a SUPER DINA ou simplemente SUPER.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O dia em que meu avô ganhou a Telesena

Estou descansando em Vitória da Conquista e este final de semana dei uma chegada para conhecer Brumado, cidade que me lembrou muito Santo Amaro, porém com muitas ladeiras.

Como não poderia deixar de ser, lembrei muito de meu avô Ismael e minha vó Zinha. Lembrei dos sabores da fritada, doce de banana raspando o fundo do prato, doce de leite, oração às 17h no corredor, janela, infância...

Irma, era o jeito que eu o chamava e temos estória ótimas de meu avô. Ele sempre comprava Telesena na esperança de ter seu dinheirinho e comprar os sonhos de final de vida. Num desses dias em que ele conferia o resultado do jogo chegamos do colégio, eu e minha irmã, e meu avô pediu que esta o ajudasse a verificar se tinha sido o grande premiado.

Irma anotava num papel todos os números de 1 a 100 e marcava os números sorteados sublinhando-os. Minha irmã ficou com o papel dos sorteados e meu avô com a cartela da Telesena que parece bingo. Ele, então, dizia os números da cartela e ela conferia se havia saído.

- Veja ai, Popa, número 15.
- Saiu, meu avô!

20 saiu, 33 saiu, 49 saiu..... Meu deus, faltava pouco para meu avô realizar seus sonhos! "Teu carro está garantido, minha filha." Dizia meu avô à minha mãe. Todos nervosos, contentes, fazendo planos. Faltando 3 números para ele completar a cartela inteira, batem na porta. Era o moço que fazia nosso transporte. "Não falem nada a este corno porque ele tem uma língua muito grande". Meu avô já com medo de sequestro. 54 saiu. Faltavam dois números. 71 saiu. Agora era a decisão. Paloma foi atender à porta e retardar a entrada do rapaz para que pudéssemos comemorar tranquilamente com meu avô que pegou o papel que estava com Paloma e foi verificar o derradeiro número.

"Não ganhei, minha filha! Por um número..." Ele foi conferir para ver se não estava errado e verificou os outros.

"Mas o 15 não saiu. o 20 não saiu. nem 49. 33 muito menos". A neta de posse de todos os números possíveis de sorteio não percebeu os sublinhados que eram poucos, e não dariam para o carro, para a vida, não dariam para os sonhos. Meu avô ficou tão decepcionado!

Hoje alimento as mesmas esperanças dele. Toda quarta e sábado me tranformo no mais novo milionário brasileiro na expectativa de ganhar a Megasena. Já tenho todo projeto escrito. Tem dias que jogo querendo ajudar o próximo, mas Deus não quer contribuição para creche, nem velhinhos em asilo, nem desabrigados de enchente, então penso egoísticamente e jogo só planejando meu consumo, mesmo assim Deus não disse para que veio.

Não entendo qual é o jogo de Deus. Estou aqui esperando minha irmã me confirmar se ganhei a mega acumulada de sábado, mas até agora nada dela me dizer.

Será que está esperando em voltar? será que está com medo de me decepcionar ou conferiu tudo errado como fez com meu avô?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Poeminha de nada

Um pezinho assim pequenininho
uma dorzona assim grandona
num mundinho tão pequeninho
que meus olhinhos nem alcançam

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A festa de Eros

Foto de Edu O.
para escultura de Eros (Louvre), infelizmente sem crédito do escultor
Há quase três anos fui atingido por Eros.

Eu pensava ter amado anteriormente, mas tudo era artimanha da paixão. Esta sempre maravilhosa, mas ele, o amor, me trouxe uma experiência inédita e igualmente maravilhosa.

Hoje meu amor comemora aniversário e eu agradeço à vida por este encontro que me trouxe calma, respeito, cumplicidade, alegria e o prazer de ser amado em igualdade. Amor é troca, não doença, não é posse, não é anulação. Quanto mais sou eu, mas é possível amar e ser amado, porque o outro não quer espelho, quer complemento.

Que esta festa seja sempre junto a você, meu amor!


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Mulher chora ao ver o Rio vermelho

Acrílica sobre tela

Porque preciso me lembrar que também sou artista plástico e não sei para que.
Esta pintura faz parte de uma série que gostei muito de ter feito quando estava na faculdade. Foi uma das minhas últimas telas, deve ser ano 2000. O melhor neste trabalho é ter feito um retrato de minha mãe sem saber que estava fazendo. Quem a conhece deve identificar algo. Não sei...