terça-feira, 30 de março de 2010

Maratona da Dança

Galera, este mês de Abril está uma loucura. Dançarei todos os finais de semana e estou inventando formas de ninguém perder nada e nem me deixar sozinho nessa. Vejam as datas e as promoções que criamos para todo mundo ficar de boa para conhecer Odete e matar saudade de Judite que voltará mais linda depois da temporada em Sampa:
Foto de Alessandra Nohvais

Odete, traga meus mortos09, 10, 11, 16, 17 e 18/04 (sextas 20h, sábados e domingos 18h), no Cabaré dos Novos do Teatro Vila Velha. Espetáculo vencedor do Prêmio Festival Vivadança 2010. Com Edu O. (eu) e Lucas Valentim (lindo!) R$ 10,00 (inteira).

Promoção: Campanha da caneca - leve uma caneca (velha, usada, com muita história) para tomar o chá de Odete e pague meia entrada. Pode levar ao Vila durante a semana para garantir os ingressos ou na hora entregar na bilheteria.

Foto de Gustavo Porto

Judite quer chorar, mas não consegue!23 e 24/04, Teatro SESC-Pelourinho, 20h. R$ 10,00 (inteira)

Promoção: Conheci Odete e vim te ver – levando o canhoto da apresentação de Odete, traga meus mortos, você paga meia entrada em Judite.


Foto de Alessandra Nohvais

Os 3 Audíveis... Ana, Judite e Priscila30/04, espetáculo do Grupo X de Improvisação em Dança – Teatro SESC-Pelourinho, 20h. R$ 10,00 (inteira).

Promoção - Judite me mandou aqui - levando o canhoto das apresentações de Judite quer chorar, mas não consegue! você paga meia entrada.

Estão vendo? assistem três espetáculos com o valor parecendo um.

Ahhh, me ajudem a divulgar por favor!!!

segunda-feira, 29 de março de 2010

É o fim - último capítulo de Marmotas da Paixão

Desculpem o atraso do último caítulo de Marmotas da Paixão, poderiam pensar que é apego de autor sem querer se despedir das personagens, da história, das pessoas, mas não foi isso. Todos sabem como Wilson apronta, é quase um saci essa menina, dessa vez resolveu apagar oarquivo onde estava escrito o final da novela, disse que se eu não desse um final feliz a ela era apagaria todas as vezes que eu escrevesse. Apagou três. Hoje estou escrevendo escondido dela e espero que dê tudo certo, se eu ainda lembrar do que aconteceu com minha gente das Marmotas nessas últimas semanas.

Começando o fim.

Depois do episódio do sequestro e da queda do tobogã, Luana reiniciou a fisioterapia e Gôga fazia o seu transporte. Na volta resolveram tomar café na padaria da esquina onde Wilson começou a trabalhar, garantindo mudanças comportamentais. Tudo perdoado e conversado, estavam as três amigas reunidas num inicio de noite calmo de quinta-feira, tomando uma média e comendo pão com ovo. Antes de se despedirem Gôga pediu a Wilson para ajudá-la a colocar Luana no táxi e guardar a cadeira.

- Wilson, depois apronta outra média para mim, porque hoje estou morta. Tive uma insônia esta noite e não vou conseguir dirigir durante a noite assim de cara.

A menina, achando que ajudaria a amiga, colocou vodka no café sem avisar a ninguém. Gôga bebeu tudo sem reclamar, embora tenha sentido um sabor diferente.

- Tchau, amadas!!! Obrigada por terem vindo. Amo vocês. Wilson se despediu fazendo um coração com as mãos e soltando beijo para as amigas.

Virando a esquina Gôga se deparou com uma blitz que a obrigou a parar o carro. Procurou os documentos, não encontrou, ligou para Wilson trazer, soprou o bafômetro e aguardou tranquila o resultado.

- O que foi que a senhora bebeu?

- Café, senhor!

- Não estou falando disso, senhora. Estou perguntando o que a senhora bebeu de alcoólico.

Wilson foi chegando nesse momento.

- Aiiii amada, eu coloquei vodka no café para você poder ficar mais animada e trabalhar direito.

Gôga que estava de costas para a menina, foi virando calmamente com a mão direita fechada e socou a cara de Wilson.

- Você é maluca ou o que? Como você coloca vodka para eu beber?

Wilson cuspindo dente não podia responder. O policial interferiu dando ordem de prisão a Gôga.

- Mas o senhor devia prender ela e não a mim que não bebi conscientemente.

- Senhora, se eu defendo os desconhecidos, imagina se não vou defender essa menina. A senhora está presa por agressão. Não posso admitir uma pessoa machucar um anjo de candura. A senhora não tem idéia de como essa menina mudou a minha vida. Todos os dias eu passo na padaria para ver o seu sorriso, para tocar de leve a sua mão quando ela me entrega o sanduba... Ai senhora, a senhora não é capaz de entender isso. Então me desculpe a senhora vai comigo.

- Isso é um absurdo!

Gôga destemperada chutou o carro e acabou atingindo o policial. Foi levada a delegacia por desacato a autoridade e Luana que assistia a tudo isso dentro do carro foi rebocada junto com o táxi.

No dia seguinte Wilson foi visitar Gôga para pedir-lhe desculpas.

- Gôga, eu fiz sem querer, achei que estava te ajudando. Me perdoa mais uma vez. Se você não me perdoar eu também entenderei, mas eu gostaria que você soubesse do meu amor por você e de como eu me espelho em você para tentar melhorar. Este teu jeito meu machinho de ser, etsa tua independência, esta pessoa brilhante que é você. Depois do que me aconteceu ontem, o seu "poliça" me fez ver que posso ser amada, que todo mundo tem uma chance na vida. Eu perdi a razão depois de tudo o que me aconteceu na Bahia, eu só queria ser percebida.

- Wilson todas as coisas que você fez foram muito graves: você destruiu a chance do ruivinho, quase mata Luana, acabou minhas chances com Frederick... Eu vejo sinceridade em teus olhos. Não dá para sermos amigas como antes, deixa o tempo se encarregar de abrandar minha tristeza. Tudo que eu consegui foi com muito trabalho, muito esforço e você poderia ter destruido tudo.
- Então me dá abraço e vem para a luz Caroline! Você está liberada.
.......
Gôga com o passar do tempo foi aumentando a frota de táxi e virou uma super empresária, criando o Gôgamaps para orientar os motoristas perdidos. Wilson foi trabalhar como "boy" dessa empresa depois de não conseguir gravar nenhum jingle para a tv e as vezes apronta das suas ainda. Um dia quebrou a primeira remessa de GPS que chegaram para a fase de teste do Gôgamaps, mas tudo foi sem querer e todos acreditaram nela. O ruivinho da esquina brilhou numa campanha publicitária de biquinis, passando a ser o garanhão da televisão brasileira. Frederick desfila no exterior. Luana entrou para um grupo de dança e começou uma bem sucedida carreira de dançarina. Doutora Geni nunca mais deu notícias, disseram que abriu várias clínicas alternativas disseminando a terapia do balde, recebendo visitas de todas as partes do mundo. Dona Deda continua passando pela vida sem muita novidade. No amor, mas no amor mesmo, apenas Dona Dêga se deu bem, engatou uma paquera de portão com o japonês da barraquinha de pastel ao lado da sua e anda a cantarolar pelos cantos. Gôga anda atraída por uma atendente de telemarketing de sua empresa que embora seja casada anda retribuindo os olhares da "chefona" e aceitou viajar ao Nordeste dizendo ao marido que iria para um congresso importante na sua área.
Hoje estou esperando a chegada de minha amiga Gôga e sua funcionária que vem para a estréia de meu espetáculo Odete, traga meus mortos. Reservei a principal suíte da casa para ver se essa marmota agora dá certo.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Odete, traga meus mortos

Num almoço em casa de uma família tradicional, na hora do café, depois de todo ritual da refeição francesa, a matriarca pede a empregada: “Odete, traga meus mortos!”. Incrédulo, com expressão assustada, fui informado que este pedido tornou-se habitual daquela senhora que lê diariamente o obituário do jornal enquanto toma seu cafezinho. Sua preocupação é saber se algum conhecido faleceu e observar a forma como foram escritas as informações sobre os óbitos, sempre discordando e dizendo que não quer o seu daquele jeito. Então, começa a descrever como gostaria que divulgassem sua morte, a foto que deve ser colocada, a roupa e como as pessoas devem agir no seu funeral.
Pensando sobre meus mortos.... associei a minhas perdas, a minhas experiências vividas, a coisas/pessoas/lugares que fazem parte do meu passado. A memória me traz meus mortos e estes não têm nada a ver com dita cuja, com a malvada, a dona que chega com a foice. Meus mortos estão relacionados a ausências que no fundo não são ausências, estão presentes em mim, no meu corpo, no meu jeito, nas minhas sensações e na forma de lidar com os sentimentos. Os encontros podem ser meus mortos, os desencontros também. As viagens, os amores, os desamores, os livros, as músicas.... Tudo reverberando e dando sentido a minha vida.

Um C.V. de mim

Artista Plástico - pela UFBA
Arteterapeuta - pela UCSAL
Dançarino - pela vida
Plégico - pela Pólio
Manco - pelo Ed
Compositor - pela cara de pau
Cantor - pelo banheiro
Editor - pela necessidade
Escritor - pela poesia que há na vida
Ator - pelo sonho de infância
Amor - pelo que recebi ao longo da jornada
Sorriso - pela necessidade de gritar
Grato - pelas vitórias alcançadas
Ausente - pelas obrigações diárias

quarta-feira, 24 de março de 2010

Gostinho de ganhar prêmio

Cliquem para ampliar a foto e saber mais detalhes




Convido a todos para conhecerem "Odete, traga meus mortos", meu novo trabalho junto ao dançarino Lucas Valentim, vencedor do Prêmio Festival Vivadança 2010 do Teatro Vila Velha. Apresentações 09, 10, 11, 16, 17 e 18 de Abril. Espero que curtam Odete assim como curtem Judite.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ainda por aqui

Foto de Cléa Ferreira


Para dizer que ainda estou aqui por Sampa e que hoje acabou a temporada de Judite na 3º Mostra Lugar Nômade da Cia Corpos Nômades. Sucesso absoluto, felicidade de deixar os dentes doendo de tanto sorriso. Volto para contar com mais calma.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Resumo da semana - nono e penúltimo capítulo de Marmotas da Paixão

Dona Dega não sabe mais o que fazer com a sobrinha/neta Wilson, desaparecida a dois dias, depois da briga com Gôga. Esta chega a casa da senhora para tentar compreender o que levou a menina a dar aquele beijo que acabou definitivamente com a chance de engatar um relacionamento com Frederick. Dona Dega então revela a taxista o que talvez justificasse tanta maldade e irresponsabilidade de Wilson. Sua família era muito pobre no interior da Bahia, pai caminhoneiro, amor em cada posto e uma mãe aguentando o sofrimento de carregar mais de oito filhos nas costas. Um dia a mãe de Wilson decidiu distribuir os filhos entre os parentes e seguir o marido pelas estradas, para sustentar o casamento que já não ia bem das pernas. Wilson foi a escolhida pelas tias Deda e Dega por ser a caçula (2 anos), a mais bonita e engraçada. Viveu sem o convívio dos pais.

A vida no interior não mudava e Dona Deda se apaixonou pelo palhaço do circo que chegava anualmente naquelas bandas. Resumo da ópera: juntou os trapos em uma trouxa e levou Dega e Wilson consigo para São Paulo, onde o palhaço tinha residência fixa.

Dona Dega, ainda virgem, sonhava em casar, mas nunca encontrou nenhum rapaz ou senhor que a convidasse para um sorvete ou passeio no parque. Por isso, passou a vida se ocupando de Wilson que agora não conseguia retribuir todo esforço da velha.

- Ela tem dois dias que não aparece em casa, Gôga.

- Dois dias? Mas é o mesmo tempo que Luana está desaparecida. Será que as duas foram sequestradas juntas?

No meio desse diálogo a tv apresenta um plantão espetacular com a notícia de uma menina que havia sequestrado uma paraplégica e estava no parque aquático ameaçando jogar a cadeirante do tobogã caso esta não assumisse seu amor por ela.

- Mas Wilson, eu não gosto dessas coisas. Eu não gosto de você.

- Ah, não gosta não é? Então vai tomar um banho gostoso e aprender a voar agora.

- Não foi isso que eu quis dize, Wilson. Eu quero dizer que eu não amo você para ter um relacionamento. Somos amigas. Por favor, Wilson, não me jogue porque eu não sei nadar. Você vai me matar!

Gôga desesperada vendo aquela cena, decide correr até o parque para tentar ajudar a menina. Chegando lá a situação ainda estava complicada. Wilsona cada vez mais descontrolada.

- Wilson, desça aqui, por favor! Traga Luana, a menina não pode passar por essas coisas, Wilson. tenha consciência. Vim aqui para tentar te ajudar.

- Não gôga, você disse que não é mais minha amiga, que não me perdoa. Eu quero o amor de Luana.

- Amor não se conquista assim, Wilson, na marra, na obrigação. Deixe de loucura. Venha cá para conversarmos. Eu te perdôo, Wilson.

A menina parou, escutou aquele perdão e não conteve as lágrimas. Pulando de alegria ali em cima daquela tobogã, se desequilibrou e caiu junto com Luana, escorregando, escorregando, escorregando........... A polícia chegou atirando.

Gôga se desesperou ao ver sangue na piscina. pulou d eroupa e tudo para salvar as amigas. Entrou primeiro Luana desacordada, mas sem ferimentos. Tirou a menina da piscina e voltou para salvar Wilson que devia estar muito ferida. Pegou-a pelo braço, esforçando-se para levá-la a borda. Wilson tossia demais e chorava. Gôga gritava para a polícia ajudá-la.

- Irresponsáveis, vocês atiraram na menina. Ela não pode morrer, ela não pode morrer!!!

- Do que a senhora está falando.

- Que tipo de políca são vocês que saem atirando nas pessoas, sem dar chance de se defender? Olha quanto sangue na piscina!

- Polícia? A senhora está louca? Nós somos uma equipe do campeonato de caça aos pássaros silvestres de plástico e viemos capturar nosso bicho. Isso da piscina não é sangue verdadeiro, é sangue artificial. Nós não matamos nem mosca, minha senhora. Ao invés de nos condenar, vá cuidar da menina que deve ter bebido muita água.

A tv noticiou toda a confusão. Dona Dega em casa passava mal, enquanto o ruivinho preparava água com açúcar. A família de Luana chegava ao paruqe para pegar sua menina e Wilson....

- Ah Wilson, você não tem jeito! Dizia Gôga chorando, olhando para a menina.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Entrevista sábado

Aos amigos que curtem meu trabalho e comemoram comigos as vitórias, sigo hoje para São Paulo para começar a produção das apresentações de Judite, na 3º Mostra Lugar Nômade Dança, que acontece semana que vem.

Já neste sábado (13 de Março), as 15h, serei entrevistado no Programa ESQUINA DA CULTURA, ao Vivo, pela Web TV - Just TV (http://www.justtv.com.br), com apresentação de Marta Corrêa.

Prestigiem e divulguem, por favor.

Beijos e obrigado a todos que sempre vibraram com os vôos de Judite.

sábado, 6 de março de 2010

O azul em mim

Performance do Grupo X de Improvisação em Dança em frente ao Iguatemi


Não sei definir o AZUL em mim. Sou de fases, ora amarelo, ora laranja, ora verde, mas sempre volto ao azul e em todos os momentos, mesmos que as outras cores estejam em moda comigo, o AZUL mantêm-se no seu canto, esperando a vez de voltar ao seu posto. Traiçoeiro espera uma brecha e invade novamente meu desejo. É uma cor que me faz bem, me tranqüiliza, me alegra.

Na verdade é complicada essa escolha. Como no paraíso escolher o melhor anjo? Como na diversidade musical escolher o melhor som? Tudo depende do momento, do estado em que nos encontramos. Selecionar uma cor como preferida, escolhê-la como representante é difícil, é injusto com o prazer que as outras também me proporcionam. Mas não sei porque o AZUL sempre é a primeira que me vem à cabeça quando sou perguntado qual a minha cor.

Pensando sobre minha relação com o AZUL, percebi que gosto do céu, adoro o mar, sou do elemento água, meu primeiro amor tem os olhos azuis. Será que encontrei alguma explicação para o AZUL ser meu porto, meu cais? Talvez.

O beija-flor, meu bicho preferido, tem asas azuis e voa. Esse encontro de azuis...

Deve haver um beija-flor batendo suas asas em mim.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Um bilhetinho azul - oitavo capítulo de Marmotas da Paixão

Gôga estava pensativa na varanda do ap, preocupada com o conteúdo que acabou de ler no bilhetinho azul deixado embaixo da porta: "Não quero nem saber, esteja linda hoje a noite, prepare a família porque estou levando o anel de compromisso. Quero casar com você". Dito assim no seco, quase brigando, nem parece uma delicada declaração de amor, um pedido de casamento. A taxista nunca tinha recebido um chiclete com frases amorosas e agora estava com aquela bomba nas mãos. A sorte é que a família viajou para o campo e ainda não retornou.

Enquanto isso, Dra. Geni estava nas nuvens em Pernambuco. O seu encontro com o amor havia sido cinematográfico. Em meio aos blocos de carnaval o seu olhar avistou um outro olhar fixo em sua direção. Passaram o Galo do meio-dia, o Homem da meia-noite, a fanfarra da esquina, o batuque do bloco de bêbado e os dois ali, atônitos, continuavam se olhando. Encostavam-se lentamente, sorvendo o tempo e aquietando o peito que gritava "Corre, minha gente!". Encostaram-se, beijaram-se e não se desgrudaram nunca mais. Era um reencontro esperado há anos. Ele também psicólogo havia desenvolvido junto a Geni, na época em que moravam juntos, uma técnica anti-estresse chamada de "BATER BALDE", que consiste numa técnica de relaxamento muito prazerosa, sempre executada pelo terapeuta e paciente.

- Desde que eu saí de casa, nunca mais bati balde. Estava num momento reflexivo, precisando me encontrar. Não mais cliniquei.
- Ah, meu filho, eu não poderia ficar sem bater um balde a espera de teu retorno. Bati muito balde nesse tempo em que você ficou afastado. Para encrementar a técnica, criei até uma música que foi utilizada numa matéria da televisão.
- Oh meu amor, você é muito generosa, divulgou nosso trabalho para o bem das pessoas!
- Você não quer ver como ficou?
Foram dali para a terapia de casal e pelo que parece vão demorar de sair.

.......

Wilson chegou a casa de Gôga feliz da vida com o contrato da trilha do comercial e nem falou sobre o que aprontou com o ruivinho da casa vizinha. Gôga estava apreensiva, se arrumando com bota de salto alto, chapéu, blusa de botão e calça jeans. No som a eterna Roberta Miranda a cantar:

Se parar, o tempo não perdoa
Se eu pensar, começo a chorar
Ao lembrar de tudo, me magoa
Me deito e sento e não existe um só lugar
*

- O que é isso, fia? Ta doidha? pergunta Wilson indiferente a agonia da amiga
- Deixa pra lá, Wilson! Me deixa.
- Ai amada, me fala o que está acontecendo, quem sabe posso te ajudar.

Gôga estendeu a mão com o bilhetinho azul e entregou a Wilson que leu incrédula a declaração, enquanto via da janela a moto estacionar no portão.

- O que eu faço?
- Ué, você já está pronta. Quer que eu diga o que? Eu vou abrir a porta porque o calor está muito grande.

A menina abriu a porta da casa de Gôga planejando coisa ruim.

- Mas você sabe que eu não estou pronta para casar. Eu nem sei direito o que sinto. E minha família?
- Ai amada, não fica assim, me dá um abraço.

Wilson segurou a cabeça de Gôga e tascou-lhe um beijo na boca exatamente no momento em que Frederick entrava com as rosas na mão.

* Música: Metade Coração, Metade Aço (Roberta Miranda)

terça-feira, 2 de março de 2010

Da série "Retomando o passado"

Resolvi colocar aqui coisas antigas que estão no blog, quando ele ainda era pequeneninho. Continua pequeno, mas um pouco maior do que antes, quando ainda não tinha tanta gente lendo, tanta gente vendo. Começarei a série com uma poesia que escrevi em 2005. Escrevê-la serviu para externar a raiva que sentia por uma traição de amigo e não criar uma úlcera aqui dentro. Eram dores de amores que se misturavam e me deixavam enlouquecido de ciúmes. Vai lá:

DESCONSIDERAÇÕES

E aquele te levou
Pra te guardar em sua casa
Tirou você de minha praça
Arrancou toda minha graça
E você acompanhou sem se preocupar
Foi e não voltou
Voltou e não me procurou
Me procurou e me beijou insosso
Sonso, o outro parecia não se preocupar
Cínico, sacana, escroto...
O amigo que esquecera o passado
Jogou nossa amizade no esgoto
Eu, como bêbado na sarjeta
Tomando pinga, conhaque, cerveja...
Tomando no cu
Por quem um dia aprendera a amar
E fiquei insone
Miúdo, pequeno
Fingindo alegria para não me humilhar
Chegou o outro e toda a confusão
Foi um festival de abraço, beijo,
Declaração
O ciúme de antes agora se repetia
Se tivesse sido com aquele,
Aquele de lá de longe?
Nem sei...
Acho que morreria
Morreria não
Eu mataria
Assim como matei agora o respeito, o carinho,
A consideração
Como matei a dívida, os empréstimos,
A gratidão
Não gosto do ódio, mas sei senti-lo
Também não gosto de amar e não sei
Em mim os sentimentos são doenças
São sem cura, crônicos
Ou oito ou oitenta
Fogo e fogo
Raiva
Eu amo com a intensidade da raiva
Da ira
Mentira
Me tira daqui