terça-feira, 30 de novembro de 2010

Alguns porques ou respostas a mim mesmo

Porque as vezes é bom acordar de manhã e não ter nada para fazer

Porque é uma delicia beijo na boca, Bis e cafezinho de mainha

Porque eu adoro encontrar os amigos e hoje será um dia de muitos encontros (Lançamento do livro de Judite)

Porque o que eu mais gosto de fazer é criar

Porque sem a arte eu não sei o que seria

Porque eu choro, estresso e piro sempre quando se aproxima estréias e talvez seja assim para sempre e seja esse o lance (O Corpo perturbador estréia semana que vem)

Porque vir aqui no Monólogos é como beber água quando se está morrendo de sede

Porque o melhor lugar do mundo é este meu cantinho bagunçado

Porque hoje eu estou mais feliz do que ontem

domingo, 28 de novembro de 2010

Porque a chave ficou aqui

Depois que ele deixou a chave naquela mesa e meu coração estralou, estraçalhou, morreu, nunca mais tive alegrias com antes. Aquela chave ficou grudada no vidro em meio a sala. O pó, a sujeira, as roupas na cama, os pratos na pia, as panelas no fogão, os cabelos crescidos na cara e as lágrimas não secavam na boca.

O silêncio de televisões ligadas, de campanhias e telefones e ninguém do outro lado e ninguém aqui dentro.

Aos poucos fui ouvindo passos no corredor, subindo escadas, embrulhos e barulhos de presente. Corri para arrumar a cara, colocar música no quarto, desenhar flores no lençol, guardar as lágrimas, limpar os pratos, as mãos, jogar a chave embaixo da porta e esperar no sofá sem pó.

Uma lágrima caía de alegria em câmera lenta e a chave rodando na maçaneta. Meu peito não sabia o que sentia e meus olhos não acreditavam que ele voltava cheio de alegria, novo corte, nova cara, bagagem cheia do amor desperdiçado e a chave na mão, como quem saiu para comprar cigarros e voltou.

Minha boca aberta esperando o beijo não dado, a língua destrancando meus medos.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Lançamento do livro de Judite em Salvador

Capa do livro feita por Flávia Motta

Judite quer chorar, mas não consegue! NA COMIDINHA DE PANELA

Lançamento do Livro infantil de Edu O. na “Comidinha de Panela” na Casa da Mãe, TERÇA, dia 30/11.

Judite é uma lagarta que amedrontada diante das transformações naturais da vida, hesita (e evita) em seguir o percurso da sua condição existencial e não quer se tornar uma borboleta.

Ilustração de Clênio Magalhães


A personagem Judite criada pelo coreógrafo/dançarino Edu O. para espetáculo de dança, já circulou por inúmeras cidades do Brasil e exterior; transformou-se em objeto de estudo de tese de dourado na PUC (São Paulo); foi tema de pesquisa apresentada no II Congresso Del MERCOSUR y I Latinoamericano de Arteterapia – Buenos Aires/Argentina; inspirou poemas, desenhos e músicas, finalmente transformou-se em livro infantil, lançado no início deste mês, em Santo Amaro, Lençóis e Itaberaba.

Agora será realizado o lançamento em Salvador, com Noite de Autógrafos, dia 30/11, às 20h, na Casa da Mãe, integrando o Projeto “Comidinha de Panela”, sendo o livro no valor de R$ 10,00. O evento tem Entrada Franca e Microfone Livre.

Ilustração de Nei Lima


O livro tem o texto de Edu O., ilustrações feitas pelo público do espetáculo que varia de criança a profissionais de diversas áreas, sendo a Capa de Flávia Motta, e na contracapa Mabel Velloso escreve um texto de boa sorte ao mais novo escritor baiano Edu, enriquecendo ainda mais este projeto que é sucesso por onde passa.

JUDITE É UMA LAGARTA, LOGO COME FOLHAS, NOSSO PRATO SERÁ INSPIRADO EM JUDITE. QUAL O PRATO DA “COMIDINHA DE PANELA” DESTA TERÇA?????

Ilustração de Zeza Barral


Pode ser algo com ESPINAFRE, assim ela fica bem forte como o POPEYE, para enfrentar os medos, ou ainda como uma Lagartinha bem baiana e cheia de axé, um EFÓ. Mas só o Santo Oráculo de Stella Maris, vai saber!!!

R. Guedes Cabral, 81. Rio Vermelho. Em frente à Colônia de Pescadores. Tel 3017 - 9041

Ilustração de Wilfrid Jaubert



terça-feira, 23 de novembro de 2010

Par de sapatilhas

de Bípede Falante

Tu ignoras os meus contornos e os meus movimentos e não me eleges tua primeira bailarina e, mesmo assim, me descortinas com esse teu sopro de palco e tu ignoras a razão do meu suor e o confunde com cansaço e me pensas exaurida porque tremo e porque tarda a hora e eu, tonta e descompassada, não termino a coreografia porque o que me prende e transpira não é a dança nem a água, e, sim, a tua presença sobre esse par de rodas que giras feito um planeta em direção a um outro par de sapatilhas.

Microconto escrito para O Corpo Perturbador

Amei este conto porque vi muito de mim ali. Bípede disse que pensou na minha dança. Pensou e fez lindamnete.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pedaços de outra pessoa


É estranha a calmaria do meu coração
Estou acostumado com bombas
E gritos e multidão na minha cama
Um travesseiro só não faz verão

Eu que sempre senti barroco
Tive lembranças expressionistas do teu rosto
Sentimentos deformam imagens!
O mar hoje, por exemplo, virou deserto,
E o aqui de junto, nunca mais ficou perto.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Viver não dói (para minha amiga/amada Cléa)

(Carlos Drummond de Andrade)

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos, por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante
e paga pouco, mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim
que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável
O sofrimento é opcional.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O esperado

Praparou a mesa como profissional gourmet. Escolheu o melhor vinho, talheres, pediu delivery no melhor restaurante e sentou no sofá com cigarro no bico, esperando o esperado.

A trilha sonora selecionada para combinar com a campanhia da porta, desentoou ao som do estridente celular.

- Irei me atrasar, a cidade está vazia, dormi mais do que planejei, mas estou indo logo mais. Te ligo quando estiver chegando.

Correu ao quarto para barrunfar mais um pouco do perfume francês, aquele de ocasiões especiais como esta.

Abriu o vinho e cochilou de esperar. O telefone não tocou, não recebeu mensagem, nenhuma satisfação.

Tirou do forno o jantar, sentou-se a mesa como um lord, arrumou o guardanapo para a visita ausente, serviu-lhe bebida e o alimento, começou a comer olhando para a cadeira vazia. De vez em quandopegava o celular esperando a tal ligação que não vinha. Resolveu mudar a tática pessoal, não se entristeceria com aquele bolo. Disparou inúmeras mensagens ao esperado.

"Por favor, não insista em ligar, estou num jantar importante, nos falamos amanhã"

Esperou alguma reação. Nada.

"Eu não já disse para você parar de me ligar? Está sendo inconveniente"

Nada

"Acho que precisarei ser grosseiro, não me perturbe mais, está incomodando com este barulho no celular tocando. Estou ocupado"

Nada Nada Nada

Bebeu, fumou mais ainda, comeu até passar mal, sorriu sozinho de sua desgraça, bateu uma punheta pensando naquele antebraço e mandou a última mensagem da noite

"Você assim quis, vou desligar o celular para não ser mais importunado"

Dormiu tranquilo com o celular ligado na cabeceira da cama, sabendo que no dia seguinte quando visse essas mensagens enviadas poderia ter a sensação de esnobar o esperado.

sábado, 13 de novembro de 2010

O Baêa sobe e daê?

Não sou estraga prazere nem torço contra. Por mim o Baêa sobe ou desce e dá no mesmo. Fico apenas pensando se os torcedores se mobilizassem assim por outras causas. Se houvesse gritaria a cada agressão contra uma mulher, contra uma criança. Se quebrassem (até) o chão a cada calçada sem rampa. Se houvesse buzinaço a cada serviço mal prestado na cidade.

O largo de Dinha do acarajé deve estar cheio de gente se acabando e nem percebendo como somos mal tratados ali. Como os bares nos tratam sem respeito nenhum, servindo produtos ruins e cobrando caro. Neste mesmo lugar deve ter gente por todo lado que nem percebe estas coisas e agem como se fosse normal pagar caro por nada.

O chão deve estar uma imundice. O barulho vai comer no centro daqui a pouco e nós teremos que ouvir o hino do time nas alturas até a madrugada nos cansar e cairmos no sono como se estivéssemos ali.

Vixe, vixe, vixe!!! Hoje o clima não está para feijoada mesmo. Queria ir para Pasárgada!

Eu não sou algo diferente

"Eu não sou algo diferente, nem desigual, não sou vítima, nem quero ser. Eu posso ser réu também"
Brunna Valin

Brunna é militante do movimento de travestis e transexuais na cidade de São José do Rio Preto e do estado de São Paulo, coordena o Forum Paulista de Travestis e Transexuais e representante da Associação Rio Pretense de Travestis e Transexuais (ARTTS).


Quando ela fala sobre o ser réu, lembro de uma mulher que me falou como se fosse me elogiar, que preferia um filho deficiente a um filho marginal. Aquilo me chocou pela infeliz comparação, pela falta de cuidado com as palavras e pela agrassão do que me dizia, achando que estava sendo gentil. Respondi que eu poderia ser marginal se eu quisesse, que eu poderia lhe matar, lhe roubar. Que minha índole e meus valores não são resultado de minha situação física. Ficou um clima de constrangimento no ar e eu precisei sair para tomar uma Coca-cola. Agredir ainda mais meu corpo que já tinha sido tão agredido.

No blog O Corpo Perturbador tem uma entrevista fantástica de Brunna e convido a todos a conhecerem meu outro blog e se perturbarem com palavras tão urgentes e necessárias para se refletir num mundo de respeito e aceitação das diferenças.

Aqui o link direto para a entrevista: http://ocorpoperturbador.blogspot.com/2010/11/eu-posso-ser-reu-tambem-bruna-valin.html

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Todas as Judites do mundo

Se eu pudesse pular, estaria pulando de alegria. Como posso gritar, estou berrando!!!!

Enfim, o livro infantil de Judite vai sair e ainda com direito a lançamento em Santo Amaro, minha terra, meu chão, que me fez quem eu sou.

Esta temporada premiada pelo Edital Ninho Reis - apoio a circulação de espetáculos de dança no Estado da Bahia, da FUNCEB, veio brindar 2010 com a realização desse projeto que espero há mais de dois anos.

Estamos muito felizes. Falo no plural porque não sou só, tenho minha família que irradia alegria com minhas conquistas, tenho meus amigos, minha equipe, em especial Catarina Gramacho que cuida de Judite como uma jóia.

Quero agradecer a todos os amigos que participaram do livro, porque o texto foi escrito por mim, mas as ilustrações são de Flávia Motta, Clênio Magalhães, Ed Moraes, Luca Falcão, Andréa Santiago, Zeza Barral, Danillo Novais, Fafá Daltro, Nei Lima, Hugo Leonardo e Wilfrid Jaubert.

No livro tem um texto lindo de tia Mabel Veloso. A criação gráfica de Gilsérgio Botelho. Revisão de Nadja Ramos. Arte final de Zunk Ramos. Fotografia de Clarice Miranda.

Assim como no espetáculo a turma de Judite é grande, no livro não poderia ser diferente.

A idéia de vários ilustradores é para não se criar uma única imagem da lagartinha, para permitir que cada um crie a sua própria Judite. Afinal, "Judite é a própria vida. Todo mundo tem uma Judite dentro de si"

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Overdose (da minissérie Salgados Amigos)

Todos foram dormir já na hora de acordar. Limpa os olhos, bate na cara, joga água fria para abrir as pestanas cansadas de chorar e rir e não dormir nunca. Todas as músicas grudadas aos ouvidos e a pontinha de tristeza querendo melar o passeio. Sairíam daqui a pouco para a terrinha mágica com a intenção de uma overdose de moqueca de camarão.

Os óculos escuros escodiam as olheiras. Antes passaram no trabalho do dançarino que não se aguentava sentado, quanto mais em pé que nunca fica. Passagem rápida para prova de figurino, pés no acelador. Estrada linda, sol maravilhoso sorrindo, gritando para todos que nenhuma tempestade acaba com a luz que se tem.

Primeira parada na Casa do Samba, segunda parada Exposição em homenagem aos 103 anos de Dona Canô, terceira parada a tal moqueca, quarta parada Clínica de seu Tota. Ficamos ali tomando remedinho até tarde da noite, quando a psicóloga lembrou de seu compromisso. Voamos pela estrada de volta e a chefona das borboletas mais uma vez pagou caro para sofrer. Rabo de olho, carão, dura e mal estar...

- Não vou mais para lugar nenhum!

A psicóloga foi sozinha ao evento, cheia de sapato alto amarelo ouro, perfume francês, cabelos ao vento, maquiagem e pose de primeira dama. Não demorou muito, estava de volta com 20 latas de cerveja na mão que limpava as lágrimas no rosto borrado.

Desilusão! Os três coleguinhas que estavam em casa fazendo a mesma coisa: bebendo e chorando, a recebeu aos gritos e gargalhadas. A terapia funcionava assim: rir da miséria do outro que chorava e depois trocava de posição quando outro começava a chorar.

A madrugada passou leve assim, com o peso do desgosto e da delícia das companhias amigas. Não dormiram novamente, agora ansiosos pelo show que aconteceria a tarde. Aliás, pelo show que dariam naquela tarde de domingo que começava a prometer.

Trilha deste capítulo

Mulher sem razão
(Cazuza/Dé/Bebel Gilberto) interpretada por Ney Matogrosso

Saia desta vida de migalhas
Desses homens que te tratam
Como um vento que passou

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Judite será livro infantil

Ainda em Santo Amaro resolvendo detalhes da produção do espetáculo e lançamento do livro de Judite quer chorar, mas não consegue!

Dia 06/11, as 20h, no Teatro Dona Canô

Quando voltar conto todos os detalhes da apresentação d'Os 3 Audiveis e também da homenagem que recebi de tia Maria Mutti e do NICSA . Fiquei muito emocionado.

Preparando o peito para mais uma emoção que será o lançamento do livro infantil que venho amadurecendo há algum tempo e agora se concretizará.

Queria todos aqui!