terça-feira, 2 de novembro de 2010

Overdose (da minissérie Salgados Amigos)

Todos foram dormir já na hora de acordar. Limpa os olhos, bate na cara, joga água fria para abrir as pestanas cansadas de chorar e rir e não dormir nunca. Todas as músicas grudadas aos ouvidos e a pontinha de tristeza querendo melar o passeio. Sairíam daqui a pouco para a terrinha mágica com a intenção de uma overdose de moqueca de camarão.

Os óculos escuros escodiam as olheiras. Antes passaram no trabalho do dançarino que não se aguentava sentado, quanto mais em pé que nunca fica. Passagem rápida para prova de figurino, pés no acelador. Estrada linda, sol maravilhoso sorrindo, gritando para todos que nenhuma tempestade acaba com a luz que se tem.

Primeira parada na Casa do Samba, segunda parada Exposição em homenagem aos 103 anos de Dona Canô, terceira parada a tal moqueca, quarta parada Clínica de seu Tota. Ficamos ali tomando remedinho até tarde da noite, quando a psicóloga lembrou de seu compromisso. Voamos pela estrada de volta e a chefona das borboletas mais uma vez pagou caro para sofrer. Rabo de olho, carão, dura e mal estar...

- Não vou mais para lugar nenhum!

A psicóloga foi sozinha ao evento, cheia de sapato alto amarelo ouro, perfume francês, cabelos ao vento, maquiagem e pose de primeira dama. Não demorou muito, estava de volta com 20 latas de cerveja na mão que limpava as lágrimas no rosto borrado.

Desilusão! Os três coleguinhas que estavam em casa fazendo a mesma coisa: bebendo e chorando, a recebeu aos gritos e gargalhadas. A terapia funcionava assim: rir da miséria do outro que chorava e depois trocava de posição quando outro começava a chorar.

A madrugada passou leve assim, com o peso do desgosto e da delícia das companhias amigas. Não dormiram novamente, agora ansiosos pelo show que aconteceria a tarde. Aliás, pelo show que dariam naquela tarde de domingo que começava a prometer.

Trilha deste capítulo

Mulher sem razão
(Cazuza/Dé/Bebel Gilberto) interpretada por Ney Matogrosso

Saia desta vida de migalhas
Desses homens que te tratam
Como um vento que passou

3 comentários:

Moniz Fiappo disse...

E eu aqui, sempre lhe seguindo de longe mas me alegrando com seu trabalho e suas vitórias.
Chorar é horrível. Mas com cerveja fica bem melhor...

Gerana Damulakis disse...

Bacana, Edu. Aliás, tudo bacana, incluindo o trechinho de Cazuza (sou muito fã de Cazuza).

L. Bastos disse...

AAAAhahahahahahahhahahahahah Ô amada, ri demais!!!! Cagou o kilo certo!! ahahahahahaha