quinta-feira, 29 de abril de 2010

É hoje o dia


Eu com Fafá Daltro no auge da loucura. uma cena deliciosa do espetáculo. Diane se acabando de rir atrás.


Andréa Daltro e Ricardo Bordini - os dois se submetem a tudo que pedimos. São o máximo


Arracando as pétalas!


Eu e Jami, amor puro no arrocha de chão


Iara e essa mania que não passa!

Eu e Vivys só fazemos fotos artísticas.

No dia da dança eu trabalhei como um condenado para ela. Nem dancei, nem nada, mas estava a seu serviço. Para comemorar, publico fotos com o Grupo X que me ensinou a fazer dança com sorriso no rosto, compartilhando corpo como quem segreda alguma coisa, com brilho no olhar. É quase família, a gente emburra, mas não dorme sem fazer as pazes. Amanhã vamos nos divertir muito no SESC-SENAC Pelourinho dançando o espetáculo Os 3 Audíveis... Ana, Judite e Priscila, 20h. Quem quiser brincar conosco, esteja convidado(a).

O menino assassinado (blog do Fala Menino)

Sou admirador das tirinhas Fala Menino e soube ontem que elas não serão mais apresentadas no jornal A Tarde. Confesso que era a primeira coisa ia ver ao pegar o jornal. Eu gosto de me presentear poesia.

Triste notícia, mas não mais triste do que a que está exposta lá no blog dos Meninos http://blogfalamenino.blogspot.com/2010/04/o-menino-assassinado.html . A morte de Ijácio, jovem assassinado por policiais em Salvador.

Esse trecho do texto que estáno blog Fala Meninome emocionou demais: Eunice Mendes, professora de escola pública, que teve um aluno assassinado também pela polícia, na mesma semana disse, maravilhosa e tristemente, para os jornais: "Quando matam uma pessoa do bem, os jovens que estão na criminalidade pensam: Ele era bom e morreu do mesmo jeito."

Vivemos num tempo de constantes contrastes emocionais. Acorda-se bem, dorme-se intranquilo, acorda-se esperançoso, vive-se triste, dorme-se alegre.... tudo ao mesmo tempo agora. Realizações pessoais sobrepostas de mazelas dos irmãos que se transforma m em nossas e assim vaos seguindo. Eu não conhecia Ijácio, nem precisava conhece-lo para ser afetado por esta barbaridade.


FOME


Vê?!
Olha aquele homem!
Não, assim você não vê!
Olha para frente, menino!
Encara tua verdade!
É aquele
No meio daquela multidão
Ele está caindo
Ele está nu
Só queria um amor,
Uma roupa para aquecer seu corpo
Franzino e esquelético
Somente amor, imagine!?
Comida para seu coração
Raquítico e atrofiado.
Socorre ele ali, menino!
Corre para ele ali!
Ah! Deixa pra lá!
Ele caiu
Caiu de fome
Caiu de frio

terça-feira, 27 de abril de 2010

EVOÉ!








A arte tem me presenteado com muitos momentos de beleza, de encontros, de surpresas. Sou imensamente grato, de verdade, lá no fundo, porque não espero receber tanta coisa assim. Dançar/criar é meu trabalho e o que desejo é apenas a aceitação e o acolhimento, o respeito pela minha idéia, mas tenho vivenciado grandiosos encontros. Só eu vi o olhar marejado de Luli. Essas exclusividades são os presentes que eu ganho.Ninguém, nunca, em lugar algum, vivenciará aquilo. Estávamos cercados de pessoas que falavam, me abraçavam, me emocionavam também e me presenteavam com suas delicadezas e sutilezas. Aqui ilustro esse momento com aquele marejar de amor que Luli me ofereceu e este abraço. E o seu olhar transformado em fotos.

Me digam o que são essas fotos da escada? Capturou meu corpo/lagarta, traduzindo Judite em imagem concreta. E o casulo?

PS: nós não combinamos a cor da roupa e a máquina fotográfica também estava de acordo. hahahahahaa

EVOÉ!!!!!!!

Para concluir a semana de Judite, transcrevo uma mensagem que Tom, amigo que conheci em São Paulo por causa de Judite, escreveu ao meu amor Diane:

TOM: diga a ele que estou mandando um beijo na boca! Ha hahaha!!! Que se eu tivesse tempo iria me empenhar em produzir aquele espetáculo dele e ele teria que apresentar por mais três mil anos. beijo, minha flor! Agora é sério, mas acredito que o mundo está precisando ver histórias como a que Edu faz, pelo fato da beleza, da superação, da reflexão, da ludicidade e de tudo que o espetáculo possibilita aos que vêem. Chega de arte panfletária e apelativa, precisamos de beleza para enfrentarmos a ruideza do mundo e beleza com conteúdo de vida e isso aquele espetáculo tem muito.

mais uma vez EVOÉ!!!!!!

Amor "in vitro" (da série Retomando o passado)



É como se de repente eu estivesse grávida de alguém que já nasceu
Um estranho que se alojou no meu interior e cada vez mais vai crescendo, regendo a minha respiração,
Tomando conta de minha insegurança, preocupação
O amor me penetrou
Meu amor me penetrou ontem à noite
E hoje estou grávida dele
A insegurança inicial, o medo do desconhecido ainda me acompanham
Afinal, amar é uma responsabilidade assim como parir
É alguém que a gente não conhece e que muda o rumo das nossas vidas
Nos primeiros meses é tão frágil!
Tenho medo de rejeitar ou de meu amor não se adaptar ao meu corpo e cair fora
Cuido dele com carinho
Farei exames de praxes
Um eletrocardiograma para ver se vai tudo bem
Outras mães fariam uma ultra-sonografia,
Mas é que eu estou grávida de amor, é diferente!
Fico ansiosa, enjoada de tenta espera
Tenho desejo que ele venha logo, com aquele rostinho,
Se chegando para mim com a cara de choro de quem está com fome
Então oferecerei meus seios, meu corpo enfim,
Para saciar a sua vontade.
Esta atitude é como parir
É aí que me entrego por completo ao meu amor


Meu orgasmo é um parto
Um parto inverso
Ao invés de expelir, expulsar,
Eu acolho, acomodo, aceito todas as suas sementes em mim
Gozar e parir são atos de doação
De entrega, de sublimação
Eu estava grávida de você
Ansiosa por mais um parto
Mas, de repente, você, meu afeto, se abortou de minha vida
E não foi aborto natural
Primeiro veio com um chá, para conversarmos
Depois de umas palavras que me partiram como ferro
Você partiu
Parecia que uma mão entrava e te arrancava de dentro de mim
Assim eu via você saindo, sem olhar para trás
Como uma criança abandonada pelos pais,
Passa por eles e não os reconhece
Eu não te reconheço mais
Tua imagem ficou deformada em minha lembrança
Como um feto no formol
Como um embrião desfigurado
Minha ilusão de mãe acabou
Agora espero um amor “in vitro”
Uma inseminação artificial
Farei laqueadura das veias do meu coração
Este não pulsará por mais ninguém
Não quero nem mais adoção
Estou no controle de natalidade
Tomara que você não se arrependa
Pois você é o culpado de minha esterilidade


PS: este texto já foi publicado aqui neste blog, lá no início dele. Te vontade de compartilha-lo novamente pq agora o blog tem uma visitação maior. Ele foi utilizado em dois espetáculos teatrais "Monólogos na Madrugada" aqui em Salvador, no Quixabeira, em 2003 e em 2008  "Estação Limite" no Rio de Janeiro, ambos com direção de Zunk Ramos.

domingo, 25 de abril de 2010

Era um dia o índio

A situação do índio no Brasil me entristece demais. A reportagem do Fantástico sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte, me fez questinar por que a voz desse povo não é ouvida. A militância negra se fez forte, outras questões tem ativistas se impõem, mas o índio sempre frágil, sem voz. Estão falando de suas vidas, sua História, algo que a economia jamais entenderá. O governo é conivente com este assassinato! Um senhor veio falando que tudo será feito dentro de normais que respeitem temperatura de água, quantidade de água suficiente, etc etc etc... será que ele acha mesmo que a gente acredita nisso? Depois que as obras começarem, que tirarem o povo dos seus lares, que forem destruindo as vidas, eles irão se preocupar com temperatura e quantidade de água? depois de feito, meu bem.......

Mais cedo falei em Baby do Brasil, lembrei agora que foi ela quem cantou: "mas agora ele só tem o dia 19 Abril. Todo dia era dia de índio"

Pesquisei no Google e encontrei na wikipédia maiores informações sobre o caso e eu destaco, abaixo, a lista dos impactos que a hidrelétrica causará na região, segundo o Relatório de Impacto Ambiental.



1.Geração de expectativas quanto ao futuro da população local e da região;


2.Geração de Expectativas na População Indígena;


3.Aumento da população e da ocupação desordenada do solo;


4.Aumento da Pressão sobre as Terras e Áreas Indígenas;


5.Aumento das Necessidades por Mercadorias e Serviços, da Oferta de Trabalho e Maior Movimentação da Economia;


6.Perda de Imóveis e Benfeitorias com Transferência da População na Área Rural e Perda de Atividades Produtivas;


7.Perda de Imóveis e Benfeitorias com Transferência da População na Área Urbana e Perda de Atividades Produtivas;


8.Melhorias dos acessos;


9.Mudanças na paisagem, causadas pela instalação da infra-estrutura de apoio e das obras principais;


10.Perda de Vegetação e de Ambientes Naturais, com Mudanças na Fauna, causada pela instalação da infra-estrutura de apoio e obras principais;


11.Aumento do Barulho e da Poeira com Incômodo da População e da Fauna, causado pela instalação da infra-estrutura de apoio e das obras principais;


12.Mudanças no Escoamento e na Qualidade da Água nos Igarapés do Trecho do Reservatório dos Canais, com Mudanças nos Peixes;


13.Alterações nas Condições de Acesso pelo Rio Xingu das Comunidades Indígenas à Altamira, causadas pelas obras no Sítio Pimental;


14.Alteração da Qualidade da Água do rio Xingu próximo ao Sítio Pimental e Perda de Fonte de Renda e de Sustento para as populações Indígenas;


15.Danos ao Patrimônio Arqueológico;


16.Interrupção Temporária do Escoamento da Água no Canal da Margem Esquerda do Xingu, no Trecho entre a Barragem Principal e o Núcleo de Referência Rural São Pedro durante 7 meses;


17.Perda de Postos de Trabalho e Renda, causada pela desmobilização de mão de obra;


18.Retirada de Vegetação, com Perda de Ambientes Naturais e Recursos Extrativistas, causada pela formação dos reservatórios;


19.Mudanças na Paisagem e Perda de Praias e Áreas de Lazer, causada pela formação dos reservatórios;


20.Inundação Permanente dos Abrigos da Gravura e Assurini e Danos ao Patrimônio Arqueológico, causada pela formação dos reservatórios;


21.Perda de Jazidas de Argila Devido à Formação do Reservatório do Xingu;


22.Mudanças nas Espécies de Peixes e no Tipo de Pesca, causada pela formação dos reservatórios;


23.Alteração na Qualidade das Águas dos Igarapés de Altamira e no Reservatório dos Canais, causada pela formação dos reservatórios;


24.Interupção de Acessos Viários pela Formação do Reservatório dos Canais;


25.Interrupção de Acessos na Cidade de Altamira, causada pela formação do Reservatório do Xingu;


26.Mudanças nas Condições de Navegação, causada pela formação dos reservatórios;


27.Aumento da Quantidade de Energia a ser Disponibilizada para o Sistema Interligado Nacional – SIN;


28.Dinamização da Economia Regional;


29.Interrupção da Navegação no Trecho de Vazão Reduzida nos Períodos de Seca;


30.Perda de ambientes para reprodução, alimentação e abrigo de peixes e outros animais no Trecho de Vazão Reduzida;


31.Formação de poças, mudanças na qualidade das águas e criação de ambientes para mosquitos que transmitem doenças no Trecho de Vazão Reduzida;


32.Prejuízos para a pesca e para outras fontes de renda e sustento no Trecho de Vazão Reduzida.


Um estudo formado por 40 especialistas e 230 páginas defende que a usina não é viável dos pontos de vista social e ambiental.


Outro argumento é que a obra irá inundar permanentemente os igarapés Altamira e Ambé, que cortam a cidade de Altamira, e parte da área rural de Vitória do Xingu. A vazão da água a jusante do barramento do rio em Volta Grande do Xingu será reduzida e o transporte fluvial até o Rio Bacajá (um dos afluentes da margem direita do Xingu) será interrompido. Atualmente, este é o único meio de transporte para comunidades ribeirinhas e indígenas chegarem até Altamira, onde encontram médicos, dentistas e fazem seus negócios, como a venda de peixes e castanhas.

Baby tatuada no braço



Eu não conseguirei falar direito sobre a experiência de assistir Baby do Brasil. Na minha última temporada em São Paulo, ganhei um presente que foi o show de Baby ca Elza Soares (outra deusa) e Ademilde Fonseca (maravilhosa). Estou superlativo mais uma vez, mas realmente não tem como ficar diferente ao falar das três e naquele show principalmente. Eu havia acabado de acompanhar Baby e Elza no carnaval, cada uma em dias diferentes. Seguia encantado, emocionado e grato por aquela oportunidade. Elza ainda estava acompanhade minha amiga Marcela Bellas que tem um trabalho lindo no cd Será que Caetano vai gostar?
Pronto. Achei que não viveria mais aquilo, mas a vida me presenteou mais uma vez colocando as duas no mesmo palco e ainda por cima no mesmo período em que eu estava em Sampa. Aiii esta cidade....

Enfim... fui acompanhado de Ed Canto e Marja. Fomos preparados para a experiência de vida que nos esperava. Eu do meu lado matutava o que poderia fazer para extravazar aquilo tudo. Rolar na frente delas? agarrar as botas de Baby? Gritar? Gargalhar? Eu não estava em mim. Fora de controle. Elza eu amo, Ademilde me encantei ali, na hora, mas eu sou louco por Baby. Acho que sou a única pessoa que passa a vida querendo se avacalhar e criando coisas para que isso se concretize. Sempre que vou a São Paulo procuro saber o dia de culto na igreja dela, mas nunca consegui ir. Não tem nada a ver com religião, eu queria era ver aquela entidade se manifestando, aquela loucura sã em seu mais verdadeiro esplendor. Eis que no palco ela me ofertou tudo isso e mais um pouco. A musicalidade dessa mulher, voz, presença, jovialidade.... meu deus, eu estava em transe. Depois veio Elza e emocionou a todos cantando Opinião e aí fudeu tudo. Eu já não era eu, meu amigo já não estava em si, o teatro inteiro emocionado.


Acabou e eu fiz questão de falar com elas, mais com Baby até, eu tinha planos para a minha vida. Quando ela apontou na porta, joguei minhas mãos no chão e a reverenciei. "Baby te acompanhei no carnaval de Salvador para ouvir suas palavras de fé e agora estou aqui para saber qualéqueé". Ganhei a pessoa na hora. Cumprimentei-a, pedi uma entrevista para meu próximo solo e ela me acolheu em seu sorriso, suas palavras e generosidade. Era uma menina ali comigo falando maravilhas. Voltei para casa com a certeza de que a partir dali eu não seria mais o mesmo (lógico, sempre mudamos, a cada segundo) e que minha vida é retada e me ama!

A entrevista de Baby será divulgada quando o projeto for iniciado.

Falei tudo isso porque acabei de ver uma entrevista dela com uma bispa de uma tv. Como é bom vê-la, ouvi-la falar de coisas que são chatas, mas que ca Baby toma outra dimensão.

* a foto do show é de Rafael Saar

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Cantiga



Ceumar é uma das minhas cantoras preferidas e canta esta música de Zeca Baleiro divinamente.




Flower não é flor
Mas eu te dou meu amor,
little flower
Sete cravos, sete rosas,
liro-liro lê, liro-liro lá
Girândolas, girândolas


Give me your love
Love me alive
Leve me leve


Nas asas da borboleta leta
Que borbole bole - bole
Sol que girassole,
Sole mio amore


Flore me now and forever
Never more flores
Never more flores

Tim tim para Maria, Jai e São Jorge

Foto de Célia Aguiar


Hoje Judite se vestirá com a roupa mais bonita, chepeuzinho lilás, bolsinha azul e sairá toda serelepe comemorando a vida de Maria Sampaio e Jai. O tim tim será para eles. A dança, a noite... Que suas tristezas se concentrem nas lágrimas de Judite que as expurga como criança. Que todos os nós de desfaçam, que seus olhares brilhem, que meu carinho chegue até eles.
Judite foi criada para celebrar meus 30 anos, lá pelo ano de 2006. Hoje será para celebrar a vida dos amigos. Em Março dancei para festejar Leila. Estou começando a achar que tenho dançado muito Judite, porque todo dia festejo no palco as pessoas queridas.
Tim tim a São Jorge também porque é guerreiro!
EVOÉ!!!!!!!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Bilhetinhos para Judite


desenho de uma criança na temporada do Museu Rodin 2008



Tenho certeza de que Judith Quer Chorar Mais Não Consegue é um momento de grande inspiração neste começo de milênio: é imprescindível, como nos diz Garaudy, não apenas viver a vida, mas, sobretudo, ter a ousadia de dançá-la com uma força tal capaz de fazer crer que há sim um outro mundo possível, um mundo mais forte e justo, muito mais belo e verdadeiro e mais: que é possível vivenciá-lo em toda a sua plenitude.
Edu é, ele mesmo um testemunho vivo, decisivo para a compreensão desta equação: a sua capacidade expressiva é tal que não consigo vê-lo de fora do anuncio de um novo tempo!


14.07.07
Saja


Com sua arte sensível e inteligente - e não há forma mais sublime de falar ao outro, Edu O. conta sua trajetória e mostra sua
dança num excelente trabalho de expressão corporal.


...este espetáculo me remete às minhas Judites... até mesmo as mais inconscientes gritam querendo sair! Um encontro com conflitos mais íntimos, que incomoda e seduz com ousadia e beleza, num convite à vida que se deseja viver..."


Lívia Rocha


Judite nos conduz às profundezas de nossos sentimentos, mas principalmente daqueles aos quais não conseguimos definir... É um mergulho no submundo pessoal de sensações que somos obrigados a marginalizar e até esquecer, um encontro daqueles sentimentos fortes e oponentes, que nos angustiam de uma maneira que deles fugimos... Queremos chorar e não conseguimos por que não nos damos este direito, queremos voar e não nos permitimos por que muitas vezes duvidamos de nós mesmos... Enfim, assistir a este “experimento” é participar de uma metamorfose sentimental. É forte, é denso, é memorável.


Fernando Souza






A apresentação performática se desenrola diante dos meus olhos...
A minha mente, instigada pelo que vê e sente, me questiona todo o tempo do espetáculo.
Judite... o que é?
Quem é Judite?
Os sons, o canto, a música, a dança, a interpretação. Tudo isto e mais – a reflexão: precisamos voar.
Libertos das cascas, dos conceitos e preconceitos, precisamos voar cada vez mais alto sobre todos os obstáculos.
Judite... o que é?
Quem é Judite?
Do emaranhado da saia de Judite surgem objetos e objetivos.
Judite somos todos nós. Em todos nós Judite está e é.
Lave a alma. Chore de alegria. Edu/Judite, mais uma vez vai além, voa suplantando todas as expectativas.
Eu te amo Edu!
Volto pra casa ouvindo os Beatles. A minha Judite chora... saudades de 1967 – primeiro grande vôo...
Judite, quero continuar a voar!


Fátima Gaudenzi

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Vestido curto na alma de dentro




Estou junto ao Grupo X de Improvisação em Dança desde 1999, a partir daí tenho participado de todas as apresentações e projetos do grupo, que não é pouca coisa. Somos bem ativos e criativos, o que nos impulsiona a produzir bastante com e sem dinheiro, com e sem apoio. Participamos de vários eventos, aceitamos diversos convites e dançamos o ano todo, mas dessa vez estou fora de cena. O grupo estréia amanhã o novo trabalho e eu tive que fazer a escolha: Vestido ou Judite? Confesso que não foi assim uma escolha difícil, alucinantemente complicada, porque todos sabem que Judite tem prioridade em minha vida e o convite para apresentá-la no SESC-SENAC Pelourinho me apareceu como um presente que eu desejava receber já há algum tempo. Isso não significa que eu não esteja presente no Vestido Curto do Grupo X. Bisbilhotei o processo, dei meus palpites, procurei estar ao lado, mas pela primeira vez não pude aceitar a contradança porque as agendas se chocaram. Com a estréia de Judite na sexta (23/04) era impossível eu estar no palco do Espaço Xisto Bahia com os alucinados X.


A partir de amanhã (quinta-22/04) até domingo o grupo apresenta uma experiência em processo que trata das possibilidades de organização do corpo diante de situações imprevistas. Envolve jogos coreográficos em improvisação em cena e focaliza as possibilidades de conexões entre dançarinos no ato de encenação. A estratégia de composição para a dança nessa experiência, centra-se na exploração de um roteiro móvel sorteado a cada dia e pistas a serem desvendadas, que oferecerão referenciais em música, em jogos cênicos e em pesquisas corporais, onde o dançarino, a partir de suas escolhas e das regras do jogo criar possibilidades de conexões para a construção do tecido poético.Idéias irão transitar entre o previamente escolhido e a oportunidade que converge para a idéia-tema norteadora da experiência, que utiliza a metáfora da saia justa, como o mote para as pesquisas em andamento.
Estarei lá como público e com meu nervosismo, afinal é uma estréia minha também. Grupo para mim representa isso: você está ali mesmo sem estar.
desenho de Zmário

terça-feira, 20 de abril de 2010

Início dos trabalhos para Judite


Judite quer chorar ?


O convite se inicia... num dia que poderia ser escuro, claro, chuvoso, ensolarado, uma tarde de aurora, uma madrugada de festa, o convite está feito e Judite está lá a espera do tempo, das pessoas, dos afetos, da palavra.


A sorrateira lagarta que se esconde no montinho verde, oferece a todos seu chá de vida temperado com dores, alegrias, conquistas cheias de medo e vontade. Juditecasulomariposa conversa, conversa, conversa e conta sua história, aquela que poderia ser a minha, a sua, a nossa...


Não!

Essa história é de Judite...
Uma colcha colorida de retalhos azuis e brancos iluminados pelo desejoso corpo de Edu O. com . no final que pede mais ..


A sua Juditecasulomariposa costura a vida em linhas cheias de inspiração, compartilhando olhares e corpos em múltiplos gestos que não se findam, repletos de dança.


Sim!!!

É a dança de Judite, que quer ser casulo, diz que não é mariposa, mas mesmo assim já voou nos degraus da vida. A escada está lá, pronta para subir, ou simplesmente dançar. Ela é morada de EduJuditecasulomariposa que se entrelaça e brinca de voar... Neste emaranhado de entra- e- sai cíclicos o corpo mariposacasulo de Edu O. não se finda com o ponto, mas transfigura-se em universais pontos de partida.


Ana Carolina Teixeira


A partir de hoje pensei em colocar depoimentos de amigos/público que escreveram sobre Judite que tomará conta do meu corpo no final desta semana no SESC-SENAC Pelourinho. Sou declaradamente o "cavalo" dessa bichinha. Já falei demais sobre este projeto que é tão grandioso e que tomou proporções maiores do que eu poderia imaginar. Como sou o pai de Judite, deixo a palavra para quem teve a experiência de conhecer a lagartinha danada que não pára quieta no lugar, embora acredite que não se mova.

Esta semana será dedicada a ela que tanto sucesso fez/faz por onde passou/passa. É também uma forma de ir retomando as formas de Judite, depois da experiência marcante que foi Odete. Espero que todos que apareçam por aqui pelo meu "Monólogos" se encantem com as palavras emprestadas dos meus convidados. Nesta semana teremos Diálogos na Madrugada. A sessão está aberta com o belo texto de Carol que sempre me ensina muito com sua experiência na dança, na vida. e é sempre bom agradecer: Obrigado, Gatinha!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Validade das coisas

Edu, meu lindo! Voltei para dizer que adorei o espetáculo. Como lhe falei, ele é intenso, poético, sutil, despretensioso e, por isso tudo, belo...sem ser piegas, sem ser vitimizante, sem ser triste. E eu acho que é tudo isso pq é sincero, é vc, de vc, sobre vc... que acaba alcançando a gente. hoje vc me ajudou a dar nome a algo que sempre me incomodou Tb: o não saber lidar com o prazo de validade das coisas. Qdo vc diz isso, vc diz revelando algo que lhe incomoda mas, ao mesmo tempo sabe que não há como a vida ser diferente. E eu Tb penso assim. Obrigada pelo momento artístico.


Mas é importante pontuar, como vc fez na resposta, o trabalho da equipe, e de Lucas que está no palco com vc. E eu reconheço isso também...muito, pois acredito que os trabalhos frutos de compartilhamentos tem diferencial. Certamente todos são parte da beleza que é Odete.


PS: Confesso que achei que iria ver algo parecido ou próximo de Judite. Mas não tem nada a ver...apesar de ter a mesma assinatura.




Bj, nora. (Eleonora Santos)


Resolvi compartilhar com vcs, pois acredito plenamente nessa energia da arte que nos renova e que nos faz seguir em frente,mesmo quando estamos vivendo/e/ou passando por momentos ´´nebulosos´´... eis que sexta(16/04)fui ao Teatro Vila Velha assistir o trabalho do meu querido Edu O. /ODETE TRAGA SEUS MORTOS. Com certeza valeu muito, muito mesmo ter tido o imenso prazer de assistir um trabalho maravilhoso. Poético e ao mesmo tempo visceral,questionador,abrangente do ponto de vista dos artistas,mais que te faz pensar,fazer uma viagem introspectiva,autobiográfica...que te faz tirar os pés do chão literalmente...que te faz repensar muitas coisas. Sai do teatro extasiada,emocionada e com a alma em paz. Agora vou conferir Judite!


BJS.ADIL ARAÚJO




Pedi autorização a Nora e Adil para publicar seus emails. Só tenho a agradecer e ficar me emocionando toda vez que leio.

Ontem recebi também a ilustre presença do poeta Nilson, e-amigo e parceiro da rede de blogs que fizemos por aqui. Fiquei muito contente!

domingo, 18 de abril de 2010

Dois Barcos - Los Hermanos

Quem bater primeira dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer
Aponta pra fé e rema


É, pode ser que a maré não vire
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar


Será, Morena?
Sobre estar só, eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar
Dedicou-se mais
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?


Doce o mar, perdeu no meu cantar


Só eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar
Dedicou-se mais
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?



Ventilador

Não chovia por nada nesta cidade
Nem o vento veio diminuir o suor
Dinheiro para ar-condicionado não tinha
Jeito que tive foi ligar o ventilador
Escrevia uma carta para você, nesse momento,
Em papéis soltos, encontrados ao acaso,
Espalhados pela casa
Escrevia sobre a angústia que tinha,
Falava sobre a sensação de vazio, improdutividade, solidão,
Da vontade de esterilidade do meu coração,
De como o tempo e minha vida estavam secos naquele instante
E da saudade que sentia de você
Lembrei que não ventava por nada
E que não tinha como te enviar meus recados
Correio em greve!
Sem dinheiro para transporte!
Então coloquei o ventilador em direção à janela
Joguei minhas palavras para cima, sobre o mar
Cantando para o vento chegar
Encaminhando os papéis para teu endereço
Repousando-os no teu colo
Pedi que quando você terminasse de ler
O vento se transformasse numa repentina ventania
Colocasse minha saudade sob teus pés
E te carregasse, voando para mim!

Relendo coisas antigas, encontrei este texto feito há muito tempo. Achei bonitinho, quase uma Sessão da Tarde. Pensei em publicar, as vezes é bom se balançar na rede como criança.

sábado, 17 de abril de 2010

Um bilhetinho embaixo da porta

Foto de Alessandra Nohvais

Nada melhor do que teatro lotado, platéia atenta e receptiva, alegria do encontro, abraços, amigos... Enfim, obrigado a Odete por me possibilitar tudo isso. Já está dando uma saudade danada, um friozinho de despedida. A primeira temporada do espetáculo foi maravilhosa. Chegou chegando!!!

Este projeto é muito especial pois toca num canto bem delicado em mim.

A chuva deu trégua e agora não tem mais desculpa.

Hoje (sábado 17/04) e amanhã (domingo 18/04), as 18 horas, lembrar do horário, no Teatro Vila Velha. R$ 10,00 (inteira).

Beijossssss e semana que vem tem Judite. UFA!!!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

7º confissão para Odete - Salvador, 15/04/2010


Nesta semana não houve encontro, nem confissões, nem nada. O término dessa temporada está chegando e começo a sentir um esvaziamento como um pote de leite derramando, a água de chá evaporando, o pacote de biscoito terminando... Pensei em meus perfumes e como os mantenho cheios e eles fixam em meu corpo, minha pele e se tornam meus cheiros e de como eu herdei o cheiro de outro e de certa forma o trago também em mim. No cheiro, no gosto do seu sexo em minha boca, na lágrima salgada entrando pelo nó da garganta na despedida.

Estou com gosto de chuva na língua, diferente do gosto da ressaca do mar lá na Vila de Sto Antônio quando um príncipe me pegou nas costas, subiu as dunas e me mostrou seu planeta asteróide em frente ao mar. Novo gosto de sexo na boca. Lágrima e mar são salgados. Provei desses dois sabores: a lágrima de despedida e o mar do encontro.

Encontro... essa é a palavra de ordem.

Que venham outros encontros em outras temporadas. Que haja encontro constante com o público. Que haja encontros pela vida!

Obrigado a todos que eu encontrei aqui neste ovo de codorna chamado mundo .

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A volta do rei


Oh chuvinha bonitinha
você aqui não é rainha
tenha pena de meu povo
ouça o que há dias eu falei
vá embora
fique quietinha
devolva o trono ao rei


Minha Sto Amaro está passando por momentos tristes com a cheia do Subaé. Como rezou tia Mabel: Minha Nossa Senhora da Purificação rogai por tudo que tudo é teu. Tenha cuidado com teu povo, com os que estão sofrendo agora. Manda a chuva embora porque o espetáculo dela já não tem mais graça, já passou do tempo, já ultrapassou os limites.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Quizila com a imprensa


Qual a dança que querem me ver fazendo? Confesso que estou ficando estressadinho com a imprensa que me procura para falar do meu trabalho, mas na verdade não querem me ouvir. A mídia quer a espetacularização da deficiência e eu quero respeito pela minha pesquisa, meu trabalho, meus projetos. Nunca nego que tenho deficiência e tenho consciência que conquistei muitas coisas por esta condição física, assim como poderia conquistar sem ela.

Minha prifissão não é DEFICIENTE, minha profissão é DANÇARINO. Quem dança não é a cadeira de rodas e repórter nunca entende isso. Não sou Luciana de novela, não quero comover com discurso raso, não sou exemplo de porra nenhuma. Tenho mau humor, não sou feliz todos os dias, tenho alguns preconceitos, não como cebola e alho, sou crítico, intolerante.... Gosto dos amigos, adoro Adriana Calcanhoto, Cazuza, Jussara Silveira, Los Hermanos, tenho colocações sobre o mundo, respeito os outros, gosto de Coca-Cola e chocolate BIS....

Enfim...... sou gente e não cheguei na dança agora e nem sou criança para tratarem meu trabalho com infantilidades. Pesquisem minha vida, minha história, vejam meus espetáculos. Conversem comigo. Não quero mais uma vez repetir a mesma historinha que ano a ano eu repito sobre a deficiência na minha vida e a dança da cadeira de rodas. Dança da cadeira? Isso é uma brincadeira que fazíamos há muito tempo. As reportagens trazem um discurso que eu não comungo, que eu não compactuo. Pensei em me calar a partir de agora, mas se eu não falar o angu pode engrossar, né? Enfim....

Eu danço porque quero colocar minhas inquietações, minhas alegrias, meu modo de ver a vida, a morte, a solidão e quam sabe o mar. Não danço por ser deficiente. É só ver meu trabalho, nem precisa me perguntar nada, mas se quiserem saber quem eu sou:

Sou artista e isso, para mim, já é imenso!

Quizilar:
V. t. d. 1. Fazer quizila a; importunar, aborrecer, zangar.
V. int., V. p. 2. Incomodar-se, aborrecer-se, irritar-se, zangar-se.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Eu tô que tô

Pode parecer que estou querendo "tirar onda", mas é somente para agradecer as declarações de amor que tenho recebido por este trabalho tão especial que é Odete:

1) Luli no seu Ainda Conto fazendo Confissões para Odete n˚ X e escrevendo coisas tão mágicas

2) Lorena mandando email para o programa Boa Tarde Bahia onde passou uma reportagem comigo:


Olá Rita,

Edu O. realmente é um exemplo do saber viver. Apesar da deficiência, não criou limites pro seu corpo e vive tão ou mais intensamente do que qualquer outra pessoa.O espetáculo "Odete, traga meus mortos", que tive o prazer de assistir, é de uma sensibilidade ímpar, tratando das ausências das nossas vidas. Tem a capacidade de despertar diversas sensações e emoções, muitas vezes represadas dentro de nós. Tenho enorme admiração por esse ser humano multifacetado que é uma dose diária de alegria para todos que tem a honra de conviver de perto com essa figura!!!

Abraços,

Lorena.


3) Leila no mesmo programa:

Rita querida,

Além de Odete, traga meus mortos, Edu também protagoniza outro lindo espetáculo que é o Judite que chorar mas não consegue, que estará em cartaz no Sesc Pelourinho, agora no final do mês de abril (dias 23 e 24). É em texto super sensível e especial e que todo mundo deveria conferir e que já esteve em cartaz em outros estados, além da Bahia.
Edu não é só superação, mas talento mesmo. Pensem nisso quando pensarem nele!

Um abraço,

Leila Barreto


4) Diane no meu Orkut:

Odete que veio com essas águas...
então...vamo que vamo...
ariana! fogo, mas já vi que tem ascendente em escorpião.. tinha que ser!

5) Eros no meu facebook

..."infinitezima" confissao à Odete: Quero ver outra vez!

é só uma forma de homenagear aos que compartilham comigo esses momentos que deixam a vida mais feliz.

O menino vento

Nasceu do cruzamento entre o inferno e o céu
Não havia sentimento
Não havia a tal da paixão entre os dois
O encontro se deu num dia em que a terra diluída, molhada, lamacenta,
Foi entrando cada vez mais em si mesma
Como um líquido num funil
Cansada e sem forças chegou ao fundo
Encontrou o inferno
Rígido, quente, preparado para o bote
Não houve beijo, carinho, nem doces palavras
Apenas um impacto forte, como uma explosão, os uniu
Originaram, assim, uma vida que emergiu
Era um menino lindo,
O Menino Vento!
Não parava quieto,
Não parava de sorrir,
Tinha muitos amigos,
Tinha muito o que fazer
Falava coisas bonitas do que via pelo mundo
Acreditava nos homens, seus companheiros,
Sonhava em ser um deles
Que pena!
Cresceu o Menino Vento
Sem que ninguém notasse
Percebia agora a estranheza da vida
Não entendia a fome, a guerra,
O ódio desmedido
Chorava ao ver o amor renegado na esquina,
Pedindo abrigo aos corpos vendidos baratos demais
A correria pelo dinheiro, não entendia!
Não compreendia a infelicidade das pessoas
Perguntava sempre:
“Se não querem o mundo assim, por que o fazem desse jeito?
Se a vida está ruim, por que não seguem por outro caminho?”
O Menino Vento ficou desiludido
Dividido em suas questões
O que aprendera até então, de nada valera?
Não corria mais, não falava,
Isolou-se bem no alto, para pensar melhor
Vendo o mundo lá de cima poderia encontrar respostas
Transformou-se no Homem-Lua
Porém, dedicado como sempre,
Não abandonaria sua mãe, não a deixaria sozinha
Num dia de muita tristeza, quando chorava demais,
Transformou-se num rio e o Homem-Lua, agora
Também era o Homem-Água

Enquanto Lua, vendo o mundo lá do alto, sábio ou não, está num patamar elevado. Vê outro homem minúsculo à sombra de uma árvore. O que faz esse homem? Por que dança no escuro? Por que brinca sozinho? O Homem-Lua, lá do alto, não ouve o que fala, não sabe o pensa, apenas aprecia os gestos bonitos, a solidão do outro homem. Não pode descer para ajudá-lo, mas se não pode descer, como subiu? Para quê? é condição humana o querer elevar-se, mesmo sem saber para quê. Será loucura?

Enquanto Água, rastejando pelo mundo, moldando-se ao terreno, sábio ou não, está no mesmo patamar que nós. Vê o outro homem brincar próximo ao seu leito. O homem de qualquer cor, brinca, sorri, dança ao lado de uma árvore, sua amiga. A princípio pensamos que está sozinho, mas como se tem a árvore? O Homem-Água quer brincar com ele, quer fazer parte de sua vida, mas não pode mudar seu caminho, não pode mudar seu rumo. é condição humana seguir o fluxo da vida obedecendo as fendas do terreno, desviando apenas o olhar, às vezes seguindo olhando para trás. Para quê? Será loucura?

sábado, 10 de abril de 2010

A validade das coisas

Como muitas vezes disse e não canso de repetir, sou uma pessoa privilegiada. Pela vida e pelas pessoas que tenho à minha volta.
Meus amigos são artistas. Artista mesmo e não é piada. Sempre gostei de artes e a vida foi fazendo com que meu caminho cruzasse com o destas pessoas, e sempre lembro do que minha avó dizia: "o rio só corre pro mar". Sempre adorei literatura e fui me apaixonando pelo mundo das artes através dos meus amigos.
Eu fui apresentada à dança por um dos mais especiais deles: minha paixão, minha referência, minha loucura e minha lucidez, Carlos Eduardo. Aprendi a apreciar a linguagem do corpo e toda poesia que ela carrega em si. Aprendo com ele sobre esta forma de estar poeticamente no mundo, me concectanto e interagindo de forma concreta e abstrata ao mesmo tempo. Não precisa ter lógica, não precisa entendimento... é só sentir.
Ontem ele estreou seu mais novo espetáculo "Odete, traga meus mortos", de título bastante original, como tudo que faz, e que discute uma questão que inquieta a todos: as ausências. Não pude ver a estréia, mas já soube que Odete mexeu com quem a viu chegar ao mundo.
Ela disse: "Eu nunca soube lidar com o prazo de validade das coisas." Isso é a cara do Edu... isso é a minha cara... isso é a sua cara, com certeza.
Parece que estou me vendo, sentada com ele em algum meio-fio de alguma calçada dos bairro da Barra em Salvador, a pensar sobre a vida, sobre as relações, sobre os encontros e desencontros, sobre as marcas que deixam em nós, sobre o amor, sobre a alegria, a amizade, a perda, as loucuras todas que nos encantam e tiram o sono. Ai que saudade de tê-lo ao meu lado na hora que me apetece...
Minha relação com esse amigo é coisa pra muitos posts. já ensaiei vários, mas nunca consigo traduzir de maneira suficientemente boa a natureza da nossa relação... do nosso amor. Espero que um dia eu consiga. Mas isso não é conversa pra agora. Hoje é dia de comemorar a chegada de Odete, que veio quietinha, sem febres - como dona Judite -, mas que com certeza veio pra ficar e pra marcar.
Viva a Odete, viva a vida que ela renova, a alegria que ela provoca. Que tenha vida longa... que alongue vidas. Evoé!


Cléa Ferreira




Tentei escrever alguma coisa, mas não consegui. Chorei demais com este texto publicado no http://epifaniasealumbramentos.blogspot.com/, pelo amor, pela amizade e por ter certeza que jamais serei só. Obrigado, minha amiga! Te amo!!!

Bonequinhos de chuva - estréia de Odete

bonequinhos de chuva feitos por mainha

A estréia foi linda, me emocionei muito com o nascimento de Odete. Ela chegou com uma força que não demonstrou na gestação. A chuva me deixou tenso o dia todo e impediu pessoas que tinham confirmado presença de irem, mas o teatro estava quase lotado e o público descer para tomar o chá conosco.... aiii isso foi um presente. A mesa de Odete repleta de gente! Evoé!!!!
E continua hoje e amanhã as 18h e semana que vem sexta (20h), sabado e domingo (18h). No Cabaré dos Novos do Teatro Vila Velha.

Uma delícia de fazer!!!!!!!!!!! Emoção saltando nos poros pelo encontro com Lucas Valentim. A trilha feita ao vivo por SOMDOROQUE está belíssima!!! A energia do público. A luz de Davi Maia. A produção, figurino, cuidado, amor de Nei Lima. A atenção da produção do Festival Vivavadança!

Se for para ser assim sempre, quero me viciar em ganhar prêmio.

Celebremos os encontros!
e agora rezar um pouquinho para a chuva cair pianinho ou ir embora se descansar porque já fez o serviço dela bem feito: alagou as ruas, gripou muita gente, desabrigou outras tantas, matou gente demais da conta.
Eu pedi para Odete trazer as lembranças, Dona Chuva. Era só isso. A senhora queria que eu desenhasse?

Vou pedir Santa Clara para clarear
Vou pedir Santa Clara para me ajudar
Vou pedir Santa Clara para clarear
Vou pedir Santa Clara para me ajudar

Clara, Clara

Quando a cigarra cantou clareou, clareou
Quando a cigarra cantou clareou, me enganou
Quando a cigarra cantou clareou, clareou
Quando a cigarra cantou clareou, me enganou

Choveu, choveu, cheiro de terra molhada
Água que veio do céu, abençoada
Quando a cigarra cantou clareou, clareou
Quando a cigarra cantou clareou, me enganou

Elza Soares e Letícia Sabatella

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Amanhã

Foto de Nei Lima


Eu queria falar das pernas de Malu
Eu queria falar das pipas de Patrícia
Eu queria falar da bicicleta de mainha
Eu queria falar do vinho "corcói"
Eu queria falar da morte fingida de meu avô
Eu queria falar do meu encontro com Lucas
Eu queria falar do "GRITA GAL"
Eu queria falar da máquina de costura de minha avó
Eu queria falar do abraço silencioso do meu amor
Eu queria falar da casa de boneca de minha irmã
Eu queria falar do Rei de Dona Canô
Eu queria falar dos olhos verdes quase azuis do primeiro
Eu queria falar do banho de piscina plástica
Eu queria falar de São Paulo
Eu queria falar do dia que eu vi Troca Imediata de Saliva e Suor
Eu queria falar do dia que a gente se encontrou para fazer Odete

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Faltando dedo


Contando nos dedos: 1, 2....
2?
Como assim, 2?
Só faltam 2 dias para estrear Odete?
Aiiiiiiiiiiiii Baco
eu nem fiz minhas unhas,
não dei escova no cabelo,
não fui escolher meu rabo de peixe...
Como assim, eu não vi o tempo voar?
Me segurem que vou desmaiar!!!!!!!!

domingo, 4 de abril de 2010

A Casa - da série retomando o passado

A casa era toda branca: paredes, móveis, tapetes... Tudo branco! Fui me aproximando dele, vestido com um terno negro e calçando sapatos de verniz, também negros. Os sapatos brilhavam mais do que qualquer coisa nele, que estava ali deitado com um rosto branco, numa cama alva, como se estivesse coberta por almas. Não sei quantas vezes tive que respirar fundo para conter o choro. Brinquei, beliscando a ponta do seu nariz, mas ele continuou, ali, imóvel. Falei umas besteiras, sussurradas ao seu ouvido, ele mudo. Respirei fundo novamente e lembrei daquele cheiro na estrada. Era o meu primeiro contato com a morte. Aquele fedor repugnante sufocou minhas narinas como um plástico. O ar era sólido, compacto, quase me derrubou no meio daquela estrada. O cheiro da morte é pior do que a própria, porque nos chega depois que ela passou para nos confirmar a podridão das nossas vidas. Senti náuseas ao lembrar do meu próprio fedor, do meu apodrecimento. Vomitei nos pés de um candelabro de prata colocado aos pés da cama dele. Percebi, então, que estávamos sós, ou era ilusão minha? Sós como muitas vezes estivemos, mas agora era diferente... subi na cama apoiando-me em seus braços rígidos como sempre estiveram para me dar apoio. Sentei ao seu lado, descansei a cabeça em seu peito, ouvi a canção que ele cantava para eu dormir. Sorri! Ele agora me ninava. Seu coração tocava música! Chorei. O som me fez chorar. Agora não estávamos mais sozinhos. Pessoas passavam tranqüilamente pelo corredor. Não olhavam para dentro do quarto. Não repararam nossa presença. Escutei galopes de cavalo se aproximando. Apertei forte contra seu peito, sua música diminuía de volume. Nesse instante o cavalo se aproximava. Senti o fedor novamente e cantarolei para não voltar a vomitar. O cavalo, aquele que fedia na estrada, não o vi, mas sei que era ele. Parou na porta da casa toda branca. O fedor me tapou a boca, entupiu meu nariz. Me chegou tão violento que me levou ao chão. Quando acordei não mais o vi, mas escuto sempre sua canção. E todos os cavalos fedem para mim.
Este texto foi publicado, aqui no blog, no início de 2008. Agora volta porque fez parte do processo de Odete, está muito vivo em mim e a saudade cresceu.

sábado, 3 de abril de 2010

A fome de Marina


*Por **José Ribamar Bessa Freire***

Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: “Lula é analfabeto”. Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva, que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, “porque ela tem cara de quem está com fome”.

Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come. Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana. Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.

Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados. De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só
existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição *sine qua non*
para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem
está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.

A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio.“Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel…/ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!”.

Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os silvas representam. A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja
geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?

*O mapa da fome *

A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre.

Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.

Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.

A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever. Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.

Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT. Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco, quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais
vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta. Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra.

A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as
florestas e estimular o manejo florestal. Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos
ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.

*Tudo vira bosta*

Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee - a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos, “o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo vira bosta”.

Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música -'Se Manca’ - dizendo a ela: “Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca”.Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice.

Numa de suas músicas - ‘Você vem’ - ela faz autocrítica antecipada, confessando: “Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você
vem… e faz piada”. Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: “Desculpe o auê/ Eu não queria magoar você”.

A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, “ela tem cara de professora de matemática e mete medo”. Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.

Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem? Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, “il péte de santé”. O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem nutrida do Brasil…

Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é também a cara da resistência, da luta da inteligência contra a brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia para o exercício de liderança em nosso país. Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.


(*) Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) e pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social UNIRIO)*


http://www.movimentomarinasilva.org.br/

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Raito de Sol

Você
Sol do meu ciúme
Bronzeando
Outro alguém

Campanha da Caneca

Levando uma caneca usada, velha, com história, alça quebrada..... para tomar chá com Odete você paga meia entrada. Pode levar com antecedência ao Vila e garantir o ingresso ou então na horamesmo entraga na bilheteria. Só não pode deixar de ir.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Amor para mim

Amor não passa nunca! O que eu posso dar hoje ao meu amor é tudo o que aprendi com os amores antigos. De tudo positivo que repito ou o que não foi legal e tento não repetir. Mas quem não teve amor antigo? Quem ama a primeira, mesma e única pessoa? Crescemos e aprendemos juntos, é assim que eu acredito, mas só posso falar pela experiência que tive/tenho com alguns amores antigos. Amor, amor, mas amor mesmo só três, eu acho.
O amor de agora me trouxe a beleza, a tranquilidade, o companheirismo, a certeza da imensidão. É de agora e de sempre. Tive um amor de longe (né Maria?) que me tirou da multidão, me raptou e depois esvaziou, adoeceu. Não suportei a rejeição e caí doente, batendo cabeça no chão, parede, privada. Chorando até vomitar. A culpa não era do amor, era minha que não suportava ficar só comigo. Que pena!! Demorei a entender que assim não seria eterno. O primeiro amor de olhos verdes/azuis me trouxe a certeza da amizade. Me desencantou. Sem beijo, sem sexo, sem portão... mas ainda assim amor.
Ainda teve um outro amor adolescente, mas esse nem conta. Com este eu reneguei meu corpo, queria ser quem eu não poderia ser, desejei desaparecer. Desse amor não sobrou nada além dessa lembrança. Triste. Não era amor.
Meu amor de agora, anda por aqui como um gato, tomando conta da casa, livre, deitado preso em meus braços.
PS- hoje foi assim minha confissão para Odete. Explico: em todos os ensaios, eu e Lucas, levamos confissões para Odete e a partir disso criamos pequenas cenas, sínteses corporais que poderão estar (ou não) no espetáculo. Desejei compartilhar a confissão de hoje com vocês.