segunda-feira, 30 de março de 2009

Autorretrato


Título devidamente corrigido pelo novo acordo ortográfico da língua portuguesa, a partir do comentário de Maria.

sábado, 28 de março de 2009

A Hora do Planeta

Hoje, dia 28 de Março, todo o planeta apagará as suas luzes entre as 20h30 e 21h30. Respondem ao apelo das organizações ambientalistas para mobilizar o mundo contra o aquecimento global e alertar os poderes políticos para a necessidade de adaptarem medidas urgentes em prol nosso meio ambiente.

A Hora do Planeta é um ato simbólico no qual governos, empresas e população de todo o mundo são convidados a demonstrar sua preocupação com o aquecimento global e as mudanças climáticas.Em 2009, a Hora do Planeta será realizada no dia 28 de março, das 20h30 às 21h30, e pretende contar com a adesão de mais de mil cidades e 1 bilhão de pessoas em todo o mundo.

O gesto simples de apagar as luzes por sessenta minutos, possível em todos os lugares do planeta, tem o significado de chamar para uma reflexão sobre o tema ambiental.

É uma grande homenagem à Natureza a que todos somos chamados a participar, e pôr em prática medidas concretas de redução dos chamados gases de efeito estufa e que estão na génese do aquecimento global.

sexta-feira, 27 de março de 2009

O abraço de Jussara

Capa do cd

Foto de Ana Oliveira


Ontem, no TCA, recebi um abraço. Jussara Silveira com sua voz abraçou meu peito, meus sentimentos, minha alegria. Seus braços de mar invadiram o teatro e me tocaram no mais belo de mim, como sempre acontece quando vejo/escuto Jussara.
Ela não sabe, mas significa tanto, representa tanta coisa bela... saudade de um amor passado, felicidade do amor presente. Presença constante nos cantos da casa.
Jussara ainda me reencontrou com Miro, vi Maria e Marlon de longe, embora não tenha sido visto e Marcus veio conhecer minha voz e eu saí ganhando porque além de conhecer sua voz, conheci também sua família. Simpatia das mais belas!
Jussara mesmo sem querer me proporciona momentos de muita alegria.
Estou me preparando para ir de trem com os e-amigos e lembrar desse instante lindo que vivemos juntos em poltronas separadas.
PS- Clicando no título entre no site oficial de Jussara Silveira

quinta-feira, 26 de março de 2009

Quem quiser que conte outra

Sem emitir opinião, apenas relatando fatos:

1) Ontem minha mãe ligoupara o orgão responsável pelo combate a dengue. Deu todas as informações "encontramos um mosquito no quarto do meu filho... ao lado do prédio tem um clube desativado com um tanque descoberto... os funcionários vieram colocar remédio no prédio, mas não passaram do primeiro andar... gostaria de saber o prazo para a visita."

Atendente: "tem que esperar, temos mais de 5 mil queixas"

2) Grupos passam em edital de cultura em Agosto 2008 e até hoje não receberam o prêmio.

3) A Vila Brandão, um dos bairros com o menor índice de criminalidade de Salvador - Bahia, vem desde 20 de março de 2009 sofrendo ameaças graves de desapropriação (decreto publicado e aprovado no diário oficial do município) por parte da Prefeitura e especulação imobiliária.A cobiça por estas terras é bastante antiga, pois o local tem uma das vistas mais bonitas da cidade além de ser muito bem localizado. Porém a Vila tem aproximadamente 69 anos de [R]existência, o que faz dela um bairro e não uma invasão, como adoram dizer os noticiários.
link para o blog que consta todo o processo deste caso http://casamatria.blogspot.com/

Por enquanto é isto, depois vem a parte 2, proque não consigo ficar muito tempo sem emitir opinião com coisas como estas.

domingo, 22 de março de 2009

A estante de livros

Maurício estava todo animado com o prêmio que recebeu na rifa: uma estante de livros. Poderia, enfim, guardar seus Cecílias, Clarices, Machados, Hesses, Caios e Lucindas num lugar adequado, diferente das sacolas plásticas ao lado das caixas de papelão do quartinho da bagunça.

Informou solenemente a grande família na hora do almoço. Todos receberam a notícia sem muita empolgação. Todos já tinham suas estantes, seus lugares, seus cômodos. Maurício era o único que dormia do sofá-cama da sala que servia, também, de dormitório para as visitas que chegavam a sua casa. Nessas ocasiões ele dormia junto das sacolas plásticas ao lado das caixas de papelão do quartinho da bagunça.

O irmão mais velho dormia no quarto maior da casa porque precisava guardar suas máquinas de última geração sob o frio do único ar-condicionado, além das lembranças das inúmeras viagens e namoradas que acumulava na vida. A irmã segunda, grávida, organizava o quarto do meio para a chegada dos gêmeos e tudo era duplicado ali dentro: dois berços, duas cômodas, dois guarda-roupas, duas mamadeiras e chupetas, duas banheiras... duas banheiras? psiu, temos que respeitar a individualidade de cada um. Nisso Maurício era de acordo, a individualidade é algo muito importante na vida. O irmão caçula dormia com a mãe porque tinha medo do escuro e também para fazer-lhe companhia já que o pai, que trabalhava na estrada, só aparecia de quinze em quinze para passar dois dias e não guardava nada em casa a não ser roupa suja.

No dia seguinte chegou a estante de livros de Maurício, mas onde colocá-la? Como o que lhe pertencia era apenas o sofá-cama, ele resolveu colocar a estante em cima disso para não ocupar o espaço de ninguém. Toda noite era aquela arrumação de tirar estante, abrir sofá, forrar cama, deitar e de manhã desforrar cama, fechar sofá, colocar estante. Os livros continuaram nas famosas sacolas plásticas a espera do dia em que estariam livre daquele aperto e lindos na estante de metal, mas os dias passaram e nada foi providenciado para que Maurício pudesse guardar seus livros. O rapaz então imaginou que não precisava ter aqueles objetos em mãos, imaginou uma maneira de se livrar deles. Começou a ler de forma admirável todos os livros e a cada um que acabava a leitura ele doava para bibliotecas, vendia para sebos, presenteva amigos. Lia dois de uma só vez, passava madrugadas lendo, amanhecia debruçado nas páginas cheias de letras. Pensou até em concorrer nesses programas de tv que oferecem fortunas em gicanas bestas, desistiu da idéia porque era tímido demais para se exibir na tv. Até que a casa de esvaziou dos livros de Maurício.

As sacolas plásticas ao lado das caixas de papelão do quartinho da bagunça viraram sacos de lixo e não são vistas mais pela casa, a estante de livros hoje guarda os retratos das novas namoradas do irmão, os pacotes de fraldas dos gêmeos da irmã, os imãs de geladeira da empregada, a Bíblia da mãe, as meias de futebaol do caçula, o bilhete de despedida do pai e o único livro que ele não conseguiu acabar de ler: a apostila do concurso que resolveu fazer ao saber que estava desempregado do serviço de empacotador do supermecado vizinho. A crise pegou todo mundo, seu Maurício!

O rapaz hoje tentou buscar na estante da memória passagens de um livro... um dos primeiros que guardou na memória, mas não recordava de nomes importantes. É que o livro falava de muitas gerações, de cem anos, de nomes repetidos...

Maurício olhou para sua estante e não viu seus livros, não achou mais suas sacolas, não pode recuperar a história. Só via pedaços das histórias individuais de sua gente.

sábado, 21 de março de 2009

Dois posts em um e com direito a subtítulos

Com tanta coisa acontecendo não tem como eu falar de uma só. Esta semana foi muito intensa, muito ocupada e por isso eu perdi o lançamento de Vestígios, perdi a oportunidade de conhecer e-amigos e rever amigos adorados.

Primeiro título: Levo minha poltrona porque gosto

Resolvi fazer concurso público, suponho que daqui a algunspoucosanos afogarei o artista em mim e trabalharei em serviços administrativos. É assim que o Brasil quer, é assim que obedecerei. O que mais me incomodou não foi o fato de investir numa carreira totalmente diferente da que me preparei e atuo, mas sim o fato de ter que comprovar que sou deficiente para poder concorrer as vagas reservadas para nós "chumbados". Fora o pagamento da inscrição (que não é barato) temos que ir a médico pegar um atestado dizendo que realemente somos deficientes e gastar mais uns 30 reais pelo envio do SEDEX (exigência do concurso). Acho isso uma loucura, porque não é possível que eu ande carregando uma cadeira de rodas porque acho bonito, chique, ando em cadeira de rodas porque preciso, porque de outra forma não chegaria a lugar nenhum. Isso desde que me entendo.... e ainda pagar mais caro por isso? É sabido que defiente custa caro, tem necessidades que encarecem sua vida, eu mesmo tive que pagar duas corridas táxi para poder ir ao médico, fora o sedex e inscrição. Nem estou acreditando que vá passar nesse concurso, mas quero fazer para testar, para aventurar. Saiu caro!!! As pessoas têm que pensar em alguma forma de não tornar mais difícil a participação dos "chumbados" em concursos. Se nos temos direitos iguais, porque temos que pagar mais caro?

Falando em coisa boa, porque esse assunto já me machucou muito, vem o

Segundo título: A hora da estrela

Fui assisti ao espetáculo, dos Bobos da Corte, baseado na obra da grande Clarice Lispecto.
Macabéia é para mim uma amiga íntima, de dentro, de casa. Com maca eu sorrio porque, assim como ela, eu me esqueço de chorar. Porque viver é um soco no estômago. Porque também sou viciado por Coca-cola e eu às vezes só sei chover.
Antes de chegar ao teatro eu queria beber para distrair um pouco, relaxar, depois que saí dali meu corpo só queria casa, meu refúgio, meu isolamento. No dia em que fiz a inscrição para o concurso, me encontrei com uma obra de arte de tamanha beleza que me deu pena de mim e o diálogo entre Macabéia e sua colega de trabalho Glória, me caiu como o diálogo entre a arte o serviço público: Glória: - Ser feia dói? Macabéia: - Não sei, mas me diga você que é feia: ser feia dói? O pior é que Olímpico fica com Glória

segunda-feira, 16 de março de 2009

Aceito

É um menino o meu coração. Mistura de ansiedade e alegria, saltando as poças de dentro de mim ao encontrar o tesouro, ao chegar sem cair na última fase do game. Juntinho ao outro coração, o meu menino ri e chora e pula e treme a boca ao beijar o outro que não se afastará mais. Nunca! Setença determinada no primeiro olhar. Ali sabíamos que o para sempre nos acompanharia. A tristeza das inúmeras despedidas será escassa, quase nada, cedendo lugar a alegria da companhia, do crescer junto, do avançar impulsionado um pelo outro.

Chegue que a casa é tua, meu coração. Se aconchegue no meu lar que agora é teu. Nunca mais visita, para sempre habitante, morador.

"Quero dizer pra sempre
Que eu te mereço"
Vanessa da Mata

A porta de Alice

foto de Agnés. Wilfrid em ensaio de
Nus a margem da imensa paisagem
no Teatro Gamboa Set/2008


A porta está fechada, avisaram-me alguns. Mas eu estou dentro ou fora? Isto é apenas uma porta fechada sem paredes, janelas, sem muros, calçadas... apenas porta.

Por que não contornam a porta e seguem? pergunto eu. A escolha é de cada um. A porta pode abrir-se, mas até lá continuarão, em fila, a espera? Estou cansado de esperar, quero tomar minha vida. Seguir.

Não sentirá falta de nada? perguta-me aquela. Sim, mas ainda hoje ouvi um senhor dizer que o lugar de onde vimos nos segue aonde quer que estejamos. E este lugar eu fiz, criei, não vim. Há vida, houve morte, há saudade. A saudade é o que dói, mas a porta ainda está fechada e eu não posso parar.

Alice conseguiu atravasser a miniatura e lá dentro cresceu de não caber mais. Estou crescendo aqui fora e se a porta não abrir a tempo não terei como entrar.

É melhor não esperar, orienta-me meu coração. Sigamos juntos então.

A porta fechada e ninguém vê que está aberta.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Nascimento

Não precisei
Nadar no últero
De minha mãe
Para chegar
A algum lugar
As águas foram me levando
E eu nasci

sábado, 7 de março de 2009

Variações sobre um mesmo tema

detalhe de foto de Clarice Miranda

Prender a respiração não funciona mais para aquele menino brincalhão Há a necessidade do mergulho verdadeiro Sensação de água morna, calma, flutuar Há o desejo de saber-se azul, infinito, grandioso Onde estão as águas calmas Tudo o faz lembrar Emília e seu pó de Pirlimpimpim e o príncipe das águas claras Desaperecer talvez seja essa a idéia O mergulho é um desaparecimento da superfície e a entrada na profundeza Mas ele não afunda bóia, bóia, bóia, bóia, bóia....

terça-feira, 3 de março de 2009

As bolas de sabão

Foto de Guilherme Sanches encontrada na internet

Ninguém segura uma bola de sabão. Se tentamos dominá-la, transforma-se imediatamente em passado, lembrança. O menino soube disso na primeira vez que encontrou uma e olhava encantado, como hipinotizado por aquela mistura de sabão, água e ar. Combinação de sutileza ímpar, lindeza e infância.
Pensei em quantas crianças nunca viram uma bola de sabão e nunca verão. Pais ocupados, outros modernos, provavelmente tecnológicos, não viverão a emoção que vivi hoje com o pequeno que apareceu aqui em casa e mudou nossas vidas, trazendo tanta felicidade e emoção como esta.
Uma simples bola de sabão foi a causa de minha comoção e pensamento na infância e suas belíssimas sutilezas e simplicidades.
Uma bola de sabão, imagine só, foi uma oração voando pelos cantos do quarto, um encatamento que jorrava daqueles olhos estupefatos do bebê que não tinha sido ainda apresentado àquela brincadeira tão besta e, a partir de hoje, tão transformadora em nossas vidas. Hoje compartilhamos uma coisa que não sei explicar, mas que nos uniu ainda mais.
O bebê não tinha me reconhecido desde que cheguei da viagem onde fiquei quase duas semanas longe, mas depois da bola de sabão voltamos a ser cúmplices. Sei pelo olhar de companheiro que ele me lançou. Eu um bebê grande se encantando com os ensinamentos do caçula de 7 meses.