segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Casa Arrumada

Recebi este texto por email, de uma amiga muito querida. Gosto, especialmente, porque tem muito a ver com o jeito que lidamos aqui em casa, que é um lugar cheio de bugigangas, coisinhas, caixas.... e cheio de muito amor, aberto para tanta gente.
O melhor é que sempre as pessoas querem voltar. No email dizem que é um texto de Drummond, eu particularmente, acho que não é, mas......

Casa arrumada é assim...
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos, netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Je t'aime porque je t'aime

Je t'aime porque espero chegar os amores daqui a pouco.
Je t'aime para cantar.
Je t'aime porque a dança fez isso com a gente.
Je t'aime porque é em mim que isso existe.
Je t'aime porque não podemos mais viver sem......
Je t'aime pra esperar dormindo.
Je t'aime para sonhar



Euphorico: Je t'aime é a sétima edição do intercâmbio promovido, anualmente, pelo Grupo X de Improvisação em Dança/Salvador junto com a Cia Artmacadam/França e este ano investigará as relações afetivas, os encontros, as distâncias, as aproximações. O que carregamos nessa mala-corpo, nesse peito, nesse olhar. Como enxergamos o outro e nos revelamos a partir disso.

Je t'aime como uma declaração ou uma confissão. Revelação ou simplesmente velar-se por trás do sentimento. O que utilizamos para sentir: carta, canção, soneto, flor? Piada, sorriso, lágrima, beijo, mar? Lua, sonho e travesseiro?

Cada um trazendo o seu próprio Je t'aime, compartilhando, oferecendo, negando. Gritando ou sussurrando. Simplesmente estando ali para alguém, para si mesmo.

Intérpretes/criadores: Fafá Daltro, Edu O., Hugo Leonardo, Wilfrid Jaubert, Helene Charles
Músico convidado: Massumi


PROGRAMAÇÃO


- Oficina Je t’aime. Permita-te um momento de... (GRATUITA)
13, 14 e 15 de Setembro – 09h às 12h – Sala de ensaio do Espaço Xisto Bahia

Oficina de criação e improvisação para pessoas com deficiência, estudantes e  profissionais de Dança, onde serão compartilhados os processos coreográficos particulares das duas companhias, assim como a metodologia aplicada nesta edição do intercâmbio, compartilhando corporalmente a Poética do Encontro e mostra aberta dos resultados alcançados.


Inscrições para as oficinas, através do email: grupoxdeimprovisacao@gmail.com enviando NOME COMPLETO, IDADE, PROFISSÃO, FORMAÇÃO, ENDEREÇO, TELEFONE E UM "JE T'AIME" PARA O GRUPO.


Obs: Je t'aime pode ser um recado, uma música, uma flor, um desenho, poesia, uma palavra... o que vocês escolherem como seus "je t'aime"

- Ensaios abertos
13 e 15 de Setembro – 14h às 17h -  Foyer do Espaço Xisto Bahia

Conversas sobre CulturaAutonomia: eficiências e estratégias em Dança .
14 de Setembro – 14h às 18h – Espaço Xisto Bahia
Mediadora: Lenira Rengel
Debatedores:
Wilfrid Jaubert e Helene - Cia Artmacadam /França.
Fafa Daltro e Edu O. Grupo X de Improvisação em Dança/Salvador                                                
Ninfa Cunha – Dançarina – Associação Perspectiva em Movimento/Salvador



Performances em espaços alternativos, estratégias e sobrevivência.
 16 de Setembro – 15h às 18h

- Mostra Euphorico: Je t’aime
 21 de Setembro – 20h - Espaço Xisto Bahia




Importante: nesta edição contamos com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, FUNCEB através de sua Diretoria de Dança, Espaço Xisto Bahia, Conseil Régional Paca, Conseil Général du Var, le  Centre National et de Diffusion Culturelle de Châteauvallon la Ville de La Seyne sur mer.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O que mesmo eu estou falando? Para quem?

Sobre o que mesmo eu estou falando? Para quem?
Falo sobre mim, isso é óbvio, mas o que eu falo também está em tudo, em todos: No cigano, no índio, no negro, no japonês... no engenheiro, médico, ator, dançarino, professor, jornalista, produtor.... está no analfabeto e no letrado... está na cultura, na arquitetura, turismo, economia, educação... Está na criança, adulto, jovem, velho...
O que eu falo é simples de entender, mas se você não sente apertar ou não conhece alguém que tenha o calo, é comum  achar que não é com você o que eu falo. Mas eu também falo de você.
Porque acessibilidade não é exclusividade de deficiente e hoje me permitirei sair das nomenclaturas exigidas, do politicamente correto “pessoa com deficência”, porque quando eu não vivia sob as regras e normas da tal “inclusão” eu era muito mais incluído. Eu nem sabia que isso existia porque eu simplesmente vivia e estava em todos os espaços sem me sentir invasor de um território que agora me fazem pensar que não era meu.
Talvez as nomenclaturas tenham afastado as pessoas do real sentido do que significam. Acessibilidade. Palavra difícil de compreender e de familiarizar, chegar perto. Simplesmente é permitir que todas as pessoas tenham acesso a bens e produtos igualmente.
Ontem participei do Fórum de Políticas Culturais, na Sala do Coro do TCA, com a presença de Sérgio Mamberti – Secretário de Políticas Culturais do MINC e Américo Córdula - Diretoria de Estudos e Monitoramento de Políticas Culturais que falaram sobre o Plano Nacional de Cultura. Nesta ocasião entreguei a Carta Repúdio ao Prêmio Arte e Cultura Inclusiva 2011 – Edição Albertina Brasil – “Nada Sobre Nós Sem Nós”.

Quando tive oportunidade repeti tudo que já falei aqui sobre o absurdo do Edital, os equívocos, o desrespeito a determinados pontos que já haviam sido discutidos na Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para Inclusão de Pessoas com Deficiência, realizada no Rio de Janeiro entre os dias 16 e 18 de outubro de 2008, documento que serve de base para o referido Edital. Américo disse que já tinha conhecimento da Carta, afirmou que o Edital havia começado quando ele estava à frente da Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura que agora está com Marta Pavese Porto, mas havia sido deslocado e não tomou mais conhecimento do que havia acontecido. Tanto ele quanto Sérgio Mamberti demonstraram concordar com nossa queixa, mas também percebemos que dali não sairia muita coisa. Américo, inclusive, disse que eles já tinham conhecimento da Carta Repúdio e que esta já havia chegado ao seu email.

Por um lado fico satisfeito que em tão pouco tempo nossa mobilização já tenha chegado aonde ela deveria chegar. O MINC já tem conhecimento que estamos atentos e que não aceitamos mais as migalhas que o discurso da inclusão teima em dizer que é caviar. Não podemos mais aceitar que um evento como o de ontem, por exemplo, não tenha preocupação com a Acessibilidade Plena, como está definido em LEI e que o MINC patrocina e promove eventos e projetos sem esta preocupação. Tentaram justificar o valor alto para se fazer acessibilidade, entendemos e sabemos disso, mas é esta a questão principal que jogamos ao Governo. O que eles estão fazendo para promover esta acessibilidade?

Não podemos admitir que os segmentos sociais não se mobilizem também a favor desta causa que é, sim, da conta de todos.  Os movimentos Negro, LGBTS, Indígena, Cigano, Cultura Popular e todos os demais, tem que assumir também esta responsabilidade, porque deficiência não é etnia, não é segmento. Deficiência é condição física e assim sendo, está ligada a todas as pessoas. Afinal para ser pessoa você tem que ter físico, corpo.
Nosso abaixo-assinado continua online e eu peço mais uma vez que todos assinem, tenham consciência de sua responsabilidade nesta causa e saiba que isso faz parte de sua vida. Infelizmente não tivemos até agora a adesão desejada. Mas ainda temos esperança e faremos barulho até que todos saibam e entendam o que dizemos.

Mais uma vez o link para assinatura da Carta Repúdio ao Prêmio Arte e Cultura Inclusiva 2011 – Edição Albertina Brasil – “Nada Sobre Nós Sem Nós”

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N13330

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Meu primeiro concurso público com minha mãe

Estávamos recém-chegados a Salvador, quando vim fazer a Faculdade de Belas Artes na UFBA. A ansiedade da família para que eu conseguisse emprego era grande, especialmente minha mãe que me via saindo muito com amigos, aproveitando tudo da capital, sem dar sinal de interesse por maiores responsabilidades. Foi quando surgiu um concurso público para pessoa com deficiência trabalharem nos Correios.

Minha mãe saiu correndo para fazer a inscrição, ficou mais nervosa do que eu. Fiz bem a prova escrita e segui para a segunda etapa que era uma entrevista com Assistente Social do IBR. Perdi aula e fui em companhia de minha mãe que também achou prudente entrar comigo na sala onde haveria a conversa. A mulher começou as perguntas de praxe: Nome, idade, endereço, formação..... Perguntou outras coisas e culminou na "O que você gosta de fazer?". Minha não satisfeita em ter respondido a todas, TODAS as perguntas, sem dar bola para os meus rabos-de-olho, sem pensar no que aquilo poderia resultar, ficou eufórica e orgulhosa disse:

- Ahhhhh!! Ele é muito farrista. Adora chegar de manhã em casa, se junta com a turma e bebe todas....

Eu, morrendo de vergonha, sussurrei um "maiiiiiinhaaaaa". Ralo! Estava destruída a chance de meu primeiro emprego.

Recebemos dias depois um comunicado me convidando a outra entrevista com uma psicóloga, para definir a contratação. Eu havia passado em primeiro lugar. "O candidato tem todas as qualidades exigidas, é muito inteligente, mas não tem autonomia". Choramos de rir até hoje com isso, porque eu posso ser burro, ignorante, retardado, mas não ter autonomia é demais.

Entreguei o documento como um diploma a minha mãe; "parabéns, mainha, a senhora passou em primeiro lugar!"

Chovia muito no dia da entrevista com a psicóloga, mas preferi não arriscar, pedi a mainha que fosse fazer umas compras no centro, dei uma lista enorme para ficar bastante ocupada enquanto eu fazia a última etapa do concurso.

Infelizmente não fiquei no emprego, a remuneração era muito baixa e eu pagaria para trabalhar por causa do transporte. Mas valeu a comédia da vida diária!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Carta ao MINC

Há mais de uma semana recebi com espanto e preocupação a nótícia de que o Ministério da Cultura estava lançando um Edital de Inclusão, o Prêmio Arte e Cultura Inclusiva 2011 – Edição Albertina Brasil – “Nada Sobre Nós Sem Nós”. A princípio parece uma boa iniciativa, mas o que vemos são equívocos que pretedem repetir a exclusão pela inclusão e premiar a deficiência ao invés da qualidade artística, da importãncia da pesquisa ou as iniciativas de respeito. Um dos muitos absurdos é solicitar laudo médico do deficiente. Num edital que pretende contemplar iniciativas de inclusão, teremos que enviar documentação e registro confirmando as ações. É inadmissível e desrespeitoso com os profissionais, terem que se deslocar para conseguirem laudo médico. Entre outras coisas.

Sabemos também o quanto de oportunistas existem em todas as áreas, mas no que se refere a Inclusão este número é enorme e corremos o risco dessas pessoas serem premiadas e receberem o aval do Governo. Os deficientes são as pessoas que menos ganham com esse tipo de iniciativa.

Lembro que acessibilidade não se restringe a quem trabalha com deficiência ou às pessoas que a possuem, mas diz respeito à toda sociedade e é de responsabilidade de todos, sim. Acessibilidade plena e não apenas rampas de mentira e discursos bonitinhos para aliviar a culpa de quem tem.

Por favor, peço que vocês assinem este abaixo-assinado feito por um grupo de respeito e envolvidos neste assunto. Temos pressa em recolher o maior número de assinaturas porque terça-feira haverá, em porto Alegre, um encontro com o pessoal do MINC e poderemos entregar em mãos este documento. Assim, teremos respaldo para reclamar e pedir providências.

Link para assinatura:  http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N13330

Link para ler o Edital: http://www.escolabrasil.org.br/

Divulguem também, por favor.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Eu quero uma vida-lazer

Para mim quanto mais simples, mais belo e rico.Sou menino criado em janela de avô, visitando caseiro de sítio com colchão de palha, enterrpo de boneca de papel que perdeu a cabeça, conversa de horas com mulher pobre morando com recém-nascido em casa abandonada, Dona Lurdes assistindo a TV, lágrimas por um beija-flor.

Dou risada lembrando de coisas bestas, palavras, pequenos gestos, alguma expressão. Tudo da vida que simplesmente passa. O tempo se arrastando em cada um de nós. Gosto do tempo. Não sei lidar com ele, é diferente.

Acabei de assistir ao filme "Viajo porque preciso, volto porque te amo", dos diretores Marcelo Gomes e Karim Aïnouz. Uma frase ficou marcada e sei que nunca mais me largará:

Eu quero uma vida-lazer!
Eu quero uma vida-lazer!
Eu quero uma vida-lazer!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Trilogia Feminina

Algumas pessoas pensarão sem dúvida que somos um pouco irreverentes, mas eu não acho. Que melhor maneira de dar graças ao Todo Poderoso do que rirmo-nos das suas brincadeiras, sobretudo quando não tem grande graça?
(Dias Felizes - Samuel Becket)


Fotos de Célia Aguiar, Alessandra Nohvais e Débora Motta (em ordem)

A semana começou brilhante! A terceira parte da minha Trilogia Femina foi aprovada no Edital Quarta que Dança, promovido pela Diretoria de Dança da FUNCEB.

 Ah, se eu fosse Marilyn! teve início ano passado numa performance em Itacaré e agora considero de fato sua estréia. Iremos percorrer três praias de Salvador e a intenção é viajar com esta interveção em diversos lugares. Evoé!

Este novo trabalho é uma proposta artística de intervenção urbana que pretende refletir sobre  o que nos tornamos com a passagem dos anos. Aquilo que chamamos de “chegar lá” e corresponde aos desejos antigos. Quando sabemos que chegamos lá? Quando alcançamos os sonhos? O que pode acontecer depois disso?
Depois venho com mais calma, detalhar a idéia. Agora deixo apenas um aperitivo.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

MenAs eu - coisas de Santo Amaro

É coisa, viu? Santo Amaro é mesmo uma terra cheia de "causos".

Uma senhora de muito respeito vivia dando passeios com outros homens que não eram seu marido. Por isso, as línguas maledicentes da cidade começaram a falar mal da pobre coitada que se divertia fora de casa. Num determinado dia, escreveram no muro da casa desta família:

"Aqui só tem corno e puta!"

O marido bem sabiamente, respondeu à provocação:

"MenAs eu. Ass: Bilú"

*nome fictício

Imagem da Prefeitura de Sto Amaro

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O tempo dá, o tempo tira

"O tempo dá, o tempo tira, o tempo passa e a folha vira"

Na minha Trilogia Feminina, a primeira tem medo do porvir, do abismo à nossa frente, escuridão necessária e fascinante. A segunda carrega o peso das histórias, do que viveu, tudo em nós reverberando o que foi/fomos. Agora.... o agora.... é a terceira que chegou com força e reflete sobre o que somos, no que deu tanto passado e as expectativas do futuro.

Hoje, a minha homenagem e reverência ao Tempo. Pedindo que saibamos todos lidar com ele de forma tranquila, leve e feliz.

És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
(Oração ao tempo - Caetano Veloso)



Iroko

Foi o primeiro filho de Oxalá e é considerado um dos mais velhos dos Orixás. Iroko está associado a uma árvore que possui suas próprias características: determinação e inflexibilidade. Existe uma lenda que conta que Iroko foi a única árvore que teria sobrevivido no planeta, devastado por uma seca que ocorreu por causa de uma briga entre o Ceú e a Terra. Por ser muito grande, suas raízes são bem enterradas no solo, dando estabilidade. Sua copa se encontra nas alturas do ceú. No Brasil, a árvore de Iroko é a gameleira branca. Os filhos deste Orixá procuram ser estáveis em todas as situações. No trabalho, são dedicados e por isso conseguem impor muito respeito. Mas no relacionamento pessoal, algumas vezes acabam se metendo em situações constrangedoras, pois acreditam apenas em si próprio e não dão oportunidade dos outros opinarem.

Iroko está ligado à longevidade, à durabilidade das coisas e ao passar do tempo.

Dia da Semana: Terça-feira. Cores: Branco, Verde (ou Cinza) e Castanho Símbolo: Lança, Grelha Domínios: Tempo, Vida e Morte Saudação: Iroko I Só! Eeró!

Iroko ou Tempo, como também é conhecido, é um orixá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes orixás desceram à Terra. Iroko é a própria representação da dimensão Tempo.

Em todas as reuniões dos orixás está sempre presente Iroko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam directamente na sua ação eterna.

Fontes:
http://www.paiogun.com/iroko.htm
http://www.raizesespirituais.com.br/iroko-orixa-raro/



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A alma que percorre o corpo

Para que a alma percorre corre escorre nesse corpo?
Corpo sem mãos, sem beijos, sem o que era eu
Por que esta alma insiste em habitá-lo
Se já não é mais casa cheia de sorrisos?
Louca alma
Insana
Vagando em espaço ermo
Corpo sem língua, sem cheiro
Triste corpo sem arrepios

domingo, 7 de agosto de 2011

Esperanto

Foto de Edu O.

Perco horas desejando
que meu amor me coma com todas as suas línguas:
Inglês, Javanês, Esperanto.
Que não me deixe esperando tanto!

sábado, 6 de agosto de 2011

Entrevista na revista VOID


Há uns meses atrás, passeando por blogs sobre devoteísmo me deparei com um comentário de Sabrina Duram, jornalista querendo informações sobre o tema. Achei que ali teria uma ótima oportunidade de reciclar minhas fontes, saber mais sobre a pesquisa dela. Então, mantivemos contato, ela me fez entrevista, trocamos idéias e informações e agora ela me envia a entrevista publicada na íntegra, em meio a uma matéria deliciosa sobre os devotees. a revista toda é gostosa. Estou esperando chegar em casa meu exemplar de papel, mas podemos curtir tudinho virtualmente tb. Minha entrevista está lá pela página 62.


Link para acesso à revista: http://issuu.com/arevistavoid/docs/void_072

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Rio da minha aldeia - Coisas de Sto Amaro


O Rio Subaé é cantado em verso e prosa por sua sujeira, poluição, enchentes... Eu quero lembrá-lo pela beleza calada e quieta e constante a nos vigiar. Ninguém que não seja santamarense poderá entender o que este rio significa para cada um de nós daquela cidade, Santo Amaro.

Hoje tive a feliz surpresa de ver pelo Canal Brasil, o documentário "Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda". Emocionante a relação dela com o lugar, com sua mãe e a música. Eu ainda não tinha assistido a este filme, mas como sabemos que tudo tem seu momento, hoje era o meu de ver aquilo e me emocionar como me emocionei. Num determinado instante do vídeo, Bethânia recita este poema de Antônio Caeiro, enquanto passam imagens lindas do Subaé. E eu enchi, enchente de 1989. Passei por alguns rios grandiosos, famosos do mundo e foi exatamente assim que senti.

O Tejo é mais belo
Alberto Caeiro

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,
O Tejo tem grande navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Quem quer perder dindin?

Eu havia me prometido não falar sobre o assunto porque fico me metendo em tudo, emitindo opinião e principalmente me irritando com as situações. Hoje me obriguei a dar bom dia ao sol, sentir alegremente o vento entrar pela janela, imaginar um lugar lindo de contos de fadas. Acordei assim, querendo estar numa alegria imensa. Tomei banho pensando na limpeza de tudo de ruim, principalmente dos pensamentos. (que texto uó, né), mas eu queria estar uó mesmo. Um dia de Pollyanna.

Que nada! Impossível um mundo assim quando se tem uma tv na sala, ao lado do computador onde se trabalha. O programa Bahia Meio Dia, da Tv Bahia, resolveu comprar a briga dos pagodeiros e falar sobre a "polêmica" (eles que estimulam) sobre o projeto de Lei que prevê a proibição de financiamento público para artistas que incentivem violência contra mulheres.

A deputada Luiza Maia (PT-BA), criadora do projeto, em entrevista ao programa Fantástico da TV Globo, explica: “O meu projeto é apenas para impedir que determinados compositores, determinadas bandas, sejam contratadas com dinheiro público. Bandas que tenham músicas ofensivas às mulheres, que desvalorizem, que desrespeitem as mulheres e que incentivem a violência contra a mulher. Não dá para cantar "dá a patinha" como se nós fôssemos animais ou objetos sexuais”, explicou a deputada.

O que me admira e irrita é a abordagem sobre um assunto tão sério que ultrapassa a questão da violência contra a mulher. Com isso podemos questionar também qual o pensamento dos políticos sobre o tema, sobre o porque da escolha desses artistas e não de outros com trabalhos mais sérios, ricos e educativos. Enfim...

Lógico que a thurma da música baiana foi contra o projeto porque ninguém quer perder dindin, não é mesmo? e vem com o discurso de que amam as mulheres e que tem coisas mais sérias para serem proibidas. Não concordo. Acho que isso, aqui nesta cidade, é tão sério quanto a questão do salário dos professores, dos meninos de rua, da prostituição infantil e das drogas. Será que uma coisa não está ligada à outra?

A mídia como gosta de carnavalizar todos os assuntos, talvez por acreditar que nós, simples mortais, somos incapazes de refletir, joga tudo num mesmo saco e trata tudo de forma rasa e perigosa. Entrevistaram jovens ao lado dos artistas/cantores/famosos/gostosos, achando que alguém vai ser contra eles que chegavam seduzindo todas, na verdade já estimulavam uma resposta quase pronta. No estúdio do jornal local, a apresentadora deleitava-se com o cantor que descia até o chão rebolando, cantando, pedindo para as mulheres darem a patinha e sentarem, ralarem a xana no asfalto.

Os ignorantes da banda Blck Stile falavam de ditadura, de censura. A deputada não quer proibir as músicas, quer proibir que o dinheiro público seja usado para fortaceler a falta de senso crítico. As festas de camisa colorida e tantas outras não serão proibidas. As bandas podem fazer seus shows aonde quiserem. O projeto é claro sobre isso, mas a midia local insiste em crucificar a deputada que virou alvo de piada no telejoral, quando a banda repetia "venha pro meu mundo, deputada!". Para mim a ditadura está na alienação e na forma massante que determinados ritmos e músicas são impostos ao povo que tem muito mais a absorver e trocar. Falo de cadeira porque vemos nos trabalhos que fazemos nas periferias, interior e para o público de baixa renda o quanto absorvem, contribuem e enriquecem nosso trabalho. Olhe que estou falando agora de Dança, o que teoricamente é mais difícil de chegar às camadas mais desprivilegiadas.

Voltemos à reportagem. O que se via era a total falta de comprometimento com os fatos. Era a conivência com o emburrecimento do povo. Eles devem estar certos. Afinal, quem quer perder dindin, não é?

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Quero por muito tempo

Eu já falei inúmeras vezess sobre as alegrias que Judite me deu/dá. Para mim é surpreendente como este projeto tem um alcance amplo, possibilidades muitas de entendimento, compreensão. Criado, inicialmente, para adultos, o espetáculo conquistou rapidamente o público infantil. Tem sido assim desde 2008, dois anos depois da estréia no Café DaVinci, em comemoração aos meus 30 anos.

Hoje, recebi um convite de uma amiga querida, Silvana Mendes, para fazer alguma coisa para seus alunos na Escola São Domingos Sávio, instituição da rede municipal de Salvador. O público abrangia desde crianças pequenas da pré-escola até meninos mais velhos de primeiro grau. Que alegria ter acordado cedo, cansado, para ir me encontrar com Judite, as crianças e a equipe da escola.

Chegamos, eu e Cate, a escola estava toda enfeitada de pipas, cartaz com Judite, plantas cheias de borboletas pintadas e casulos de cordão, textos criando o fim da historinha da lagarta, desenhos, sorrisos e muito carinho. Fiz uma performance diferente, sem todos os recursos que podemos fazer em espaços para apresentação. Era tudo ali na sala mesmo, menino apinhado, curtindo, olhos atentos, falando, rindo, ajudando. Professoras animadas, carinhosas e o sorriso de Sil. E o café da manhã delicioso?

Há tanto tempo fazendo e vivendo Judite... e ainda quero por muito tempo. Quero minha arte reflexiva, mobilizadora, cheia de possibilidades, multiplicadora...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

#euassino:para acabar com impostos sobre produtos tecnológicos para deficientes

É rapidinho, não dói e a causa é importante. Por favor, assinem!

No Brasil, cerca de 27 milhões de pessoas – ou seja, mais de 10% da população – apresentam algum tipo de deficiência, e 70% delas vivem na linha da pobreza ou abaixo dela. A tecnologia pode melhorar, e muito, a qualidade de vida desses indivíduos. Porém, 90% dos produtos voltados a esse fim são importados, e pagam, em média, 60% em impostos para entrar no país. O resultado são preços elevados, restringindo o acesso a um grupo privilegiado da sociedade.

Assine o abaixo-assinado aqui

O movimento "#euassino" , criado pelo Olhar Digital, quer pressionar o governo federal a acabar com os impostos de importação sobre todos os produtos destinados a pessoas com deficiência. São itens como cadeiras de rodas especiais, bengalas com ultrassom, impressoras brailes, entre outros.

A ação começa com o incentivo ao uso da hashtag #euassino no Twitter, das 12h às 23h59 do próximo domingo, dia 24/7. No mesmo dia, o programa Olhar Digital, veiculado na Rede TV! a partir das 15:45h, exibirá uma matéria especial abordando o assunto e chamando a atenção da sociedade para o problema. As ações têm o objetivo de colher 600 mil assinaturas em um abaixo-assinado virtual (no endereço www.olhardigital.com.br/euassino), que será enviado ao Congresso para pressionar pela aprovação de um Projeto de Lei (PL 7916/2010) - que já está na Câmara dos Deputados – e que prevê o fim dos impostos de importação para produtos voltados a deficientes.

O objetivo é fazer com que o Brasil siga o exemplo de países europeus, que, na década de 1950, assinaram o Acordo de Florença. O documento prevê a isenção de impostos para importação de qualquer objeto usado para educação, progresso e inclusão das pessoas com necessidades especiais.

A tecnologia pode fazer toda a diferença para quem mais precisa dela. Participe dessa iniciativa:  assine aqui e tuíte a hashtag #euassino no Twitter neste domingo!

Uma carranca para Agosto


Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro - e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. [...] Para atravessa...r agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.

Caio Fernando Abreu

* para jogar longe a urucubaca que dizem haver em Agosto