Dói o meu ouvido
É esse som estridente!
Parece microfonia essa música!
Está tocando “Ave Maria” em mim
Seis da tarde e você não vem
O ocaso me escureceu a mente
Me deixou no breu
Estou na janela
Não sei se te procurando
Ou procurando a coragem para me jogar
Não tenho!
Desisto.
É muito alto!
Alto, inclusive, para te ver!
Sento-me no chão
Olho a porta que não abre
Abro a carteira de cigarros
Fumo o maço em meia hora
Tremo as mãos
Temo chorar
Pego cerveja na geladeira
Volto ao chão
Vejo um avião passar
Que dia vou para lá?
Agora quero água
Tomo as lágrimas
Saudade
Desejo
Fracasso
Quero alguém para acender minha escuridão
Jogo coisas fora
Minha casa sem mobílias
Fica ainda mais vazia
Somente um tapete, almofadas e revistas.
Ah! E aquele cinzeiro lá no canto!
Cheio de cinzas, com as bagas de cigarro.
Parece cenário mal acabado
Olho as paredes
Lisas, sujas, surdas...
Não ouvem meu pedido
Deito nas almofadas
O tempo parece parado
A “Ave Maria” continua em mim
E a sensação de que algo está acabando
E não é somente o dia
Acendo uma vela
Eu não sei rezar
Não sei como pedir a Deus para te mostrar
O vento que quebrou o vidro da janela
Acabou de apagar a chama
Sussurrando te chamo
Mas não me faço ouvir
Decido sair de casa
Pego outra cerveja
Saio cantarolando uma canção
Carros passam rentes ao meu corpo
Ruído de buzinas ouvem-se ao longe
Batidas bem próximas a mim
Pessoas desconhecidas agora falam comigo
Uns me xingam
Outros querem saber como estou
Não consigo abrir os olhos
Acostumei com a escuridão
Respiro com dificuldade
Sangra minha boca, meu peito...
Sangro!
Peço que me levem para casa
“Aquela, ali, da esquina!”
Debaixo da porta um bilhete:
“Meu amor,
foi difícil chegar,
demorei mais do que deveria.
você não quis esperar...
volto outro dia”
2 comentários:
Droga! por que decidiu sair? por que?
E eu aqui torcendo pra dar certo!...
UI!!
A surpresa foi de arrepiar.
Para que tanta ansiedade seu moço?
Grande abraço Edu
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