segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pára-brisa trincado

Sem você aquela São Paulo não foi a mesma para mim
Estive andando pela rua, sozinho,
Levando no colo um peso azul de uma vida
Numa companhia que eu desconhecia,
Que não era eu
Eu estava vestido de preto assim como você, entende?
Eu usava, ainda, um casaco verde
Eu quero dizer é que o que me protegia era verde
Esses detalhes são importantes porque fiz estudo de cores, Jung... essas coisas
Estou fazendo terapia
Pela primeira vez andei sozinho
E isso não foi um problema, não foi ruim
Estar só até que fez bem para mim
Passando numa rua vazia
Vi um carro com pára-brisa trincado
Haviam tentado roubá-lo
Eu me senti aquele pára-brisa
Que não se conserta, não se ajeita
Não tem jeito para uma alma trincada
As rachaduras num vidro são como cicatrizes profundas
Sem você agora
Tenho que dirigir minha vida
Olhando por entre as rachaduras

Mudando de assunto - Resolvi colocar embaixo da foto principal do blog uma página com os MICROCONTOS DEVOTEES. Acho que vale a pena os amigos aqui do Monólogos na Madrugada compartilharem esses presentes que tenho recebido lá no Corpo Perturbador.

3 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Adoro poemas com versos assim, que atentam para o mundo em torno, como um passeio por ruas, com gosto de cotidiano que alcança o universo.

Anônimo disse...

Gostei do poema. Quanto ao miniconto devotee, não consigo cara. Sempre descamba para a pornografia. Não sei ser sutil. Não sei ser erótico. E tem mais, não é como gostar de loira ou morena, é tara pura esse negócio, por mais que digam que não é exatamente assim. Oxe, desisto.

aeronauta disse...

Oi, Edu, vê-se nos poemas seus
sua alma: pura e grandiosa.
Gosto muito de sua presença na minha casa.
Bjos.