CASA DE MASSAGEM
Herculano Neto
Sou atendente de uma casa de massagem no Centro de Salvador há seis meses. Minha família acredita que trabalho como doméstica numa casa de família, mas na verdade ofereço serviços sexuais rápidos e baratos. Tudo é muito simples: os clientes tocam a campainha, encontram dez garotas trajando lingerie, escolhem a que desejam, depois pagam e vão embora, como se tivessem acabado de sair de uma lanchonete.
Hoje, observando pelo olho mágico, tive a impressão de que havia um homem com um bebê. Quando abri a porta, descobri que ele carregava o irmão de dezenove anos, que não possuía nem braços ou pernas. O homem disse que era aniversário do irmão e queriam comemorar. As meninas, assustadas, baixaram a cabeça com receio de serem contempladas; eu não – talvez por isso ele tenha me escolhido.
Dentro do quarto, tentei puxar conversa, descontrair o ambiente, mas ele não dizia nada. Então, tirei sua roupa cuidadosamente, segurei seu torso como se fosse uma boneca (ele era mais pesado do que aparentava) e o coloquei numa posição que eu imaginava ser a mais apropriada para o ato. Foi a primeira vez que gozei no trabalho.
A segunda versão deste mesmo microconto está no blog O Corpo Perturbador.
No mês de Agosto o blog do Corpo Perturbador realizará um concurso de MICROCONTOS DEVOTEES. Na verdade, se trata de uma brincadeira onde pretendo estimular a todos pensarem em situações em que o tema esteja inserido. Não haverá julgamento, nem o melhor, nem o pior. Para mim é importante pois as situações criadas para os contos podem me estimular na coreografia, a pensar em cenas, ao mesmo tempo em que fortalece a participações dos visitantes no blog.
9 comentários:
Salve os diálogos da madrugada.
Interessante!
Vou lá ver como é.
Legal!
Vou lá conferir mais...
Herculano é danado de bom com minicontos, domina completamente a técnica.
Passa mil coisas pela memória, diante de um texto desses, que sabemos que pode até ser ficcional, mas cheio de casos parecidos na vida real!
Abraço.
Edu, sacanagem começar com Herculano Neto que na falta de um, te mandou dois. Mas vou ver se produzo alguma coisa. Já entendi o que é devotee. Confesso que me assustei. rs
Voz e semblante taciturnos.
Alheia ao mundo, e foi imensamente,
feliz naquele dia com o pesado torso.
Icrível a lucidez da escrita.
Forte abraço.
Bom vir aqui e ler esse belíssimo conto, Herculano é craque!
Massa! Não sou de prosa, mas vou pensar em alguma coisa!
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