Eram mais de 25, todos do mesmo saco, assistindo a aula, ganhando presentes embaixo da árvore de Natal com algodão nos galhos pequenos, brincando na varanda da casinha do bairro distante daquela cidade do interior.
Eu não sabia, mas já exercitava a tolerância e nunca imaginaria que ser diferente poderia causar guerra. Tinha índio almoçando com astronautas, enfermeiras passeando com o paciente em cadeira de rodas de mãos dadas com o pedreiro da obra vizinha.... Tinha tanta coisa que eu perdia, ou ganhava, minhas tardes brincando com aquele monte de bonecos de Playmobil.
Minha irmã brincava com Teco, seu boneco grande. Não era ainda um bebê perfeito, era feito de plástico barato, com articulações robóticas, mas era meu afilhado. Ela não sabia, mas já exercitava sua maternidade e previa um lindo futuro.
Hoje ela tem um boneco lindo, com articulações e sorriso e olhar curioso e tanto amor!!!! e grita e chora e brinca e bole e sonha nos fazendo sonhar!!!! E também é meu afilhado, oficializado agora com as bençãos da Igreja Católica. Não tinha me dado conta, mas este é um ritual bonito, embora cheio de detalhes de hipocrisia como esta igreja adora cultivar.
Já sou padrinho de uma princesa linda, sou o seu Dindo Du, para meu pequeno devo ser o seu Tio Dindo. Para mim os filhos que não teria e não fecundei/gerei.
Para seus pais minha gratidão e felicidade pela confiança. Espero ensinar e brincar de fantasia como fazia naquela cidade do interior há tanto tempo atrás. Hoje a responsabilidade é maior. No fundo eu acho que eles que irão me ensinar e me manter na fantasia da felicidade que eu experimentava na varanda.
* Escrevi este texto em 26 de Janeiro de 2009 e meus sentimentos ainda são tão atuais. Agora ganhei mais um afilhado, na verdade já era há muito tempo, mas aficializamos no Natal. Adoro revisitar meus escritos e vê-los vivos.
Um comentário:
a medida que o tempo for passando, só deverá mudar o numero de afilhados. rs...que lhe enchem de alegrias.
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