terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Wilson Semanal - 3º capítulo

"Eu bem falei que esse negócio de internet não presta", repetia Dona Deda falando ao telefone com a irmã Dêga, aquela baiana que vende bolinhos de carimã com mingau de tapioca na feirinha de quinta-feira da Herculano de Freitas. Elas são tias de Wilson.
"Eu to retada ca cara dela!" continuava Dona Deda já carregada no sotaque paulista.

Wilson havia chegado de viagem triste e com sangue nos olhos de vingança pela péssima despedida das férias. Havia recebido uma mensagem de voz com um coral cantando uma versão da música I will survive:

Ai Wilson vai
Porque aqui
Você causou bagaça demais
Por favor não volte mais
Deixe minha Bahia em paz
Wilson vai
Wilson vaaaaiiiii
Wilson vaaaaiiiiiiiii

Aquilo transformaria a pequena menina num poço de ressentimento e ela não fez outra coisa senão passar as 36 horas dentro do ônibus pensando de que maneira limparia sua barra, nem que para isso sujasse a dos outros.

Quem a buscou na rodoviária foi a taxista Gôga. Mulherão de tirar o chapéu e a pochete, chofer de táxi, sofrida por tantos dissabores amorosos, mas aventureira na paixão, viciada em água gelada. "Água gelada me acalma por dentro", repetia sempre que tirava do isopor seu copo plástico e a garrafinha térmica com gelo dentro, com aquela voz rouca de quem fuma 3 maços de cigarro por dia.

A louca havia tido uma experiência longa com uma japonesa que conheceu pela internet e que causou o maior estrago em seu coração. Agora refeita do baque, Gôga inventou de se apaixonar pelo cliente modelo que é gay.

"Ai Gôga, assim você me acaba, fia!", Wilson disse num final de soluço, depois de escutar a confissão da amiga que não deu espaço para ela contar a tragédia de sua viagem a Bahia.

Gôga sempre se aventurava em paixões proibidas e difíceis. Morava sozinha, mas a casa vivia cheia de amigos que ajudavam nas despesas mensais. Gôga havia crescido por ela mesma, sem ajuda de família ou de terceiros. Tirou a carteira de motorista muito nova num trambique com um casinho do DETRAN, comprou a longas prestações seu carrinho e começou a fazer praça porque nunca foi esforçada nos estudos, embora tivesse o sonho de ser PEDAGOGA. Lutou, caiu muitas vezes, mas se esgueu com maestria. O problema dela eram os envolvimentos emocionais, aiiiiii..... isso só cabe em outros capítulos. Por agora, Gôga deixa nosso desolado e irado Wilson no portão da vilinha sob o olhar de desprezo da tia Deda.
"Tia, me dá um abraço!"

7 comentários:

Cléa disse...

Morri de rir!!! Acho que gôga vai ser a grande heroína das marmotas!!! hahahahahaha...
Espero que ela tenha um final feliz!!!
Sucesso total amigo... vc está um verdadeiro novelista!!!! hahahahahah

Anônimo disse...

Tia, me dá um abraço e me faça esquecer que o mundo existe fia!. Hahahaha...O que é Goga, gente? Adorei esse novo personagem da trama. Hahahahaha...taxista porreta...hahaha! E o Wilson, gente? Quando ele vai ter um final feliz? Oh gente! Os capítulos diram! João Emanuel Carneiro, você causa polêmica, viu fio! Marmotas da Paixão, causa! Fico pensando o que vira de descaramento nos próximos capítulos!

Lorena disse...

HAHHAHHAHAHAHAHA!!!! Ai Lu, você me acaba!!!!! Novelinha ótima essa hein?!? Percebo que alguns figurantes começam a despontar na trama... MEDO!!!! hahahahahahah

Bonecaria disse...

Já até sei uma atriz para fazer o papel de Gôga, ela arrasa, é uma verdeira atriz!!!

Anônimo disse...

Eduuuu... GÔga vai terminar tomando o lugar de personagem principal. Ela é o cão de calçolão.
Estou gostando do folhetim.

Gerana Damulakis disse...

Me acabei de rir; está ótimo.

Edu: tão bom de encontrar, seu sorriso franco, aberto e belo.

- Luli Facciolla - disse...

Ah! Como eu gosto de vir aqui!!

Beijos:

PS: A palavra de hj deve ser pq cheguei atrasada: MULTA!