terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

The Oscar goes to... - quarto capítulo de Marmotas da Paixão

Vá com Deus! Que o amor ainda está aqui. Vá com Deus! Roberta Miranda já estava ficando rouca de tanto cantar no repeat do som de Gôga. A taxista acordou numa deprê, lembrando do bilhete deixado pela japonesa onde havia escrito que a liberté e a fraternité deveriam estar em função do princípio do prazer e não poderia mais continuar num relacionamento fechado assim. Pegou seu notebook e partiu sem nem deixar um beijo. Gôga não entendia porque ela pensava em francês, mas....

Chorava todo o caminho ca unha encravada no volante. Estava indo pela segunda vez ao aeroporto de Guarulhos entregar um documento que uma cliente esquecera em casa e estava impedida de embarcar. O problema era a chuva que caia há dias em São Paulo engarrafando tudo e o atraso para pegar um outro cliente que iria a festa programada por Wilson para celebrar Iemanjá, em homenagem a sua família baiana. Dona Deda estava irada com esta idéia da sobrinha de fazer uma lavagem embaixo d'agua. Se o céu já está lavando tudo, minha Nossa Senhora da Purificação! pensava a devotada senhorinha baiana com terço e flores brancas na mão, lembrando da procissão de Santo Amaro e a festa no Rio Vermelho de Salvador.

Wilson, com pano na cabeça e saia rodada estampada, planejou uma festa com muita gente bonita para colocar as fotos na internet e causar ciúmes na mulherada que havia deixado na Bahia. Gôga cansada, atendeu ao pedido da amiga e, mesmo atrasada, foi a casa de Frederick, o modelo em início de carreira, mas com um futuro promissor pelo encanto que sua beleza causava.

Quando a motorista avistou aquele monumento saindo pelo portão do prédio, tirou rapidamente a faixa 5 do cd, intitulada Jogo de Damas e pulou para a 8 "Moreno, Teu Cheiro De Terra Semente Brejeira Tu És Meu Romam Homem Brasileiro Que Pulsa Nas Veias Sangue De Hortelã, para que ele entendesse o subtexto.

Simpáticos, conversaram até a entrada da festa. Por um momento Gôga havia esquecido da tristeza do abandono e relembrou os tempos idos em que namorava todos os garotos do colégio. A paixão por mulheres começou no pré-vestibular inacabado. Frederick era educado, gentil daqueles de puxar cadeira e abrir porta, usava anel de prata no anelar esquerdo e uma discreta maquiagem para tirar o brilho do rosto, o que causou dúvidas em Gôga, mas mesmo assim ela o elegeu como o melhor da noite e gritava "The Oscar goes to..." num brinde ao mais novo amigo de infância. Foi bebendo, bebendo, empolgada com uma possível nova oportunidade no amor. Bebeu tanto que dormiu na mesa e não viu o amado sair de mãos dadas com o ruivo da casa ao lado, nem Wilson inventar um chacho* de dar santo caindo na cozinha de casa e apanhando da tia católica.

Como diz a gloriosa Roberta Miranda "São Tantas Coisas Só Nós Sabemos O Que Envolve O Sentimento"

*chacho=mentira

5 comentários:

Anônimo disse...

Edu, Edu estou amando as marmotas da paixão.

Anônimo disse...

Que trilha sonora!

Eu ainda estou pensando se não sou eu a japonesa do notebook...

E chacho minha mulher (gaúcha) vive a dizer, mas no sentido de babado forte.

Abs

- Luli Facciolla - disse...

Passando pra deixar beijos...

Nilson disse...

Marmotas da paixão é ótimo!

clênio disse...

ui, fiquei abafadamente apaixonado com esta deliciosa marmota. faz assim não, faz pai kkkkkkkkkkk