segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dias felizes


Enfim, foi uma alegria, ouvir-te de novo rir, ao menos isso, estava convencida
que já não podia, tu não podias, nunca mais... Algumas pessoas pensarão sem
dúvida que somos um pouco irreverentes, mas eu não acho. Que melhor maneira
de dar graças ao Todo Poderoso do que rirmo-nos das suas brincadeiras, sobretudo
quando não têm grande graça? Penso que neste ponto estás de acordo comigo, Willie.
Ou estivemos a rir de coisas completamente diferentes, um e outro? Enfim, seja como for,
é o que eu digo sempre... desde que... não é verdade... lembras-te daqueles versos maravilhosos...
claras gargalhadas... não sei o quê... desgosto... basta, já me fizeste rir bastante.

(Dias Felizes - Samuel Beckett)


Lembro que Beckett me curou da perda de Sto Amaro quando vim para Salvador, em 1995, estudar Artes Plásticas na UFBA. Estava no segundo semestre, tendo aulas de Estética com o mestre SAJA. Ele convidou toda a turma para assistir dona Fernanda Montenegro no TCA, onde apresentaria Dias Felizes. Voltei para casa com uma emoção nunca antes sentida, nunca mais experienciada depois, tão forte que me move até hoje. Chorei todas as perdas, todos os ganhos, chorei por todos esses dias felizes e banais e nada. Ainda choro hoje ao ler o livro, ao lembrar daquela atriz, daquele momento, daquele dia.

Ao fazer Judite uns tios identificaram algo de Dias Feliezes no espetáculo e me presentearam com o livro. Achei que o projeto ganhou um prêmio com esta assossiação, embora conscientemente eu não tenha feito alusão a peça. Depois em Odete volto a beber da fonte do autor, onde numa cena nós seguimos a risca todas as indicações de movimento sugeridas pelo autor.

Na residência em Itacaré, me apeguei ao texto de Beckett para digerir aquilo tudo e me surgiu Marrilyn Monroe. Este pesquisa ainda em esboço deve se transformar em algo mais eleborado, mais bem acabado. Por enquanto é apenas isso. Igual a mais um dia divino que começou agora.

5 comentários:

Bípede Falante disse...

Edu, estou adorando esse projeto irreverente, ousado, crítico. Um devaneio consciente, um protesto e um direito.
Muito muito bacana!
O texto do Beckett está de cara nova com a sua interpretação.

Anônimo disse...

Edu...
vou comprar esse livro para ontem...
Parabéns...
Beijos
Leca

Ramosrocha disse...

Dias Felizes continuamos a ter com o seu belíssimo trabalho; muito fôlego e com a capacidade de tocar a alma da gente.
Sucesso, sempre!
Tios Antonio e Simi

Gerana Damulakis disse...

Vejo (sinto) que vc está estimulado. Tudo irá resultar em coisa muito boa.

Unknown disse...

Gente, como passar uns dias no mato lhe fez bem amigo. Adorei!!!