Para mim sempre foi
complicado lidar com o prazo de validade das coisas: relações, encontros,
farras, viagens, pessoas... Nunca administrei com equilíbrio as despedidas.
Lembro como se fosse hoje eu carregado nos braços de Patrícia, empinando pipa.
Logo depois ela partiria para cidade grande e nunca mais pipas. Eu montando
bicicleta (quem iria imaginar?) com minha mãe empurrando, depois ganhei cadeira
de rodas e nunca mais bicicletas. Minha coleção de Playmobil, a tribo de índios
sendo invadida pelos operários da construção civil que queriam transformar a
fortaleza indígena no maior prédio do mundo e a enfermeira gostosa que vivia
passeando com o aleijado na cadeira de rodas. Bem depois descobri outros
bonecos e outras formas de brincar com eles e nunca mais Playmobil. E nunca
mais aquelas músicas, nunca mais aqueles gostos, leite de onça, vinho “corcói”
a pipoca, violão, Bill, Cavalo, Mirella...
Vim para Salvador e
nunca mais tanta coisa! O melhor é saber que deixamos o túnel para entrar em
outro. Como as montanhas da Ilha da Madeira, entrávamos no centro da terra e
deixávamos qualquer coisa lá. Saíamos para entrar novamente, num zig zag
redondo que o mundo parece dançar.
E tudo volta como se
fosse, hoje, o amor
foto de Gabriel Guerra
2 comentários:
E nunca mais Lucas... e nunca mais Edu...
Amo!
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