domingo, 8 de maio de 2011

Minha mãe, as escadas e o amor (da série Retomando o Passado)

Eu tive Poliomielite quando estava com um ano de idade. Polio é a famosa Paralisia Infantil, como todos sabem. Hoje, ao acordar, fiquei observando meu sobrinho pequeno, com um ano e pensei na forma como o estamos educando. Pensei como minha mãe me educou, na maneira sábia dela conduzir as minhas difenrenças e as de minha irmã mais velha.
 
Ela conta sempre com muito orgulho as minhas peraltices e ousadias. Que os amigos dela adoravam me abusar para ouvir minhas respostas atrevidas. Lembra que sempre fui muito independente e que larguei o bico e a mamadeira muito cedo, antes mesmo de minha irmã. Naquele tempo chamávamos chupeta de bico. Estou ficando velho e não tenho problemas com isso.
 
Mas o que minha mãe não tem consciência, ou tem e não revela, são pequenas grandes coisas do dia a dia que ela foi a responsável por esta divulgada independência. Lembro-me que eu, sentado numa cadeira, não alcançava o suporte da toalha de rosto para recolocá-la após o uso, minha mãe então sentava comigo e estudava a forma mais eficiente de jogarmos a toalha para que ela caisse encaixada no suporte. Aquilo se tornava uma brincadeira, um jogo, enquanto eu aprendia uma coisa importante para minha vida. A partir dali não precisei mais pedir a ninguém para colocar a toalha para mim.
 
Da mesma forma quando comecei a subir e descer a escada da nossa casa de dois andares, em Sto Amaro, para subir era mais fácil e menos arriscado, mas a descida eu fazia quase de cabeça para baixo e minha mãe, mais uma vez, veio brincar comigo. Sentou-se ao meu lado e de bundinha foi descendo os degraus, com calma e alegria me dizendo que assim era mais seguro. Depois disso, subi e desci muitas vezes, muitas escadas. Depois disso, ela subiu e desceu comigo a escadaria do Cristo Redentor, como já contei há um tempo atrás. Depois disso, minha ousadia aumentou e também diminuiu.
 
Todas estas subidas e descidas estão simbolizadas na escada de Judite, que me fez voar por este mundo de meu Deus. E minha mãe, mesmo sem saber, voa comigo, me ensinando coisas com a sua sabedoria e seu amor.
 
* No dia em que comemoramos as mães, a minha que é a melhor do mundo, é reverenciada hoje nesta repulicação de um post que escrevi 31 de Julho e fala exatamente sobre a força e o amor desta mulher incrível.

5 comentários:

Anônimo disse...

Por essas e tantas outras, que provocam em mim coisas boas, como as lágrimas de saudade que rolam em meu rosto agora, te amo Edu Oliveira, pra sempre!!! Bjs, Ana Cecília.

Nilson disse...

Lágrimas também. Você é um forte. Tinha de haver, por trás, alguém tão forte quanto!

karina rabinovitz disse...

já conhecia o texto e me emociono de novo! de novo!

Moniz Fiappo disse...

Emoção pura. Sou fã de sua mãe, e por tudo isso e por voce, fã da família toda.
Bj,oto,xao

Maria Solange P. Brito disse...

Edu, meu querido!
Sua mãe é uma grande mulher!Ela merece toda essa homenagem.
Adorei o texto e fiquei emocionada com tudo que você escreveu sobre ela.
PARABÉNS GUERREIRO!
Que Deus o abençoe e proteja.
Bjo grande e todo o meu carinho.
Tia Solange.