domingo, 18 de novembro de 2012

O avental de Odete


O que eu mais gosto em Odete é ela ser exatamente o que é e ser cuidado. Lembro daquele abraço em silêncio num dia de dor, daquela casa escura de comida deliciosa, café e jornal. Lembro do convite e do grude embolado. Das mãos em L e das lágrimas de Débora.

Hoje, Odete me mandou um presente. Sim, a verdadeira, a francesa.... Para quem não lembra, eu contarei novamente:

Num almoço em casa de uma família tradicional, na hora do café, depois de todo ritual da refeição francesa, a matriarca pede a empregada: “Odete, traga meus mortos!”. Incrédulo, com expressão assustada, fui informado que este pedido tornou-se habitual daquela senhora que lê diariamente o obituário do jornal enquanto toma seu cafezinho. Sua preocupação é saber se algum conhecido faleceu e observar a forma como foram escritas as informações sobre os óbitos, sempre discordando e dizendo que não quer o seu daquele jeito. Então, começa a descrever como gostaria que divulgassem sua morte, a foto que deve ser colocada, a roupa e como as pessoas devem agir no seu funeral... Este momento que poderia ser tenso, triste, acaba se tornando divertidíssimo, com muitas risadas.

Pois bem, hoje, ganhei de presente metade do avental de Odete e uma carta linda. Quase uma confissão.

Odete tem dessas e é tão simbólico ganhar metade de alguma coisa, principalmente no caso de Odete que fala sempre da falta de algo, da ausência, de alguma coisa, pessoa ou lugar que ficou para trás...

Minha querida, nunca se perca de mim!


E não esqueçam que dia 30-11, às 19h, terá Odete, traga meus mortos, na Escola de Dança da UFBA, como parte do Mini-Festival DE SOLOS E COLETIVOS que acontecerá de 29-11 a 02-12.

 foto de Gabriel Guerra

2 comentários:

Lorena disse...

Que maravailha!!!! Como você ganhou amado?! Odete divaaa! AMO!

Bípede Falante disse...

Cartas, bilhetes, uma linha, uma palavra são sempre o melhor presente!

beijos :)