quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um caso trash sem fim ou estorinha para desanuviar noite pesada

Faca em punho, correndo sozinho na rua escurecida pela medrosa lua escondida em cinza céu, saiu vestido de preto. Pretinho básico combina com tudo, ainda mais nesta situação: prévio luto para crime premeditado.

Olhos vermelhos de fúria, dentes travados cantarolando a música da ligação a cobrar "ta rã ta rã... diga seu nome e o lugar de onde está falando". Tá na casa do caralho!

Os passos pesados, raivosos, pés firmes que seguiam sem ajuda dos olhos que já não viam por onde ia. Dispersou-se numa bundinha preta arrebitada embaixo da marquise de um supermercado. Calcinha enfiada, camiseta de propaganda surrada, papelão. O pau ameaçou subir, mas o pé seguiu.

O ouvido tentava lembrar o que aquela voz de trote falava ao telefone, de onde estava vindo, o que acontecia, com quem?

Viu-se sozinho em casa, babando o sofá, esperando por ela.

Telefonetrotecornovizinhovingançaruabundafaca.

A mão sangrando a lâmina de lágrima que não escorria. O pé estancou. A chuva desabou levando a insensatez.


6 comentários:

Bernardo Guimarães disse...

ducacete, edu!!!

Anônimo disse...

gostei pá caraio!

Moniz Fiappo disse...

Eita, Du. (Quem diz agora sou eu...).
Gostei prá porra...

Andréia M. G. disse...

A-D-O-R-E-I!!! Arrasou!

Gerana D disse...

Bacana.

Janaina Amado disse...

Ih, Edu, eu acho que você tava muitcho loco quando escreveu este texto...