sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ENCONTROS NA MESA DE CHÁ no TOP 5 2012

Viajar foi o verbo do ano. Partir, chegar, chorar, sorrir, surpreender, dançar, encontrar, sonhar..... todos esses concentrados naquele VIAJAR sem paradas, sempre seguir. Londres, China, Almada, Rio, São Paulo......... e as minhas meninas me levaram de volta para casa SANTO AMARO. Inesquecíveis momentos de Judite e Odete no Solar Paraíso, as confissões da segunda para os personagens reais que habitam nossa dança, os olhos brilhando de recordações, os reencontros com o passado... A circulação do projeto ENCONTROS NA MESA DE CHÁ pelo interior da Bahia, foi outro momento memorável. Camaçari, Santa Maria da Vitória e Bom Jesus da Lapa completam a lista de cidades contempladas pelo projeto e cada uma provocou emoções diferentes e intensas. A viagem com Lucas Valentim, Catarina Gramacho, Rodrigo Serpa, Moisés Victório, Careca, Cíntia Santos e o seu engenheiro de águas profundas, Felipe, tornou este projeto especial. Que venham outros e mais viagens!!!!

Sto Amaro

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Despertando Judites no TOP 5

O projeto Despertando Judites é sem dúvida uma das principais coisas que fizemos este ano. O plural aparece porque é um projeto idealizado por mim, mas realizado com parceiros-amigos (Lucas Valentim, Ana Luiza Reis, Nilzete Araújo, Catarina Gramacho e Nei Lima)e por entender que uma ação de formação só acontece com o diálogo entre todos os envolvidos, principalmente os alunos que neste caso são as crianças do IBCM (Instituição Beneficente Conceição Macêdo). Um projeto onde temos a possibilidade de repensar coisas, transformar conceitos, nos abrir ainda mais para o novo, para as surpresas, lidar com o desconhecido e se jogar mesmo assim. É uma aventura como há muito tempo eu não encarava e que bom poder fazer isso com seriedade de brincadeira. Jogo de convívio e crescimento. Minha Judite, sem dúvida, será outra depois desse encontro.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

CARTA AO MEU FUTURO FILHO


Camila é jornalista, tem um blog desatualizado, e se descobriu feminista recentemente.

Não sei se vocês sabem, mas quero ter filhos. Dois. Um deles, pelo menos, menino. E, vide os muitos acontecimentos machistas e homofóbicos vistos nos últimos 2012 anos, achei que era quase imperativo eu fazer uma listinha de coisas que falarei ao meu garoto:

1. Se você vir fotos de você bebê usando macacões rosa, ou roupas com flores: não estranhe. Não farei você aprender que uma cor é ligada a nenhum gênero. Se você ficar lindo de roxo, usará roxo. Se ficar lindo de azul, usará azul. Se ficar mais lindo ainda de cor de burro quando foge à tarde, será essa a cor de sua roupa.
2. Por favor, compartilhe os seus brinquedos. Com todos, sempre! É divertido brincar em conjunto.
3. Brinque com meninas.
4. Tenho certeza que adorará o seu quarto cheio de brinquedos. Carrinhos, bola, panelinhas, vassourinhas e mini-cozinhas.
5. Quando for para a escolhinha, tenha “amiguinhas” e não “namoradinhas”. Meninas e meninos podem ser amigos sem nenhum interesse por trás, e é bom que perceba isso desde pequeno.
6. Se a mamãe seguir pelo caminho que vai pro trabalho, é capaz que ela muitas vezes tenha que viajar ou passar algumas horas a mais na redação. Não se sinta desprestigiado ou não-amado. Entenda, a mamãe quis muito ser o que é, desde que era do seu tamanho. Ela ama o que faz um pouco menos do que te ama, mas ama, de qualquer forma.
7. Nunca, em hipótese alguma, tire sarro ou humilhe alguém porque essa pessoa é diferente de você. São todos iguais a você, filho. Trate as pessoas, de todas as idades, gêneros, credo e cor de pele de maneira educada e respeitosa. Sem esperar nada em troca.
8. Nunca seja conivente com humilhações alheias. Ficar em silêncio é tão ruim quanto, de fato, humilhar.
9. Se você se interessar por futebol, legal. Se gostar de basquete, legal. Se for ballet, legal. Se tiver vontade de tocar tuba, legal. Se quiser fazer teatro, legal. Nada disso lhe tornará menos menino.
10. Se alguém te chamar de “gay” ou “mulherzinha”, responda: “muito obrigado”. Nenhum desses nomes é xingamento, não para você, pelo menos. Não entre no preconceito dos outros.
11. Tente duvidar da maioria. Nem sempre aquilo que é bom é feito por todos.
12. Respeite as leis. Nem sempre elas farão um benefício direto para você. As leis existem para um bem comum. Se, depois de você seguir as leis, perceber que algumas não dão certo: fale. Tente mudá-las, não as burle.
13. Nunca trate uma mulher, garota ou menina como objeto. Nem como rainha. Elas são iguais a você.
14. Dentro disso de objeto, não sinta a necessidade de “comprar” alguém. Se for pagar a conta para uma garota com que sair (olha como estou me adiantando!), faça por gentileza, e não porque você quer alguma coisa a mais com ela.
15. Não deixe as suas cuecas aparecendo para fora da roupa. É feio e extremamente deseducado. Se você não pode ver a calcinha de uma menina, mesmo quando ela senta de saia, é bom que ela não seja obrigada a ver as suas roupas de baixo. (No ensejo, não olhe a calcinha das meninas, ou o sutiã, elas não são objetos)
16. Adolescência é complicada, compre Playboys/G Magazines e veja filmes pornô, se sentir vontade. Mas coloque na sua cabeça que nada disso é real.
17. Se quiser ter o cabelo comprido, tenha. Caso puxar o meu, ficarei feliz em te dar dicas sobre os melhores shampoos e condicionadores.
18. Se nascer branco, não tema os negros ou suspeite deles. Se nascer negro, não odeie os brancos, mais ódio não é algo que o mundo precise.
19. Quer gostar de metal? Goste! De funk? Goste. De axé? Goste. Desde que não escute nada disso tão alto que incomode as pessoas do seu lado. Ninguém é obrigado a gostar e apreciar aquilo que você gosta.
20. Use sempre camisinha. Sempre.
21. Se nascer hétero e acontecer um “acidente” com a sua namorada, nunca, em hipótese alguma, NUNCA, pergunte: “Você tem certeza que é meu?”. É ofensivo e repulsivo. Ela está falando com você, é lógico que o filho é seu.
22. Se nascer homo e quiser adotar, farei de tudo para ajudar. Mas não peça para eu cuidar sempre de seu filho, a responsabilidade é completamente sua.
23. Caso seu pai faleça, ou ele desaparecer da face da terra, ou eu não tiver um companheiro, por favor, não sinta a necessidade de ser o “homem da casa”. Na verdade, não use a expressão “homem da casa” em hipótese alguma.
24. Nunca “compre” uma mulher. Nem seja conivente com isso. É degradante.
25. Não se sinta “menos homem” se, por ventura, você chorar, quiser mostrar seus sentimentos, cuidar de sua aparência ou achar que seus pensamentos são complicados.
26. Gostar de meninos não te fará menos homem. Continuará sendo o meu garoto!
27. Ficar com muitas meninas não te fará mais homem! Acredite.
28. Se uma menina estiver se “insinuando” para você, rolar aquele clima e ela falar não, respeite-a. Não é sempre não.
29. Nunca, em hipótese alguma, diga coisas indecorosas para uma mulher que não conhece. Principalmente se ela estiver andando na rua.
30. Evite brigar. Se acontecer algum desentendimento, e, acredite, eles vão acontecer bastante, não se valha da sua força, além da do argumento.
31. Nunca, em hipótese alguma, nunca, nunca, se aproveite de ninguém que está em um estado pior que o seu.
32. Aprenda a lavar, passar e cozinhar. Não precisará pagar ninguém para fazer isso, muito menos pedir que sua parceira faça por você.

Sou nova, ainda vai demorar um pouco para eu ter filhos. Então, se tiver um menino, siga um pouco dessa lista. Ensine essas coisas pro seu filho. Talvez a sociedade se torne mais igualitária daqui a um tempo.•.

FONTE: http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/

Saudade dela




"Ai, ai, saudade
Saudade dela."

Foi estranho este Natal em Sto Amaro. O problema de saúde de D. Canô que culminou com seu falecimento, deixou um ar pesado na cidade, uma tristeza. A cidade perde muito com sua ausência, nós perdemos uma pessoa tão iluminada, gentil, engraçada, mãezona de todo mundo. Fiquei muito triste. Uma pessoa que celebrava a vida diariamente, que amava viver e sabia fazê-lo de forma tão intensa e contagiante. Ver a vida se apagar em alguém assim é muito difícil, que chegou aos 105 anos com tanta vitalidade, tanta lucidez e sabedoria. Exemplo a ser seguido.  Saudades, tia. 

"...em tudo a voz de minha mãe
E a minha voz na dela e a tarde dói de tão igual"

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Euphorico no TOP 5 2012

O Euphorico é nosso projeto mais duradouro, OURO. Desde 2004 este caso de amor Brasil-França, Grupo X-Artmacadam, se fortalece, nos enriquece... Um fazendo parte da vida do outro, sendo família quando estamos juntos e mesmo separados. Parece coisa de maluco, mas para mim é tão certo existir o Euphorico como é certo ter Natal, Reveillon, Carnaval... Não consigo imaginar um ano sem encontrá-los, sem a experiência de criação durante 15 dias, ininterruptamente. Vontade de tê-los em todos os instantes. É tão óbvio este TOP 5. E quando digo Grupo X, falo de toda minha família e amigos que se envolvem quando eles estão aqui, quando digo Artmacadam, falo de todas as famílias deles e amigos que se envolvem quando estamos lá. O Euphorico é mais que projeto artístico, mais do que contemporâneo, é mais do que intercâmbio, residência artística... Euphorico não tem tradução, é SOL esquentando-nos.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

CANDOCO, LONDRES, CHINA.... no TOP 5 2012

Essa brincadeira do TOP 5 2012 é mais uma avaliação deste ano do que a escolha dos melhores ou tentar fazer uma escala de valores. Impossível mensurar a importância dos projetos que participei, é certo que cada coisa que fazemos está imbricada e ligada às outras e tudo é o mesmo processo em configurações diferentes. A partir da agenda que organizo aqui no blog, pude contabilizar alguns feitos profissionais:

participei de 22 projetos
este viajando durante 125 dias

sendo 6 viagens internacionais, 1 viagem nacional e 5 viagens pelo interior da Bahia
estive envolvido em 9 espetáculos, entre montagem, estreia e circulação
participei de 3 Intercâmbios ou parcerias internacionais (2 com artistas franceses e 1 na Inglaterra)
me envolvi em 5 projetos de oficinas de dança
e realizei 6 comunicações em eventos, seminários e conferências.

Entre todos estes, há um projeto especial que alimentou meus sonhos e me fez encontrar o meu "chegar lá": A companhia inglesa CANDOCO realizou desde 2010 o projeto Unlimited, montagem de 2 peças coreográficas com artistas da própria companhia e convidados do Brasil e Hong Kong. Eu estava no meio dessa gente maravilhosa e nos apresentamos no Laban Centre, na China e no Queen Elizabeth Hall, dentro da programação das Olimpíadas Culturais de Londres.

Estar no Candoco sempre foi um desejo alimentado e cuidado com bastante empenho. Chegar lá é a realização de todas as expectativas profissionais, foi para isso que me dediquei tanto. O TOP 5  2012 está cheio de realizações de sonhos. Mais um para a lista preciosa deste ano que não acabará nunca.

foto da coreografia "12" de Claire Cunningham

O trono da rainha

Eu gosto mesmo da cama e seus cafés quentes de manhã. Moldura para o corpo nu em noites de gozo. Descanso certo dos dias com olheiras. Esconderijo seguro para momentos de tristeza e lágrimas discretas. Irmã do travesseiro que pesca sonhos. Comparsa da rainha Preguiça.

Queria eu sair com a minha cama nas costas em filas de banco, em filas de ônibus, em trabalho funcionário público. Nunca me despedir dela. Nunca deixá-la por nenhum prazer finito, limitado, se é para ela que retorno exausto de ressaca e dor. Amiga dos remédios, da tv. Prima-irmã dos livros. Cura certa para qualquer doença. Íntima da morte e das lembranças de saudade.

Eu gosto mesmo de ti, minha cama, por compreender o meu "fazer nada".




terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Malu Mader no TOP 5 - 2012

Na retrospectiva 2012 da minha vida, sem sombra de dúvidas a principal coisa que me aconteceu foi o encontro com Malu Mader. Primeiro porque ela representa muito para mim, já falei milhões de vezes aqui, segundo porque ela deu voz a Judite num projeto que eu acredito, que eu acho muito importante que é o audiobook que lançaremos em 2013 para atender ao público com deficiência visual.

A história foi assim:

Um dia recebi um email desesperado de Samuka pedindo que entrasse em contato com urgência. Eu estava em Londres, nesta altura. Liguei pelo skype desesperado e ouvi aquela notícia depois dele tentar me enganar porque seria uma surpresa, mas não havia tempo até minha chegada e a resposta precisava ser dada logo. "Amigo, é a Malu quem vai fazer o audiobook de Judite!". Não chorei de vergonha! Não gri
tei porque não podia, já era tarde e as pessoas dormiam na casa. Meu corpo tremia e toda uma vida passou em segundos pela minha cabeça. Enfim, conseguia perpetuar aquele amor adolescente de forma tão importante e forte. Malu Mader tinha aceitado narrar a história de Judite no projeto do audiobook que iremos lançar em 2013 para atender às crianças com deficiência visual e mental que não saibam ler.

Eu NUNCA tinha vivido uma experiência de felicidade como aquela. Gostaria que todos os meus amigos pudessem sentir no corpo esta sensação. Será que é como parir?







Foto de André Mantelli



segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Roupa amarrotada em mala pequena ou coisas de um corpo que não pode ir

Como pode alguém não se caber? Como pode um corpo não caber o ser quando se é maior do que o corpo, quando é o corpo que aprisiona? Quando o mundo está lá fora e aqui dentro aperta como roupa em mala velha, roupa suja, amarrotada, sem espaço.... É tudo tão óbvio quanto saber que água tem sabor.

Hoje foi um dia difícil de solidão, solitude, só,só,só e melancolia(s) (gosto dessa palavra!) e gosto de parênteses. Quando pensei sobre a mala, roupa amarrotada, aperto, não caber, ser grande, não estava pensando em mim. Pensava nela pequena, naquele corpo envelhecido de mente jovem e falta de ar. Quando o corpo vai apagando e amente-alma enorme quer clarear, iluminar, levantar e dançar no meio da praça. Mas pensando nela eu, naturalmente, pensava em mim. A deficiência me roubou a liberdade de ir ali comer acarajé e beber uma cervejinha sozinho. A cidade me roubou este prazer. A violência me roubou..... às vezes penso em mim e fico com raiva. No dia em que estive sozinho, não pude ser sozinho.

O problema não é a deficiência em si, o problema está nesta insistência de querer ir, levantar da cama e ir. Eu falo dela ou de mim? Eu perdi o ar, chorei, fiz café, arrumei casa, escrevi, mas não consegui ir ali. Eu poderia? O que me prendeu aqui? O que prendeu o ar dela? O que prende a gente? E ainda o corpo insistindo em ser finito, pequeno, pouco. Porra!

Relutei em escrever com medo de más interpretações, compaixões, falta de entendimentos, mas quando uma parte lateja não dá para segurar. Tentei escrever na terceira pessoa, mas é algo tão meu que não sai se não for na primeira, não consegue ir se não for cheio de eus,eus,eus,meus,meus,minhas..... minhas dores.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Ditadura na Bahia


Galera, na ditadura disfarçada em que vivemos nesses últimos tempos na Bahia, os acordos e contratos não valem de nada. 

O nosso Excelentíssimo Governador, resolveu fazer um evento no Palácio da Aclamação, no dia 11/12, como ele acha que os outros têm que se sacrificar para lhe servir, o espetáculo O Corpo Perturbador, que já estava agendado neste local, integrando a Pid Bahia, teve que ser deslocado para a Escola de Dança da UFBA. 

Eles ainda queriam transferir o espetáculo para a Praça das Artes, no Pelourinho que não tem acessibilidade nenhuma. É revoltante saber do descaso e desrespeito às questões de acessibilidade, principalmente porque se trata de um espetáculo com dois dançarinos com deficiência, onde iremos realizar uma oficina para pessoas com deficiência visual e haverá audiodescrição  para este público durante a apresentação. Ou seja, todo o trabalho que tivemos em buscar espaços e possibilidades mais confprtáveis e viáveis para atingir um público diversificado, porque a Escola de Dança da UFBA também não tem acessibilidade. Eu não ia me pronunciar em relação a isso, mas não consigo me calar.

E ainda mais, a pauta para o espetáculo "O Corpo Perturbador" havia sido acordada desde junho, com todo o protocolo necessário para a cessão de espaços públicos, ou seja, tudo dentro da formalidade que pede a lei e o bom-senso. Ou seja, a mudança da pauta do Palácio da Aclamação, ocorreu de forma nada democrática e muito desrespeitosa com a população, com quem trabalha seriamente para executar projetos culturais e que diga-se de passagem, apoiado e financiado em parte pela SECULT, não estamos pedindo favor ao Estado, estamos participando de forma ativa da política, exercendo o nosso direito de produzir arte e cultura. EXIGIMOS RESPEITO!!!!

Continuamos as apresentações dias 07 e 10 de Dezembro, às 16h, gratuito, mas agora na Escola de Dança da UFBA (Ondina). por favor, divulguem porque todo material de divulgação do festival já está pronto informando que seria no Palácio e não temos como alterar. Contamos com a colaboração de todos e a presença. Grato!