sábado, 4 de fevereiro de 2012

Da vez que vi a neve, mainha

 Foto de Mickaella Dantas
 
O quintal está todo branco, mainha. Tem glace de bolo por todo canto, com aquele côco ralado por cima, cobrindo tudo: mesa, cadeira, ávore, telhado e até o gramado. O balanço também está coberto e minha criança que passa as madrugadas ali não poderá brincar. Tudo escorrega e uns pontinhos brilham.

Meu coração está excitado, mainha. Não sei se será bom se isso assim continuar. Como poderei sair de casa, mainha? Como poderei sambar? Trabalhar, eu conseguirei? O frio está de matar e meu pé congela se coloco o nariz de fora. Na rua o pessoal só enxerga meus olhos, fico parecendo frigobar transportado de lá para cá. Os pés inchados com tanta meia, as pernas grossas com a meia dúzia de calças e o peito estufado de tanta blusa e casaco.

Está tudo bem e eu estou feliz, mainha. Era aqui que eu sempre desejei estar e todos os dias eu acordo e ainda assim continuo sonhando. Lembro da minha tristeza de 2003, da frustração e da certeza que não adiantava sonhar. Hoje vejo a grande besteira dos meus pensamentos naqueles dias. Hoje vejo todos os meus sonhos se realizando e estou certo que essa brincadeira de sonhar alto demais acaba dando em alguma coisa que a gente nem imagina que um dia pudesse acontecer de fato.

Espero que a senhora também esteja sonhando, mainha. Um dia veremos, juntos, a neve deixando doce os nossos quintais.

Um comentário:

soniarpena disse...

Ei Edu! Que bom te ver aí olhando a neve. E fazendo o que queria fazer. Estou daqui de BH pensando em vc aí. Sei que está aproveitando o que de melhor seu olhar alcança. Essa ida vai longe. Luz para vc e turma, viu?