sábado, 28 de janeiro de 2012

Como sei lembrar de você



Daqui a pouco Gal Costa subirá no palco principal da Praça e cantará em frente a Nossa Senhora da Purificação, enquanto eu aqui cantando London London, pensando nelas. Poucas vezes perdi o festejo de minha terra. Hoje é o sábado da lavagem, véspera do dia mais esperado das festas de fevereiro que começam em janeiro. Sempre acontece no último domingo do mês a lavagem do adro da igreja matriz e o sábado sempre foiconsiderado pelos moradores. Uma parte da minha família mora na praça e lembro, eu bem pequeno, na janela do alto vendo minha mãe atravessar a rua, animada, de macacão brancotipo de frentista de posto. Sua turma, naquele ano, havia combinado sair assim, todo mundo igual. Hoje tem os blocos e os abadás que uniformizam a coisa de forma feia, comercial, tem trio elétrico, bloco infanttil, bloco de homens vestidos de mulher, tem bloco de samba, show no palco e a farra vai até o amanhecer. Sempre segui o roteiro todo, começava às 16h acompanhando criança, filha de amigos, voltava com os reinando com os homens travestidos, dava a volta na cidade com os sambistas e parava, bebado, na frente do palco. Rodávamos a praça e ficávamos lá até os primeiros foliões da lavagem chegarem. Dormíamos de manhã e à tarde já estávamos prontos para nova etapa da gincana, até a madrugada de segunda.

Sinto o cheiro do pastel de Feira de Santana! Fiz amizade com os mais tradicionais vendedores de Capeta e Nevada da festa, eles nem colocam mais barracas, mas a amizade continua. Já aconteceu de tudo: namoro que começou, namoro que acabou, despedida, comemoração de 15 anos em pleno Bagacinho (conjunto de barracas padronizadas que circulam a igreja), morte, comemoração de vestibular, fim de amizade.... uma história rica passando na minha cabeça, enquanto choro. E os shows de Eduardo Alves, amigo compositor, estrela da terrinha. Inesquecível também um show de Estela Maris, Graça Reis, Luciano Calazans (perdoem se errei o sobrenome) e Marcio Valverde, o que eles fizeram o O Estrangeiro, de Caetano, é uma das coisas mais belas que já ouvi.

É bem verdade que as festas tinham perdido seu encanto, alguns prefeitos fazem do gosto pessoal o roteiro musical, impondo aos outros umas marmotas, mas este ano me parece que voltamos a ter uma beleza naquilo ali. A programação está bem diversificada e com artistas de muita grandeza, além de respeitar os locais, que todo mundo adora.

Para encerrar, uns versos de Du que recebia todo mundo, todos os dias assim:

" A cidade está em festa, se enfeitou pra receber você aqui
Pode vir...."

Não poderei aceitar o convite. Fica para a próxima!

Um comentário:

Anônimo disse...

Queria ter recordações assim e poder dizer, hoje não vai dar pra repetir, mas na próxima não vou faltar. Não é inveja não. É querência mesmo.
Chore não, Edu, que o melhor está por vir. Sempre.
Abraços e me perdoe a ausência, não me encontro em mim faz algum tempo.