domingo, 12 de fevereiro de 2012

Sobre o destino

Não tenho pernas para te acompanhar... Algumas vezes falo assim com o destino e ele me responde também se cansar com minhas escolhas, de ter que se adaptar sempre a coisas novas.

Para mim ele é assim, uma criança brincalhona que sai correndo no meio da estrada de barro para seguirmos atrás em disparada. Muitas vezes acho que ele pode ser aquele amigo imaginário que temos quando crianças. Ninguém sabe que existe, ninguém vê, mas para nós é tão real e verdadeiro quanto os coleguinhas de escola e os amiguinhos de rua. Desde pequeno brincamos de picula um atrás do outro. Às vezes ele vem correndo atrás de mim, gosto de pregar-lhe sustos, de vez em quando é ele quem me retribui com gracinhas que podem assustar.

O destino é mudo, mas nos entendemos no olhar. Ele ri bonito com os olhos e os dentes brancos afiados comendo o tempo como quem chupa laranja arrancada do pé. Ele gosta das coisas vivas.

Já passamos muitas tardes parados, brincando de Playmobil na varanda avermelhada da casa de dois andares num rua pacata do interior. Os outros meninos que não sei mais quem são, brincavam correndo na frente do meu portão. Eu olhava sem desejo porque estava ali com aquele amigo que me acompanharia pela vida sem desgrudar nenhum segundo. Hoje cuidamos um do outro com carinho, afeto, atenção e leveza, como devem ser todas as amizades.

Um comentário:

karina rabinovitz disse...

lindo edu!! muito. e embarquei toda no "da vez que vi a neve, mainha". fiquei feliz de ter te lido! lindo.