quinta-feira, 21 de outubro de 2010

UM BRINDE: À VIDA AO À MORTE?!

           “É preciso saber viver...” dizia o poeta da Música Popular Brasileira. E nessa busca incessante pelo saber, nesse ano de 2010, saímos pelo mundo afora buscando a vida, ou melhor, dançando a vida.
            E nos caminhos trilhados, encontramos novas pessoas, novos sons, novos sons, novos olhares. No meio do caminho aceitamos um convite diferente: “Boa tarde, sejam bem vindos a nossa querida sala!”
            Estávamos nós frente a frente: Eu, Edu O., Lucas Valentin e ODETE!
            Ao entrar na “querida sala” nossos olhares eram de estranheza. A forma como era colocada a platéia e os elementos cênicos que nos convidavam: todos sentados ao redor de uma toalha estendida no chão, fazendo alusão a algum tipo de “piquenique”, talvez, ou a um ritual. E nós, com toda bagagem de nossa memória, buscando a vida, pensávamos como em outra vida que não era mais aquela: “lá vem a viagem!”; “esse povo de dança contemporânea, sei não!”.
             E entre idas e vindas dos bailarinos, a nos acomodar em nossas cadeiras, num dado momento eles param e se perguntam: “já é hora?”
            Era a hora, a hora do encontro, a hora da descoberta. Nosso encontro com ODETE fez-nos refletir que na vida, ao contrário do que dizia o poeta, é preciso saber morrer!
            De forma poética, lírica, Edu e Lucas nos encaminham pelas trilhas de nossas memórias mais remotas: contar estrelas; brincar de fazer cócegas n irmão ou na irmã, até quase matar o outro de rir; lembrar da briga que doeu na alma; da morte devagar e dolorosa de um ente querido...
            E de repente estávamos nós, entre lágrimas, nós e nossos novos olhares e nossos novos pensamentos. Viajamos ao universo de Odete, para encontrarmos uma nova forma de vida e de morte.
Morte ao que não nos deixava ver a beleza do não ter...
Vida que entregava-se a ser o outro, como se fôramos nós mesmos...
Nessa dança de vida e morte, um brinde ao eterno! Que morto ou vivo, daqui, dali ou de acolá, estará em nós guardado, como no brinde do fim do espetáculo, como minhas lágrimas, como o sorriso do Edu...
Guardados em mim, transformando o que era vida em morte, o que era morte em vida, para sempre eternos... Como serão sempre: os encontros, os medos, as alegrias, os amores; eternos em nós, cravados, marcados...
Um brinde sim, ao eterno!

Um breve comentário sobre o Espetáculo ODETE, TRAGA MEUS MORTOS.
Ana Cecília Vieira Soares.
Coreógrafa e advogada especialista em Direitos Humanos.


Foto de Alessandra Nohvais

TODOS ESTÃO INTIMADOS A ASSISTIR ODETE NESTA SEGUNDA-FEIRA, 25/10, 18H, PRAÇA PEDRO ARCANJO/PELOURINHO, ENTRADA FRANCA.

*OBRIGADO A ANA CECÍLIA POR ESTE TEXTO TÃO EMOCIONANTE E VERDADEIRO, POR SEU OLHAR, PELO SORRISO, POR TUDO QUE VEM FAZENDO POR MIM, MESMO A DISTÂNCIA.

4 comentários:

Wilfrid disse...

mon coeur est avec toi. le 25 octobre et chaque fois qu'un battement de cil le souhaitera à vida ao a morte. beijos

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

"Morte ao que não nos deixava ver a beleza do não ter...
"
se isso aconteçer então teremos um mundo quase sem imagem, quase tudo que é ´trágico traz em si algo de que um dia foi belo ou ao menos pensou ser, qual dor que não nasceu de um tolo instante de alegria?

Gerana Damulakis disse...

Vc é show de talento!

Tiago Ferro disse...

Lindo texto. Pena não ter visto o espetáculo. Quem sabe eles não pintam em Recife qualquer dia desses.