E nos caminhos trilhados, encontramos novas pessoas, novos sons, novos sons, novos olhares. No meio do caminho aceitamos um convite diferente: “Boa tarde, sejam bem vindos a nossa querida sala!”
Estávamos nós frente a frente: Eu, Edu O., Lucas Valentin e ODETE!
Ao entrar na “querida sala” nossos olhares eram de estranheza. A forma como era colocada a platéia e os elementos cênicos que nos convidavam: todos sentados ao redor de uma toalha estendida no chão, fazendo alusão a algum tipo de “piquenique”, talvez, ou a um ritual. E nós, com toda bagagem de nossa memória, buscando a vida, pensávamos como em outra vida que não era mais aquela: “lá vem a viagem!”; “esse povo de dança contemporânea, sei não!”.
E entre idas e vindas dos bailarinos, a nos acomodar em nossas cadeiras, num dado momento eles param e se perguntam: “já é hora?”
Era a hora, a hora do encontro, a hora da descoberta. Nosso encontro com ODETE fez-nos refletir que na vida, ao contrário do que dizia o poeta, é preciso saber morrer!
De forma poética, lírica, Edu e Lucas nos encaminham pelas trilhas de nossas memórias mais remotas: contar estrelas; brincar de fazer cócegas n irmão ou na irmã, até quase matar o outro de rir; lembrar da briga que doeu na alma; da morte devagar e dolorosa de um ente querido...
E de repente estávamos nós, entre lágrimas, nós e nossos novos olhares e nossos novos pensamentos. Viajamos ao universo de Odete, para encontrarmos uma nova forma de vida e de morte.
Morte ao que não nos deixava ver a beleza do não ter...
Vida que entregava-se a ser o outro, como se fôramos nós mesmos...
Nessa dança de vida e morte, um brinde ao eterno! Que morto ou vivo, daqui, dali ou de acolá, estará em nós guardado, como no brinde do fim do espetáculo, como minhas lágrimas, como o sorriso do Edu...
Guardados em mim, transformando o que era vida em morte, o que era morte em vida, para sempre eternos... Como serão sempre: os encontros, os medos, as alegrias, os amores; eternos em nós, cravados, marcados...
Um brinde sim, ao eterno!
Um breve comentário sobre o Espetáculo ODETE, TRAGA MEUS MORTOS.
Ana Cecília Vieira Soares.
Coreógrafa e advogada especialista em Direitos Humanos.
Foto de Alessandra Nohvais
TODOS ESTÃO INTIMADOS A ASSISTIR ODETE NESTA SEGUNDA-FEIRA, 25/10, 18H, PRAÇA PEDRO ARCANJO/PELOURINHO, ENTRADA FRANCA.
*OBRIGADO A ANA CECÍLIA POR ESTE TEXTO TÃO EMOCIONANTE E VERDADEIRO, POR SEU OLHAR, PELO SORRISO, POR TUDO QUE VEM FAZENDO POR MIM, MESMO A DISTÂNCIA.
4 comentários:
mon coeur est avec toi. le 25 octobre et chaque fois qu'un battement de cil le souhaitera à vida ao a morte. beijos
"Morte ao que não nos deixava ver a beleza do não ter...
"
se isso aconteçer então teremos um mundo quase sem imagem, quase tudo que é ´trágico traz em si algo de que um dia foi belo ou ao menos pensou ser, qual dor que não nasceu de um tolo instante de alegria?
Vc é show de talento!
Lindo texto. Pena não ter visto o espetáculo. Quem sabe eles não pintam em Recife qualquer dia desses.
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