quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Azuis que não são meus


Há dias ando preocupado com o blog. Não tenho conseguido variar o tema, torná-lo interessante, agradável aos seus visitantes, sempre num tom depressivo, falando de falta, solidão, perda... Muitas vezes utilizo essa ferramenta para extravazar, declarar meus sentimentos, para me fazer companhia, enfim ser um diário de coisas pessoais, mas se não tiver preocupação com quem vai ler, para que publicar?

Faço do Monólogos quase uma extensão de minha casa. Devemos ter cuidado com quem recebemos, tratar bem e oferecer as melhores coisas, claro sem perder a espontaneidade e a forma de viver cotidiana.

Eu juro que tenho buscado palavras menos tristes, motivos de escrita que saltem aos olhosalém das lágrimas, mas está difícil, o lance está puxado. Então, escolhi esta foto de um momento singular, espetacular que vivi esses dias, assim encontrei algo de lindo para mostrar.

Subimos uma montanha para chegar a Capela de Notre Dame du Mai, onde encontramos uma vista magnífica do Mediterrâneo, um marzão salpicado com as frestas de sol pelas nuvens, numa altura que nos fazia pássaros. Lá tentei silenciar, mas meu interior me gritava, borbulhando dentro e não tive quietude para aproveitar aquele lugar do jeito que ele impõe. Agradeci a vida por esta oportunidade, senti a falta dos meus e como uma oração eu olhei o azul que se fundia entre o céu e o mar. Percebi que a vida é isso, a fusão de tudo e mesmo no meio de um mar de coisas ruins, há outro mar de coisas boas e só depende de nós escolher em qual mar se banhar. Neste momento eu me banhei num azul do mar de uns olhos que não eram meus.

Fotos de Agnés Jaubert

5 comentários:

Anônimo disse...

Belíssima postagem, texto e imagens deslumbrantes, me tocaram profundamente, terminei a leitura com os olhos marejados. Gosto de ti independente da tua cor, azul, cinza, seja qual for.
Fique com Deus Edu.

Marcus Gusmão disse...

Blog é uma extensão da casa, mas com visão para o que se passa lá por dentro. Portanto, natural que reflita também a mesa posta, a panela no fogo, o quarto bagunçado, a cama desfeita a saudade no porta-retrato.

Gerana Damulakis disse...

Não se preocupe com o blog, ele não é assim como vc disse, há também alegria quando há alegria. Eu gosto do seu blog.

Lidi disse...

Eu gosto muito desta tua casa, Edu, embora não comente sempre. E encontro alegria aqui, sim. Além do mais, assim como o Chorik, "gosto de ti independente da tua cor, azul, cinza, seja qual for." Eu, também, nos meus rabiscos, falo muito em angústia, em dor, em um caminhar sem rumo, em desencontros, gritos e máscaras. Não consigo me expressar de outra forma. O teu post me fez lembrar o que Renata Belmonte escreveu, no seu último livro, o Vestígios: "Não sei fazer literatura sorrindo". Bjs

Moniz Fiappo disse...

Não tenho comentado seus posts mas sigo seus textos sempre. Não se preocupe: todos estamos, de um modo ou de outro, no mesmo barco. Às vezes a alegria desembarca, mas nós seguimos esperando encontrá-la em um outro porto. Gosto de voce. Assim.Assim. Sem tirar nem por.
Fotos deslumbrrrrannnnnntes!
Bj