Foto de Josaine Rosinski
Tacou açúcar no café forte, não aguentou beber a amargura, tacou mais um pouquinho. Derramou um pinguinho de leite frio. Mexendo com a colher, fez uma melodia arranhada no fundo da caneca. Golou tudo de vez como remédio ruim e saiu sozinho a caminhar pela cidade vazia.
É verdade que aqui pode-se sair sem medo, andando não importa a hora. Ontem repetiu o ato depois dos aplausos. Bebeu vinho, comeu alguma coisa, cumprimentou os presentes e partiu. Todos disseram da beleza do trabalho. Seu coração permaneceu neutro como antes não acontecia. Preferiu isolar-se com certa alegria, mas sem a euforia de estréia. Sentou-se a beira da água gelada, soltou fumaça pelas fuças e voltou ao alojamento. Acordou agora depois desse café de bêbado.
6 comentários:
lindo, queridíssimo EDU!
Opa! Que gole implacável!
Beijos Edu!
belissimo texto! bebe-lo-ia, se liquido fosse!
Foi gostoso ler esse texto, Edu.
Belo texto sobre a solidão.
Olha que eu não gosto de café, mas esse café de bêbado foi muito bom de degustar. rs
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