quarta-feira, 1 de abril de 2009

Divã

Minha experiência com terapeutas sempre foi muito boa. Teve apenas um que eu odiava porque entrava mudo e saía calado e eu passava a sessão inteira contando como foi minha semana. Quando decidi me livrar daquilo, disse que não queria mais passar minha agenda a ele e que não voltaria mais. Analista freudiano é uma coisa, viu? Nem assim o homem falou nada. Meu travesseiro era melhor para mim pois ele sabia o eu sonhava, o que eu chorava, o que eu sentia...

Depois de um tempo descobri Zezé e este encontro foi tão importante que ontem me deu uma saudade dela. Assisti a pré-estréia de Divã, filme de José Alverenga Jr. com a maravilhosa atriz Lilia Cabral. Filme simples, sem pretensão, com diálogos ótimos e um texto muito belo. Com sutililezas encantadoras. Não é um filme que queira concorrer ao Oscar, não tem malabarismos estilísticos, não... tem apenas uma grande atriz contando uma estória junto com uma turma excelente.

Mercedes, a personagem de Lilia, entra num consultório parecido com o meu primeiro terapeuta e no filme, assim como na vida real (pelo menos a minha) não ouvimos a voz do analista, mas para ela há transformações incríveis e em mais de dois anos de encontro pudemos comprovar o quanto somos complexos mesmo tendo uma vida "aparentemente" simples e feliz.

Zezé, coitada, pegou uma batata quente comigo. Cheguei com um drama de vida, beirando a depressão e era choro para mais de um ano. Terapeuta sofre, viu? Mas com ela pude encontrar em mim a beleza que eu havia perdido, ela conseguiu me orientar para um aconchego em mim mesmo. Sinto-me mais fortalecido, mais confiante. Eu também pedi alta a Zezé, mas não era para me livrar dela, eu estava viajando muito, faltando as sessões. Eu já tinha me livrado daquele peso que me levara ao encontro com ela.

Ontem senti vontade de encontra-la, receber teu abraço e sorriso tão carinhosos e agradecer pelo divã/colo/ouvidos tão importantes em minha vida até hoje.

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