Volta e meia "estou" Judite, isso quer dizer: quero chorar e não consigo. Tenho sentido isso inúmeras vezes e a lágrima até beira a borda dos olhos, mas não cai. Talvez porque saiba que caindo é o fim. Fim do nó na garganta. Fim desse gosto dela na boca. Fim de algo que pretende transbordar há anos e não transborda. O Chico secando e eu aguando. O Sena me secou e meu Subaé transbordou em 1989 e eu nem sabia que eu mesmo iria vazar tantas vezes.
Hoje assistindo à minissérie Queridos Amigos, que se passa no ano de 89, vazei, chovisquei um pouco.
Tenho andado muito sensível, eu acho. Tenho ficado muito reflexivo e uma amiga costumava me dizer, "pra que pensa, filho?". Deveria levar mais a sério essa brincadeira dela. Deveria lembrar que era advertência de amiga e não pensar tanto. Vazei com a minissérie como tenho querido vazar na vida. Existem muitas emoções contidas, reprimidas e meu corpo não está acostumado a isso. Logo eu que sempre fui trovoada, tempestade de lágrimas, ando pingando como a pia quebrada da cozinha. Há que se consertar as torneiras. Há que se dar nós em pingos d'água.
Minha água passeia em mim como que fervesse e embrulhasse tudo aqui dentro. Não é só tristeza que me causa isso, tenho estado emocionado também pela vida, pelas conquistas, pelo amor.
Pela vida que está chegando e tem um pouquinho de mim, porque minha irmã que é uma vida tão grande está carregando outra vida que ainda está pequena e certamente florescerá como uma linda árvore. Isso tem me sensibilizado em particular. Me pego pensando no processo belo e alucinante da vida que se transforma até o envelhecimento. Penso numa pessoa velha que nem nasceu ainda e choro imaginando as expressões, os sonhos, as demonstrações de afeto, os sorrisos... ahhh, os sorrisos!!! que sejam muitos, que venham aos milhões!!!
ao mesmo tempo que penso na morte, na dor, na solidão... e acho bárbaro estar vivo. acho um belo gosto para manter na boca.
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