quinta-feira, 12 de julho de 2012

Um sorriso... uma Dança

Há 10 anos eu fazia meu primeiro espetáculo em Sto Amaro. Na verdade já havia me apresentado com o Grupo Sobre Rodas...? dois anos antes uma coreografia de Rita Spinneli e Samara Martins. Este, de 2002, era o primeiro que idealizei junto com o Grupo X e especialmente para minha cidade. O trabalho chamava-se "Um Canto, Um Sorriso... Uma Dança para Edu". Nele revivíamos uma trajetória, relembrávamos personagens da minha vida. Meu avô havia falecido no ano anterior e David Iannitelli fez uma cena como se fosse meu velho, tão perfeita, que parecia que ele estava ali.

Foi um encontro de amigos que se reuniram para angariar fundos para uma nova cadeira de rodas, pois a minha estava velha, precisando trocar. Foi daí que conheci Cazuza Sinclair, que hoje dança com Judite.

Muita gente em cena, doando talento e amor: Fafá Daltro, David, Clênio Magalhães, o Grupo Sobre Rodas...?, Taís Lopes, Marcelo Jardim, Andréa Daltro, Ricardo Bordini, Mariene de Castro, Edu Alves, Stella Maris, Cidinho, Cristina, Tia Tereza, Paulo Pilha, João Paim, Valmir.

Mauro, meu primo, fez a arte gráfica com uma colagem minha de um homem voando com asas de água. Mainha enfeitou o palco com flores gigantes. Pá ajudou na produção e depois ganhamos um jantar farto, na casa de Makiba, com comidas deliciosas presenteadas por muitas amigas. O teatro lotou precisando colocar cadeiras extras.

Tenho saudade dessa época em que fazíamos altas produção sem dinheiro nenhum. Conseguíamos coisas que hoje, com todos os apoios, não conseguimos. Era mais difícil, claro, mas nem por isso com menos qualidade.

Muitas pessoas da cidade que depois assistiram aos outros trabalhos que apresentamos por lá, sempre se referem a este espetáculo com lembranças emocionadas. Bom saber que tocamos em pontos importantes através da arte.

Haviam cenas lindas! Fafá e David nas cordas e roldanas, voando pelo palco do Teatro Dona Canô; Clênio de perna-de-pau, Stellinha cantando Relicário; Edu homenageando Cazuza com Bete Balanço; a janela que descia do teto comigo pendurado nela (quase nave da Xuxa) com Taís e Marcelão cantando uma música linda; o video que produzimos na feira, na casa de meu avô, no boteco que ele frequentava e nós (eu, David e Fafá comendo pipoca); Mariene adentrando o teatro gritando "Eu vou te dar alegria...."; Tia Tereza cantando Sertaneja, música preferida de meu avô; Cidinho (médico da família) e Cristina nos embalando com Fascinação....

Hoje estou voltando à minha terra para apresentar os meus principais projetos "Judite quer chorar, mas não consegue!" e "Odete, traga meus mortos", na companhia de meu querido Lucas Valentim que presentará a cidade com o seu lindo "Troca imediata de saliva e suor". Estou emocionado como há 10 anos. Judite muita gente já conhece, mas sempre é novo e sua platéia repetente é fiel. Odete será a primeira vez que conhecerá as pessoas que ouve falar nas confissões, os lugares, a casa, as ruas.... Será um momento muito especial poder contar esta história para os meus, compartilhar com eles as ausências, as saudades, as nossas mortes diárias. E assim como nas noites no adro da igreja, teremos o violão e a voz de Edu Alves para acalentar Odete, enquanto ela conta estrelas.

O Solar Paraíso será o anfitrião deste momento, casarão antigo da cidade, cheio de histórias e de gente.

Não queria que ninguém perdesse.

Solar Paraíso

2 comentários:

CEM PALAVRAS disse...

Eu estive lá!!! Pôxa, já faz dez anos?!?
Ainda me emociono ao lembrar daquele espetáculo. Lindo demais!
beijos, amore mio.

Melk disse...

Lindo texto, Edu! Embora seja sempre redundante dizer que as suas coisas são lindas. Beijão