sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Rio da minha aldeia - Coisas de Sto Amaro


O Rio Subaé é cantado em verso e prosa por sua sujeira, poluição, enchentes... Eu quero lembrá-lo pela beleza calada e quieta e constante a nos vigiar. Ninguém que não seja santamarense poderá entender o que este rio significa para cada um de nós daquela cidade, Santo Amaro.

Hoje tive a feliz surpresa de ver pelo Canal Brasil, o documentário "Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda". Emocionante a relação dela com o lugar, com sua mãe e a música. Eu ainda não tinha assistido a este filme, mas como sabemos que tudo tem seu momento, hoje era o meu de ver aquilo e me emocionar como me emocionei. Num determinado instante do vídeo, Bethânia recita este poema de Antônio Caeiro, enquanto passam imagens lindas do Subaé. E eu enchi, enchente de 1989. Passei por alguns rios grandiosos, famosos do mundo e foi exatamente assim que senti.

O Tejo é mais belo
Alberto Caeiro

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,
O Tejo tem grande navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

2 comentários:

Ana Ribeiro disse...

MARAVILHOSO!!!
Só quem nasceu nesta Terra sabe o sentido de ser Santoamarense!

CEM PALAVRAS disse...

Hoje não vou precisar usar colírio.
Meus olhos já estão úmidos.