sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Meu primeiro concurso público com minha mãe

Estávamos recém-chegados a Salvador, quando vim fazer a Faculdade de Belas Artes na UFBA. A ansiedade da família para que eu conseguisse emprego era grande, especialmente minha mãe que me via saindo muito com amigos, aproveitando tudo da capital, sem dar sinal de interesse por maiores responsabilidades. Foi quando surgiu um concurso público para pessoa com deficiência trabalharem nos Correios.

Minha mãe saiu correndo para fazer a inscrição, ficou mais nervosa do que eu. Fiz bem a prova escrita e segui para a segunda etapa que era uma entrevista com Assistente Social do IBR. Perdi aula e fui em companhia de minha mãe que também achou prudente entrar comigo na sala onde haveria a conversa. A mulher começou as perguntas de praxe: Nome, idade, endereço, formação..... Perguntou outras coisas e culminou na "O que você gosta de fazer?". Minha não satisfeita em ter respondido a todas, TODAS as perguntas, sem dar bola para os meus rabos-de-olho, sem pensar no que aquilo poderia resultar, ficou eufórica e orgulhosa disse:

- Ahhhhh!! Ele é muito farrista. Adora chegar de manhã em casa, se junta com a turma e bebe todas....

Eu, morrendo de vergonha, sussurrei um "maiiiiiinhaaaaa". Ralo! Estava destruída a chance de meu primeiro emprego.

Recebemos dias depois um comunicado me convidando a outra entrevista com uma psicóloga, para definir a contratação. Eu havia passado em primeiro lugar. "O candidato tem todas as qualidades exigidas, é muito inteligente, mas não tem autonomia". Choramos de rir até hoje com isso, porque eu posso ser burro, ignorante, retardado, mas não ter autonomia é demais.

Entreguei o documento como um diploma a minha mãe; "parabéns, mainha, a senhora passou em primeiro lugar!"

Chovia muito no dia da entrevista com a psicóloga, mas preferi não arriscar, pedi a mainha que fosse fazer umas compras no centro, dei uma lista enorme para ficar bastante ocupada enquanto eu fazia a última etapa do concurso.

Infelizmente não fiquei no emprego, a remuneração era muito baixa e eu pagaria para trabalhar por causa do transporte. Mas valeu a comédia da vida diária!

3 comentários:

Cléa disse...

Por essas e outras é que eu amo Dino!!!!!! hahahahahahahaha...

Cléa disse...

Por essas e outras é que eu amo Dino!!! hahahahahahaha...

Bípede Falante disse...

Uma história e tanto, Edu :)