quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Eu sou VIP

Passei na porta do Iguatemi agora e vi, como tenho visto pela cidade, que o "2222 é a grife da alegria". Fiquei pensando, tentando entender o que isto significava. Não, não estou fora da realidade e sei que às vésperas do carnaval essa frase se refere ao camarote do ex-ministro (graças a Deus!!!!). Não é sobre o 2222 que eu tentava entender, era sobre a "grife da alegria". De que alegria eles estão falando? Grife?

Acho que nunca serei VIP. Não tenho alma de grife. Não gosto de fingir passar um carnaval na Bahia ouvindo música eletrônica (que eu adro!), em cima de tudo/todos, sem pisar a rua porque uma Besta vem me pegar e levar, não sentir a gente que pula e faz o carnaval. O que fazem aqui no carnaval?

Vi Cléo Pires cheia de segurança do ex-ministro no meio do povo, saindo do espaço reservado aos escolhidos na frente do trio, se dirigindo ao camarote. Para que aqueles seguranças? O que faz aqui no carnaval? Se não quer ver/sentir gente por que não assiste de casa?

O que leva uma pessoa patrocinar isso? Esbanjar tanta comida para quem já ta cheio de comida?

Os milhões que este povo recebe, não daria para fazer uma ação melhorzinha? Pagar melhor aos cordeiros que ganham 10 reais o dia seria uma boa idéia. Dar um lanche melhor a esses trabalhadores que agridem seus iguais em detrimento do bacana que está dentro, seria bom também. Me assustei quando vi cena igual a isto: Um bando de gente pobre batendo nos pobres que se ousavam a encostar ali. Eles de costas para o bloco, surrando, só vendo quem estava fora. Eles sabiam quem estava dentro? Alguém sabe do que estou falando? Eles vêem o carnaval? Eu, pobre, vi e não gostei mais do carnaval.

Sou pipoqueiro! Adoro trio independente e me arrependi de duas vezes que quis tirar onda de bacana indo a camarote convidado por amigos. Não gosto de ser Noé. Ver a miséria pegar fogo lá em baixo e eu em cima da arca protegido de tudo. Que ilusão!!!

Desceu, acabou o carnaval, Rapunzel perdeu sua torre e acabamos todos no mesmo nível e alguns acabam mais embaixo.

É, sou pobre, tenho alma de gente! Sou VIP!

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito, muito bom o seu texto.
Também fui conhecer camarote. Imagine se eu ia gostar... eu que sou do tempo dos beijos na Praça Castro Alves. Xô camarote!
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Claro que conheci Rudá, aquela maravilha. Fantasiado de índio no grito de carnaval organizado pela avó dele em casa de "vovó" Mabel. Ele parece com o tio. Lindos os dois!