domingo, 9 de dezembro de 2007

A informalidade dos "Direitos Humanos"

Aos amigos queridos, amados, grandes, verdadeiros, de perto e de longe, meu amor eterno. Especialmente aos baianos, mas desculpem se não falarei de flores mais uma vez.

Não sei o que nos faz mudar tanto e agradeço que isso aconteça sempre comigo, porque demosntra que não fico estagnado em conceitos, que posso me adaptar às mudanças e aceitar o novo, mas ultimamente tem sido uma coisa muito forte em mim: a reação que tenho em relação a coisas que antigamente não incomodavam tanto ou, pelo menos, não me agrediam como agora.
Hoje resolvi sair da minha greve de "baianidade" (que comecei depois do fato do PROCON) e fui para o evento dos "Direitos Humanos" no Farol da Barra pensando que seria uma coisa diferente dos carnavais que acontecem durante todo o ano em Salvador. Qual nada, meus queridos!! Tudo aqui acaba na mais banal festa e num vazio entristecedor. Enquanto grandes artistas se apresentavam e falavam coisas tão importantes, a multidão conversava alto e bebia e gritava e se esbarrava e me irritava. Há pessoas que dizem que eu voltei metido das viagens, bem ao estilo "disseram que voltei americanizado...", mas refleti bastante sobre isso e como disse no início, que bom que mudei, que bom que posso melhorar, que bom que meu senso crítico está maior. Sabem aquele absurdo que me aconteceu no Procon? Pois bem, penso que tudo está ligado a uma única coisa: a maneira informal como tudo aqui na Bahia funciona. Hoje no Farol da Barra, por exemplo, havia um número infernal de ambulantes, frutos da falta de oportunidade e de emprego e da péssima qualidade da nossa educação, consequência disso, pessoas quase debruçadas nos isopores bêbadas, sem saber o que faziam ou o que representava aquele evento. Consequência em mim? Pessoas que por tudo ser tão informal se acham amigas de infância e me obrigam ora a ser simpático, ora a ser estúpido. Um chato virou para meu companheiro e dizia que ele deveria sair comigo todos os dias para passear se tivesse oportunidade, como se eu fosse um cachorro sem vontade própria e que devesse ouvir os "conselhos amigos" desse cidadão bêbado e incoveniente. Eu para não bater na cara dele, nem o olhei, porque, se não, depois do tapa eu diria que se ele tivesse oportunidade não deveria sair nunca de casa. Outra senhora achando estar me elogiando e me valorizando, apontava para mim e dizia: ele ta aqui fazendo festa, enquanto o outro está em casa. É algo extraordinário eu sair e fazer festa? Durante a minha vida sempre fiz farra, festa. sempre chorei e ri. sempre amei e odiei. sempre fui humano. Outra num determinado momento queria tirar meu chapéu e usar só um pouquinho. Por que todo mundo se acha meu íntimo? Por que me tratam como criança ou incapaz? Por que não respeitam minha barba e meus cabelos brancos? Sim, amigos, eu já tenho cabelos brancos e uma barba cheia e pensamentos de adulto e trabalho e pago as contas como adulto.
Dentro da festa dos Direitos Humanos me senti desrespeitado e invadido mais uma vez. Lamentavelmente, tenho repetido coisas tristes, porque as pessoas não percebem que não sou obrigado a aturá-las e tudo isso se reflete como os serviços públicos e os serviços em geral nos tratam (deficientes). Essa informalidade e simpatia hipócrita, essa amizade forçada, essa camaradagem, esse "ta tudo bem", definitivamente, essa "baianidade" não dá para mim, porque na terra de encantos e axés, o que fica evidente é essa falta de senso e o despreparo em saber dissernir o público do privado, o limite do outro, o respeito pelo espaço alheio. Vou voltar à minha greve, vou voltar para meu casulo e espero só sair dele quando for para longe.

Não voltei americanizado, mas também não vou ficar aturando baiano chato e burro.

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