quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

This Love

Às vésperas de mais uma viagem longa e distante, me ponho a lembrar da minha primeira saída de casa para demorar mais do que uma semana. Conhecendo lugares nunca imaginados, línguas nunca faladas nem beijadas, caras, jeitos, sabores, odores, as cores... AS CORES!!!! roupas, ruas, matos... estradas... céu azul de sol a pino e frio... O FRIO!!!! chegada de verão e aos poucos o calor... O CALOR!!! amigos novos, antigo amigo-irmão. La Seyne, Marseilles, Sanary... Lisboa, Madeira, Funchal... Munster, Colônia, Berlim... encantos, amores, desentendimentos, briga feia, expulsão, acolhimento... estacionamento, boate, escada, parque... loucura, bebedeira e tanta coisa, tanta gente... muitas reticências.

Esta viagem me marcou profundamente e até hoje acho que viajo aquela viagem. O retorno nunca mais foi nem será o mesmo. A forma de viajar também. O que vejo, o que sinto, o que sei... sempre as reticências.

Esta música do Maroon 5 é a trilha sonora mais marcante, mais lembrada, mais sentida. Representa tanto e ele (o cantor) corresponde aos sonhos vividos naquela Europa que nunca mais foi a mesma depois de 2004.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

As canetas de Roberto Carlos

Eu não gosto de publicar os textos de um blog no outro, cada um tem sua função e finalidade, tem um discurso que eu quero defender, mas tem assuntos que passeiam por esses interesses e acabam confluindo e por isso, publico aqui um que escrevi para O Corpo Perturbador, porque tem pessoas que visitam o Monólogos e não aquele e também o Mínimo Ajuste que não conhecem os meus pessoais. Por isso hoje, será um festival das "Canetas de Roberto Carlos", para que possamos pensar juntos.

Não é nenhuma novidade nem surpresa a rapidez como as coisas acontecem na internet. Todos os dias, ao entrarmos nesse universo, somos tomados por informações e "febres" que se proliferam velozmente e depois acabam na mesma rapidez. Hoje é um dia em que uma simples foto causou furor no facebook. Me refiro a uma imagem do cantor Roberto Carlos vestindo bermuda e portanto, expondo a prótese que utiliza na perna direita, consequência de uma amputação causada por um acidente com um trem quando era menino.

Se observarmos esta imagem que publico aqui, veremos a quantidade absurda de mais de 3.000 compatilhamentos da foto somente nesta rede social. O que me motiva a escrever sobre isso no blog não é nehuma crítica ou julgamento pela euforia causada por uma simples imagem. É tentar refletir o porque disso acontecer. A deficiência de Roberto Carlos não é assunto novo, nem tampouco ele tenha tentado escondê-la durante toda sua carreira. Inclusive, eu admirava muito o fato dele ser o maior ídolo da música brasileira, tendo uma deficiência e não ser referenciado por isso. Ao contrário de outros tantos artistas e atletas que não conseguem largar este estigma da deficiência e superação. O simples fato de RC nunca ter mostrado as próteses me parece fato normal. Eu também não saio por aí com as canetinhas de fora e nem por isso é recalque, vergonha, complexo. O que aconteceu hoje mostra que ele poderia estar certo, porque as pessoas se ligam numa coisa sem sentido, jogaram a atenção toda para uma perna mecânica, fora os comentários ridículos, como este primeiro onde a fã diz "Tadinho.... amo ele!". Tadinho por que? Outra diz "que sirva de exemplo de superação" e por aí vai. Ele está superando o que ali?

Me pergunto constantemente: o que essas pessoas têm na cabeça? O que pensam? Qual a importância disso? Não são perguntas de revolta, viu? Quero deixar claro porque sei que sou brigão e às vezes o tom fica de briga, mas aqui é simplesmente não entender mesmo. Repito: qual a importância disso?

Ele deixou de ser o Rei? Suas músicas deixam de ter a importância que têm? Se cria uma fissura em sua imagem porque mostra uma prótese que todo mundo já sabia que existia? Há quem prefira acreditar que é uma foto fake. Para mim, pouco importa. Se é montagem, se não é... "se chorei ou se sorri"... se ele usa bermuda, calça, calção, cueca. Se alguém gosta de mulher ou homem. Se usa tatuagem, piercing, cabelo azul. Cada um é cada um e sosmos iguais justamente porque somos tão diferentes.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A exclusão verdadeira

NAÇÕES UNIDAS - DIA INTERNACIONAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA - 03 de Dezembro
Mensagem de Ban Ki-moon - Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência
Tema: "Juntos por um Mundo Melhor: Incluindo Pessoas com Deficiência no Desenvolvimento"
Tradução: Romeu Kazumi Sassaki

Passaram-se 30 anos após as Nações Unidas comemorarem pela primeira vez o Ano Internacional das Pessoas com Deficiência, então focando o tema "Participação Plena e Igualdade". Durante este lapso, foram alcançados notáveis avanços na tarefa de divulgar os direitos das pessoas com deficiência e fortalecer o marco normativo internacional para a realização destes direitos, desde o Programa de Ação Mundial para as Pessoas Deficientes (1982) até a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006).

Cada vez mais países se comprometem a proteger e promover os direitos das pessoas com deficiência. Não obstante, muitas tarefas permanecem pendentes. As pessoas com deficiência apresentam os índices mais altos de pobreza e de privações; e a probabilidade de que não tenham atendimento médico é duas vezes maior. Os índices de emprego das pessoas com deficiência em alguns países chegam a apenas um terço dos da população geral. Nos países em desenvolvimento, a diferença entre os índices de frequência à escola primária das crianças com deficiência e os de outras crianças se situa entre 10% e 60%.

Essa exclusão multidimensional representa um altíssimo custo, não apenas para as pessoas com deficiência, mas também para toda a sociedade. Este ano, a celebração do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência nos relembra que o desenvolvimento só poderá ser duradouro se for equitativo, includente e acessível para todos. É, portanto, necessário que as pessoas com deficiência estejam incluídas em todas as etapas dos processos de desenvolvimento, desde o início até as etapas de supervisão e avaliação.Corrigir as atitudes negativas, a falta de serviços e o precário acesso a eles, e superar outros obstáculos sociais, econômicos e culturais, redundarão em benefício de toda a sociedade.

Neste Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, faço um apelo aos governos, à sociedade civil e à comunidade internacional para que trabalhem em benefício das pessoas com deficiência e colaborem com elas, lado a lado, a fim de alcançarem o desenvolvimento includente, sustentável e equitativo em todo o mundo.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Mulher da vida

Cora Coralina

Mulher da Vida, minha Irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades e
carrega a carga pesada dos mais
torpes sinônimos,
apelidos e apodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à-toa.
Mulher da Vida, minha irmã.
Pisadas, espezinhadas, ameaçadas.
Desprotegidas e exploradas.
Ignoradas da Lei, da Justiça e do Direito.
Necessárias fisiologicamente.
Indestrutíveis.
Sobreviventes.
Possuídas e infamadas sempre por
aqueles que um dia as lançaram na vida.
Marcadas. Contaminadas,
Escorchadas. Discriminadas.
Nenhum direito lhes assiste.
Nenhum estatuto ou norma as protege.
Sobrevivem como erva cativa dos caminhos,
pisadas, maltratadas e renascidas.
Flor sombria, sementeira espinhal
gerada nos viveiros da miséria, da
pobreza e do abandono,
enraizada em todos os quadrantes da Terra.
Um dia, numa cidade longínqua, essa
mulher corria perseguida pelos homens que
a tinham maculado. Aflita, ouvindo o
tropel dos perseguidores e o sibilo das pedras,
ela encontrou-se com a Justiça.
A Justiça estendeu sua destra poderosa e
lançou o repto milenar:
�;Aquele que estiver sem pecado
atire a primeira pedra�;.
As pedras caíram
e os cobradores deram s costas.
O Justo falou então a palavra de eqüidade:
�;Ninguém te condenou, mulher...
nem eu te condeno�;.
A Justiça pesou a falta pelo peso
do sacrifício e este excedeu àquela.
Vilipendiada, esmagada.
Possuída e enxovalhada,
ela é a muralha que há milênios detém
as urgências brutais do homem para que
na sociedade possam coexistir a inocência,
a castidade e a virtude.
Na fragilidade de sua carne maculada
esbarra a exigência impiedosa do macho.
Sem cobertura de leis
e sem proteção legal,
ela atravessa a vida ultrajada
e imprescindível, pisoteada, explorada,
nem a sociedade a dispensa
nem lhe reconhece direitos
nem lhe dá proteção.
E quem já alcançou o ideal dessa mulher,
que um homem a tome pela mão,
a levante, e diga: minha companheira.
Mulher da Vida, minha irmã.
No fim dos tempos.
No dia da Grande Justiça
do Grande Juiz.
Serás remida e lavada
de toda condenação.
E o juiz da Grande Justiça
a vestirá de branco em
novo batismo de purificação.
Limpará as máculas de sua vida
humilhada e sacrificada
para que a Família Humana
possa subsistir sempre,
estrutura sólida e indestrutível
da sociedade,
de todos os povos,
de todos os tempos.
Mulher da Vida, minha irmã.

A minha prostituta - tela de João Alves